quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Lição 6: Santificarás o Sábado




1º Trimestre de 2015
Lição 6
8 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 6: Santificarás o Sábado


TEXTO ÁUREO
"E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado." (Mc 2.27) [Em complemento a este estudo, sugiro a leitura do artigo “O Sábado foi feito para o Homem ou para o Judeu?”, do Centro Apologético Cristão de Pesquisas: http://www.cacp.org.br/o-sabado-foi-feito-para-o-homem-ou-para-o-judeu/]

VERDADE PRÁTICA
O quarto mandamento envolve os aspectos espiritual e social, diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e ao mesmo tempo com o próximo.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 2.2
Deus descansou no sétimo dia da criação
S
Terça - Êx 16.29,30
O sábado é um presente de Deus para o povo de Israel
T
Quarta - Rm 14.5,6
A fé cristã é isenta de toda forma de legalismo
Q
Quinta - Êx 23.12
O sábado foi dado a Israel para descanso
Q
Sexta - Cl 2.16,17
A lei, juntamente com o sábado legal, foi encravada na cruz
S
Sábado - Hb 4.8
O sábado institucional se cumpre na vida da Igreja
S


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.8-11; 31.12-17
Êxodo 20:8-11
8. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
9. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.
10. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
11. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.
Êxodo 21:12-17
12 ¶ Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:
13 Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica.
14 Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo.
15 Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá.
16 Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua.
17 Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se.

OBJETIVO GERAL

Compreender o significado do sábado para os cristãos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
  • I.    Analinsar o conceito do sábado.
  • II.   Considerar a forma da instituição do sábado.
  • III.  Explicar os aspectos legais e cerimoniais do sábado.
  • IV. Destacar o preceito cerimonial.
  • V.  Apresentar Jesus como o Senhor do Sábado.

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COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

As controvérsias deste mandamento giram em torno da sua interpretação. Temos aqui a relação trabalho-repouso e ao mesmo tempo o relacionamento de Deus com Israel. A necessidade de um dia de repouso após seis jornadas de trabalho é universal, mas o sábado é um presente de Deus para Israel. O mandamento de santificar o sábado é mais bem compreendido quando se conhece o propósito pelo qual ele foi dado. [Comentário: Foi dito na primeira lição que as tábuas da Lei possuem 4 mandamentos em uma tábua e 6 em outra e que os quatro primeiros se referem ao relacionamento do homem com Deus, e os outros seis dizem respeito ao relacionamento com nossos semelhantes. O quarto mandamento se coloca, em termos de relacionamento vertical e horizontal, nos dois planos, é uma ponte que liga os mandamentos teológicos com os mandamentos éticos. Ele possui caráter social e humanitário e também função religiosa. Muitas são as controvérsias em torno deste mandamento, e todas se referem à sua interpretação. O Pr Esequias Soares, comentarista deste trimestre, informa o seguinte a esse respeito: “O que acontece é que existe o sábado institucional e o sábado legal, e quem não consegue separar estas duas instituições terminam radicalizando indo aos extremos. Esse é o principal problema dos sabatistas da atualidade, como os adventistas do sétimo dia. Todos os mandamentos do Decálogo dependem de definições e de como aplicá-los na vida diária, e essas instruções são dadas no próprio sistema mosaico. Mas as definições nem sempre são conclusivas. Por exemplo, o que a Bíblia define como trabalho?” Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 61-62. O quarto mandamento será melhor entendido quando analisarmos o propósito para o qual ele foi dado.]  Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!

I. O SÁBADO DA CRIAÇÃO

1. O shabat. Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou (Gn 2.2,3). Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal. O sábado legal não foi instituído aqui; isso só aconteceu com a promulgação da lei. O substantivo shabbat, "sábado", não aparece aqui, na criação. Surge pela primeira vez no evento do maná (Êx 16.22, 23). A Septuaginta emprega a palavra sabbaton, "sábado, semana", a mesma usada no Novo Testamento grego.  [Comentário:  Shabat (hebraico שבת, shabāt, "descanso/inatividade"), é o nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de Criação. A palavra hebraicaשבת, shabāt, tem relação com o verbo שבת, shavāt, que significa "cessar", "parar". Apesar de ser vista quase universalmente como "descanso" ou um "período de descanso", uma tradução mais literal seria "cessação", com a implicação de "parar o trabalho". Portanto, Shabat é o dia de cessação do trabalho; enquanto que descanso é implícito, mas não é uma denotação da palavra em si. O Pr Esequias Soares, em obra já citada anteriormente, sobre o sábado, diz o seguinte: “O sábado e a semana tiveram a sua origem em Deus. A divisão hebdomadária (adj. Semanal; que se realiza, acontece ou surge a cada semana; que se refere à semana, observação nossa.)do tempo aparece desde os dias pré-diluvianos e no período patriarcal (Gn 7.4, 10, 12; 29.27, 28). Mas a semana na Mesopotâmia seguia as fases da lua, por isso nem sempre o sábado coincidia com o sétimo dia. A semana dos egípcios era de dez dias. Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal.”Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 61-62..  O sentido de Shabat aqui é cessar, logo é sinonimo de cessar de criar indicando a obra concluída e não um período de ociosidade, pois segundo se infere dos textos de Is 40.28 e Jo 5.17, Deus não descansa, Ele continua ativo sustentando todas as coisas (Hb 1.3)]

2. Deus concluiu a criação no dia sétimo. Deus completou a sua obra da criação no sétimo dia. Deus "descansou" ou seja, cessou, é o significado do verbo hebraico usado aqui, shabat, "cessar, desistir, descansar" (Gn 8.22; Jó 32.1; Ez 16.41). Esse descanso é sinônimo de cessar de criar, e indica a obra concluída. Não se trata de ociosidade, pois Deus não para e nem se cansa (Is 40.28; Jo 5.17).  [Comentário:  Dada a explicação do subtópico anterior, acrescento que Jesus também assentou-se à destra de Deus depois de concluir a obra da redenção (Hb 8.1; 10.12). Ainda na obra suprareferenciada, do Pr Esequias Soares, ele afirma que “A expressão ‘acabado no sétimo dia’ parece indicar que houve mais alguma atividade de Deus na criação nesse dia. É o que pensam muitos expositores da atualidade. Deus terminou a sua obra no dia sexto – segundo a Septuaginta e o Pentateuco Samaritano”.]

3. A bênção de Deus sobre o sétimo dia. Ele abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, na dispensação da inocência, mas isso foi interrompido por causa do pecado. Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, e afirma que Deus o santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro XIII, 36). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus ao mundo inteiro no fim dos tempos: "Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus" (Hb 4.9). [Comentário:  “Deus abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, a dispensação da inocência, interrompido por causa do pecado. Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, pois Deus o santificou para que ele permanecesse para sempre: "Ora o sétimo dia não tem crepúsculo. Não possui ocaso porque Vós o santificastes para permanecer eternamente" [Confissões, Livro XIII.36). Adão e Eva viveram esse repouso durante a inocência até a Queda: "Foi o princípio e o tipo de repouso ao que a criação, depois que caiu da comunhão com Deus pelo pecado do homem, recebeu a promessa de que uma vez mais seria restaurada pela redenção, em sua consumação final" (KEIL & DELITZSCH, tomo 1, 2008, p. 41). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus para o mundo inteiro no fim dos tempos: "Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus" (Hb 4.9). O sábado legal não foi instituído aqui. Isso só aconteceu com a promulgação da lei. O sétimo dia é o fundamento da guarda do sábado dada aos israelitas, visto que este dia foi santificado desde o princípio do mundo. O sábado institucional é para toda a humanidade e por isso Deus o santificou antes de estabelecê-lo como mandamento para Israel. "A santificação do sábado institui uma ordem para a humanidade segundo a qual o tempo é dividido em tempo e tempo sagrado... Por santificar o sétimo dia, Deus instituiu uma polaridade entre o dia a dia e o solene, entre dias de trabalho e dias de descanso, a qual deveria ser determinante para a existência humana" (WESTERMANN, 1994, p. 171). O sábado institucional não é necessariamente o sétimo dia da semana, mas um a cada seis dias”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 65-66.]

PONTO CENTRAL
Encarar o sábado não como a letra da Lei, mas um princípio dado por Deus ao ser humano para desfrutar do descanso semanal.

SÍNTESE DO TÓPICO I
A base institucional e legal do sábado foi a celebração de Deus no sétimo dia, após a criação.  O Criador abençoou e santificou esse dia.

CONHEÇA MAIS
*Patriarca
Título que descreve o chefe ou o fundador de uma
família ou tribo do Israel Antigo. Três são os pricipais patriarcas de Israel: Abraão, Isaque e Jacó (Hb 7.4; At 7.8,9). Também se aplica aos 12 filhos de Jacó e ao rei Davi, devido à linhagem messiânica. Esses personagens remontam à era patriarcal da  história de Israel.
Leia mais em História de Israel no Antigo Testamento


II. O SÁBADO INSTITUCIONAL

1. Desde a criação. É o sábado para descanso de todos os povos. É uma questão moral que Deus estabeleceu para a raça humana ao comemorar a criação. Tornou modelo e uma forma natural para toda a raça humana. É a ordem natural das coisas: os campos precisam de repouso, as máquinas necessitam parar para manutenção e assim por diante (Lv 25.4). O sábado institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser qualquer dia ou um período de descanso (Hb 4.8).  [Comentário:  Solano Portela escreve em seu artigo ‘O Quarto Mandamento’, o seguinte: “Em nossas bíblias o quarto mandamento está redigido assim – "Lembra-te do dia de sábado para o santificar...". A palavra que foi traduzida "sábado", é a palavra hebraica shabat, que quer dizer descanso. É correto, portanto, entendermos o mandamento como "... lembra-te do dia de descanso para o santificar". Esse "dia de descanso" era o sétimo dia no Antigo Testamento, ou seja, o nosso "sábado". No Novo Testamento, logo na igreja primitiva, vemos o dia de ressurreição de Cristo marcando o dia de adoração e descanso. Isso é: o domingo passa a ser o nosso "dia de descanso". Os apóstolos acataram esse dia como apropriado à celebração da vitória de Jesus sobre a morte (At 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10). A igreja fiel tem entendido a questão da mesma maneira, ou seja: não é a especificação "do sétimo", que está envolvida no mandamento, mas o princípio do descanso e santificação” Presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, membro da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro-SP. http://www.monergismo.com/textos/dez_mandamentos/quarto_solano.htm.]

2. Não era mandamento. O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a Deus.  [Comentário:  O Pr Esequias Soares comenta o seguinte: “O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do descanso de toda natureza, homem, animal, máquina, agricultura. O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação, mas para que nesse dia todos cessem o trabalho tendo em vista o descanso físico e mental e também o culto de adoração a Deus. É importante que todos os seres humanos possam refletir que o universo foi criado por um Deus pessoal, Todo-poderoso, sábio e transcendente, que planejou todas as coisas que foram criadas. Parece que esse dia foi logo esquecido pelo gênero humano, mas há resquício dele em muitos povos da antiguidade.” Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 63-65.]

3. Os patriarcas não guardaram o sábado. O livro de Gênesis não menciona os patriarcas* Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado. Segundo Justino, o Mártir, Abraão e seus descentes até o Sinai agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo com Trifão 19.5). Irineu de Lião diz que Abraão, "sem circuncisão e sem observância do sábado, 'acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus'" (Contra as Heresias, Livro IV, 16.2). [Comentário: O apóstolo Paulo, judeu, doutor da Lei  e guardador do sábado, em Gálatas 3.17, escreve que a Lei só veio 430 anos (depois de Abraão), sendo assim, o sábado só passou a ser instruído e guardado pelos hebreus após a saída do Egito e isso pode ser conferido a partir do capítulo 16 de Êxodo que mostra claramente as primeiras instruções sobre o dia judaico.]

SÍNTESE DO TÓPICO II
O sábado institucional se refere à necessidade de um período de descanso para a Criação e para o homem.


III. O SÁBADO LEGAL

1. Significado. É o sétimo dia da semana no calendário judaico, marcado para repouso e adoração. Foi introduzido no mundo pela lei; é o sábado legal dado aos israelitas no Sinai. Nenhum outro povo na história recebeu a ordem para guardar esse dia; é exclusividade de Israel (Êx 31.13, 17). O sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo judeu ao longo dos séculos (Gn 17.11).  [Comentário:  O sábado legal é exclusividade dos israelitas e nenhum povo da terra recebeu tal responsabilidade, nem mesmo a Igreja (Êx 31.13- 17). A adoração no tabemáculo acontecia semanalmente e isso justifica a instrução da lei do sábado na presente seção que aborda a ordem do culto e demais serviços no tabemáculo. O tema do sábado havia sido tratado por ocasião do maná (Êx 16.23-30) e no quarto mandamento (Êx 20.8-11); no entanto, Javé retoma o assunto aqui para que o presente preceito seja observado de maneira apropriada. A observância do sábado legal é perpétua, sob pena de morte para quem violar (vv. 14-6) e isso por se tratar de um sinal entre Javé e Israel (Êx 31.13, 17). Não é mandamento para todos os povos nem para a Igreja. É o segundo sinal para os israelitas, que já tinham a circuncisão como primeiro sinal desse concerto (Gn 17.10-14). Ao longo dos séculos, os judeus trataram esses dois preceitos com a mesma atenção. O Decálogo registrado em Deuteronômio apresenta o sábado como memorial da saída dos israelitas do Egito: "Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5.15). O sábado legal é mandamento exclusivo para o povo de Israel. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 68-69.]

2. O sábado do Decálogo. A expressão "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar" (Êx 20.8), remete a uma reminiscência histórica e, sem dúvida alguma, Israel já conhecia o sábado nessa ocasião. Mas parece não ser referência ao sábado da criação. Ele aparece na promulgação da lei (Êx 20.11), contudo, essa reminiscência não reaparece em Deuteronômio (Dt 5.12-15). Trata-se, com certeza, do sábado que o povo não levou a sério no deserto (Êx 16.22-29).  [Comentário:  O quarto mandamento é o mais longo do Decálogo e difere dos três primeiros, cuja formulação é negativa. O versículo 8 introduz o mandamento positivo que impõe a obrigação de santificar o sábado, e o versículo 9 fala sobre a obrigação de trabalhar seis dias. Isso se repete no sistema mosaico (Êx23.12; 31.13-17; 34.21; Lv 23.3), mas aqui aparece também a formulação negativa. Quando Moisés no seu discurso em Deuteronômio repete o Decálogo substitui o verbo hebraico usado para "lembrar" zãchor,n "recordar, lembrar", por outro, "guardar", shãmôr,72 "guardar, cuidar, vigiar", quando diz: "Guarda o dia de sábado" (Dt 5.12). Os dois verbos estão no infinitivo absoluto, que tem função de um forte imperativo, bastante comum em leis e mais próximo de um futuro cominatório, ameaçador. O propósito do uso deste verbo "lembrar" aqui em Êxodo é manter o sábado como dia santo. Isso mostra que o povo já conhecia esse dia, mas parece que a sua observância não era levada a sério antes da revelação do Sinai. As palavras "como te ordenou o SENHOR, teu Deus" (Dt 5.12b) não aparecem em Êxodo e são uma referência ao Sinai, quando a lei foi promulgada, visto que Moisés está relatando um fato acontecido no passado. Fica evidente que houve um sábado antes da promulgação da lei. Muitos acreditam que o verbo "lembrar" se refere ao relato do maná no deserto (Êx 16.22-30). Isto fica claro pelo fato de que "a maneira incidental em que a matéria é introduzida e a repreensão do Senhor pela desobediência do povo sugerem que o sábado já era previamente conhecido" (TENNEY, vol. 5, 2008, p. 267). No entanto, segundo o rabino Benno Jacob, "lembrar" aqui não tem conotação de "não esquecer", como aconteceu com o evento do maná, mas de um "memorial do passado para estabelecer um relacionamento especial para o futuro" (1992, p. 563). Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 67]

3. Propósito. A instituição do sábado legal no Decálogo tinha um propósito duplo: social e espiritual. Cessar os trabalhos a cada seis dias de labor era dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar um dia para adoração a Deus. É um memorial da libertação do Egito (Dt 5.15). Duas vezes é dito que o sábado é um sinal distintivo entre Deus e a nação de Israel (Êx 31.13,17). [Comentário: A instituição do sábado legal no Decálogo tinha o propósito duplo, social e espiritual, de cessar os trabalhos a cada seis dias de labor para dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar um dia inteiro para adoração a Deus: 8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, 10 mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11 Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou (Êx 20.8-11).Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 66.]

SÍNTESE DO TÓPICO III
O sábado legal é um dia de descanso, introduzido na cultura do povo judeu por meio da Lei.


IV. UM PRECEITO CERIMONIAL

1. O sacerdote no Templo. O Senhor Jesus Cristo disse mais de uma vez que a guarda do sábado é um preceito cerimonial. Ele colocou o quarto mandamento na mesma categoria dos pães da proposição (Mt 12.2-4). Veja ainda a que Jesus se referia quando falou a respeito desse ritual mencionado em Êxodo 29.33, Levítico 22.10 e 1 Samuel 21.6. Disse igualmente que "os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa" (Mt 12.5), ao passo que não existe concessão para preceitos morais.  [Comentário:  A oposição crescente ao ministério de Jesus pelos líderes religiosos encontra sua expressão total na observância do sábado, a instituição mais sagrada entre os judeus. Em Mt 12.3, Jesus apoia a ação de seus discípulos através de seu apelo ao exemplo de Deus (1Sm 21.1-6), verificando que as regulamentações normais do sábado podem precisar render-se às necessidades humanas. A necessidade humana tem precedência em uma rigorosa interpretação da Lei, que deixa escapar seu propósito mais amplo. Jesus reivindica sua divindade em Mt 12.6-8, logo, como Senhor do sábado, ele poderia fazer o que bem entendesse com o mesmo!]

2. A circuncisão no sábado. Se o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela tem que ser feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez declara o quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão acima do sábado (Jo 7.22,23 cf. Lv 12.3). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza. [Comentário:  O Centro Apologético Cristão de Pesquisas, citando a Bíblia Apologética, escreve sobre João – 7.21-24: “Frequentemente Jesus enfrentava polêmica com os judeus por causa do sábado. Os judeus eram ferrenhos guardadores do sábado e sempre estavam discutindo com Jesus sobre o assunto.
O que é admirável no texto é Jesus afirmar que a guarda do sábado fica subordinada à circuncisão. Uma criança que devesse ser circuncidada no oitavo dia do seu nascimento (Gn 17.10; Lv 12.3; Jo. 7:21-24) para que a Lei não ficasse invalidada, colocava a guarda do dia em posição inferior à circuncisão. Se a circuncisão é de valor secundário, inexpressivo, e nenhum cristão hoje a pratica, como terá a guarda do sábado como preceito? Ellen Gould White ensinava que a guarda do sábado implicava em salvação. O ensino de Jesus sobre o sábado é diferente, Ele é Senhor do Sábado”. http://www.cacp.org.br/o-sabado-e-a-circuncisao/]


SÍNTESE DO TÓPICO IV
Segundo Jesus Cristo, a guarda do sábado é um preceito cerimonial.


V. O SENHOR DO SÁBADO

1. O sábado e a tradição dos anciãos. Os quatro evangelhos registram os conflitos entre Jesus e os fariseus sobre a interpretação do sábado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado, mas o Senhor Jesus disse que é "lícito fazer bem no sábado" (Mt 12.12). Isso Ele fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10-13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6,7,16) e, por isso, nós devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana.  [Comentário:  “A observância do sábado nos dias do ministério terreno de Jesus havia se tornado externa e formal. As autoridades religiosas de Israel haviam criado muitas restrições e estabeleceram regras meticulosas. A Mishnah, antiga literatura religiosa dos judeus, nos tratados Shabbat e Erub, registra minúcias de como o sábado deve ser observado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado. Por essa razão, o Senhor Jesus entrou diversas vezes em conflito com os escribas e fariseus. Uma delas aconteceu quando ele defende os seus discípulos por colherem espigas no sábado (Mt 12.1-5). 1 Naquele tempo, passou Jesus pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comer. 2 E os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. 3 Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 4 Como entrou na Casa de Deus e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? (Mt 12.1-4). A passagem paralela aparece em Marcos 2.23-26 e Lucas 6.1-4. Em todas elas, o Senhor Jesus mencionou um trecho do Antigo Testamento em que Davi comeu o pão da proposição na casa do sacerdote Abiatar, quando estava sob a perseguição de Saul (1 Sm 21.6). Assim, ele colocou a guarda do sábado na mesma categoria do preceito cerimonial. A lei proibia que estranhos comessem do pão sagrado da proposição, o qual era restrito aos sacerdotes (Êx 29.33; Lv 22.10). Jesus foi além e disse que os sacerdotes no templo podiam violar o sábado e ficar sem culpa (Mt 12.5). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza. Não existe concessão para preceitos morais; aqui, a vida está acima do sábado. Em outra ocasião, o Senhor Jesus torna a considerar o sábado um preceito cerimonial com base na própria lei de Moisés. Ele nem precisou reivindicar a sua autoridade de Filho de Deus e Messias, ao lembrar às autoridades religiosas que a circuncisão de uma criança pode ser feita num dia de sábado. A lei prescreve que o menino deve ser circuncidado no oitavo dia de seu nascimento (Lv 12.3). Jesus disse que a circuncisão pode ser feita mesmo quando o oitavo dia coincide com sábado (Jo 7.22, 23). Jesus declarou: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado" (Mc 2.27). Muitos comparam essas palavras a uma frase do Talmude creditada ao rabi Simeon ben Menasya, cerca de 180 d.C.: "O sábado foi dado a vocês, não vocês entregues a ele". A interpretação judaica diz respeito à permissão da quebra do sábado em casos especiais, como a vida em perigo. Mas o que Jesus disse significa que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício humano. Ele não disse que o sábado foi feito por causa dos judeus ou de Israel, mas por causa de todos os seres humanos. O sábado legal, do Decálogo, foi dado a Israel como sinal entre Javé e os israelitas (Êx 31.13, 17; Dt 5.15; Ez 20.12). Aqui, o Senhor Jesus se refere ao sábado institucional que Deus estabeleceu para o bem-estar e gozo de todos os seres humanos, e isto está acima de observância meticulosa do sábado”. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 69-71.]

2. Jesus é o Senhor do sábado (Mc 2.28). O sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de Deus. A expressão "o Filho do Homem", no singular, é título messiânico, não é usual ou comum às outras pessoas. Está claro que Jesus se referia a Ele mesmo. Jesus disse que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício deles (Mc 2.27).  [Comentário:  A frase "Assim, o Filho do Homem até do sábado é senhor" (Mc 2.28) e as passagens paralelas (Mt 12.8; Lc 6.5) são disputadas pelos expositores do Novo Testamento. Há duas linhas principais de interpretação: a) a autoridade sobre o sábado foi conferida aos seres humanos, e b) trata-se do próprio Senhor Jesus. A primeira nos parece menos aceitável porque Deus nunca delegou autoridade sem limites aos humanos e, também, porque a expressão grega ho huios tou anthrõpos, "o Filho do Homem", no singular, é título messiânico e não relativo a humanos. Está claro que Jesus se referia a si mesmo. Esta é a melhor interpretação. Ele revelou seu poder e sua autoridade sobre as enfermidades, sobre a natureza, sobre todos os poderes das trevas, sobre a morte e o inferno; assim, nada mais natural ser mesmo o Senhor do sábado. O sábado veio de Javé e somente ele tem autoridade sobre a instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de Deus. Mais uma vez, o Senhor Jesus Cristo apresenta o profeta Oseias como autoridade para fundamentar seu ensino (Mt 12.7; Os 6,6). Ele acrescentou ainda que é "lícito fazer bem nos sábados" (Mt 12.12). Isso o próprio Jesus o fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10- 13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6, 7, 16), e nós também devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana. Como o sábado do relato da criação, não é regra legal opressiva; é chamado de sábado institucional que se transferiu para o domingo por causa da ressurreição de Jesus, mas não como mandamento. Assim, como nada há no Novo Testamento que indique a sua observância, isso por si só mostra que o quarto mandamento não é um preceito moral. Esta interpretação é corroborada pelo fato de nem Jesus nem os apóstolos ensinarem a guarda do sábado. O sábado não foi mencionado quando Jesus citou os mandamentos para o moço rico (Mt 19.17-19). Toda a lei se resume no amor a Deus e ao próximo (Mt 7.12; 22.40; Mc 12.31; Rm 13.10). O apóstolo Paulo omitiu o quarto mandamento (Rm 13.9). Ele considerava retrocesso espiritual guardar dias, meses e anos (G1 4.10, 11). Os primeiros cristãos eram judeus de origem e era natural para eles observar os serviços da sinagoga; ainda hoje, muitos judeus que são convertidos à fé cristã preferem não abrir mão de sua identidade judaica, principalmente aqueles que residem em Israel. É mais uma questão cultural. Paulo via o sábado e os preceitos dietéticos, o kashrut, como mera opção pessoal. E, mesmo não havendo prova de que o apóstolo distinguisse preceitos morais e cerimoniais, aqui ele coloca o sábado e o kashrut na mesma categoria (Rm 14.1-6). Segundo Paulo, o antigo concerto foi abolido (2 Co 3.7-14) , incluindo o sábado (Os 2.11). De fato, isso já era anunciado desde o Antigo Testamento (Jr 31.31-34). Paulo disse que Jesus riscou na cruz "a cédula que era contra nós nas suas ordenanças" (Cl 2.14). O substantivo grego para "cédula" é cheirgraphon, um hapax legomenon, literalmente, "escrito à mão”. É um documento escrito à mão usado aqui metaforicamente. O termo aparece na literatura grega extrabíblica com vários significados: "lei mosaica, obrigação escrita, contrato (ROBINSON, 2012, p. 984); "registro de uma conta financeira, conta, registro de dívida" (LOUW & NIDA, 2013, pp. 352, 353). É um certificado de dívida, uma nota promissória. A ordenança, ou dogma, significa "decreto, ordenança, edito", um termo usado também em referencia à lei de Moisés (Ef 2.15). É esse o sentido aqui, pois Jesus disse que a lei nos acusa (Jo 5.45). O pensamento paulino revela o aspecto condenatório da lei mosaica (Dt 27.26; 1 Co 15.56; Gl 3.10) e também o padrão divino para a vida humana (Rm 7.13, 14). A acusação da lei contra nós foi cancelada na cruz do Calvário, e aí o apóstolo inclui o sábado. O apóstolo emprega os dois termos "cédula" e "ordenança" metaforicamente para dizer que fomos perdoados e estamos livres de legalismo: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo" (Cl 2.16, 17). Com exceção do sangue (At 15.20, 28), as restrições dietéticas de Levítico foram removidas, pois Deus purificou os animais cerimonialmente imundos (At 10.12-15). Nenhum alimento é imundo por si mesmo (Rm 14.14, 20; 1 Tm 4.3, 4). O que contamina o ser humano é o que sai dele, não o que entra (Mt 15.11-20). O sábado cerimonial é um termo para designar os festivais de Israel que englobam as festas anuais, mensais e semanais (1 Cr 23.31; 2 Cr 2.4; 8.13; 31.3; Ez 45.17). O sábado cerimonial já está incluído na expressão "dias de festa". Assim, a "lua nova", refere-se à festa mensal e a expressão "dos sábados" diz respeito aos sábados semanais. O novo concerto nos isenta de todas essas coisas. Paulo parece empregar uma linguagem platônica no tocante ao mundo real e ao mundo das ideias no v. 17. A sombra é temporária e identifica com imperfeição o objeto que a projetou, sendo portanto inferior a ele. O apóstolo afirma nesta metáfora que a lei é uma projeção, uma sombra da realidade, que é o corpo de Cristo. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 71-74.]

3. Dia do culto cristão. O primeiro culto cristão aconteceu no domingo e da mesma forma o segundo (Jo 20.19,26). Nesse dia o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos (Mc 16.16). O dia do Senhor foi instituído como o dia de culto, sem decreto e norma legal, pelos primeiros cristãos desde os tempos apostólicos (At 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10). É o "sábado" cristão! O sábado legal e todo o sistema mosaico foram encravados na cruz (Cl 2.16,17), foram revogados e anulados (2 Co 3.7-11; Hb 8.13). O Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17,18), agora vivemos sob  a graça (Jo 1.17; Rm 6.14). [Comentário:  O sábado legal do Decálogo foi estabelecido para Israel se lembrar da escravidão no Egito (Dt 5.15). Há certa analogia com o sábado cristão, o domingo, que, sem precisar de imposição legal, passou a ser o dia de adoração cristã coletiva em memória à ressurreição de Cristo que ocorreu num domingo (Mc 16.1-6; Lc24.1-6). Éosábado institucional. Isso está claro em três passagens do Novo Testamento: "No primeiro dia da semana, ajuntando os discípulos para o partir do pão" (At 20.7). Era um domingo, "talvez 24 de abril de 57 d.C.", segundo F. F. Bruce (apud STOTT, 1994, p. 360). O "partir do pão" é um termo usado para a Ceia do Senhor (At 2.42; 1 Co 10.16; 11.20-26). Segundo o autor citado, essa passagem "é a evidência inequívoca mais primitiva que temos da prática cristã de reunir-se para a adoração nesse dia". Isso se confirma mais adiante no Novo Testamento: "No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar" (1 Co 16.2). Temos aqui outra prova de que o primeiro dia da semana era o dia de culto regular. O apóstolo recomendou que nessas reuniões se levantasse uma coleta para socorrer os irmãos pobres de Jerusalém. O apóstolo João foi arrebatado no dia do Senhor: Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Ap 1.10). A expressão dia do Senhor" não é escatológica, pois a construção grega aqui, en tê kyriakê hêmera, se refere ao domingo. Versões católicas como Figueiredo, Matos Soares e a Bíblia do Peregrino empregam "num dia de domingo" para traduzir a referida frase. Esta tradução é aceitável porque está de acordo com o contexto bíblico e histórico. A palavra kyriakê significa "domingo" ainda hoje na Grécia. O termo "domingo", literalmente quer dizer, "dia do senhor , do latim, dominus, "senhor", e dies, "dia". Inácio de Antioquia usa a mesma frase grega do apóstolo João em Apocalipse, para indicar o primeiro dia da semana: "Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senho em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte" (Magnésios 9-1, Coleção Patrística 1, Padres Apostólicos). Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia e conheceu os apóstolos Paulo e João. Preso em 110 no reinado de Trajano, foi levado a Roma e atirado às feras. Trata-se de alguém da segunda geração dos apóstolos. Outra razão que confirma essa interpretação é o fato de a Septuaginta usar uma forma diferente para o "dia do Senhor escatológico, hêmera tou kyriou ou hêmera kyriou. E o mesmo acontece nas cinco vezes que a frase aparece no Novo Testamento grego (At 2.20; 1 Co 5.5; 2 Co 1.14; 1 Ts 5.2; 2 Pe 3.10). Os primeiros pais da Igreja mostram que nos três primeiros séculos da história da Igreja o domingo continuava sendo o dia de reunião dos cristãos. Além de Inácio de Antioquia, isso pode ser ainda visto na Epístola de Barnabé (que não era o Barnabé citado do Novo Testamento). Trata-se de um documento da primeira metade do século 2, que declara: "Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus" (Epístola de Barnabé, 15.9). Herdamos dos dias apostólicos essa prática que foi perpetuada pelo tempo. Os preceitos cerimoniais não desobrigam os seres humanos de cultuarem a Deus, mas estes não precisam de rituais e nem lhes é exigido irem a Jerusalém. Da mesma forma, o sábado não precisa ser o sétimo dia da semana. Os adventistas do sétimo estão equivocados quando afirmam que o imperador Constantino substituiu o sábado pelo domingo, e sua doutrina não tem sustentação bíblica. É um erro teológico e histórico. Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 74-76.]

SÍNTESE DO TÓPICO V
Em o Novo Testamento, Jesus é o Senhor do sábado e somente Ele tem autoridade sobre esta instituição.


CONCLUSÃO

A palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31.31-33; Os 2.11). Isso se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8.8-12). Exigir a guarda do sábado como condição para a salvação não é cristianismo e caracteriza-se como doutrina de uma seita. [Comentário: “Quase toda a instrução dos capítulos 3, 4 e 5 de Gálatas aborda a questão da lei e do evangelho, donde se conclui que: 1) A lei foi ordenada por causa das transgressões, ATÉ que viesse a posteridade (3.19). 2) A lei não pôde comunicar vida; por isso, a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. 3) A lei serviu para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados, não pela fé na obediência à lei. 4) Depois que a fé veio, já não estamos debaixo da lei, mas da graça (3.25). 5) Cristo veio para libertar os que estavam debaixo da lei. Não somos mais meninos necessitados de tutores, reduzidos à escravidão. Agora somos filhos de Deus (4.1-7). 6) Não mais estamos sujeitos a guardar dias, meses e anos, rudimentos fracos e pobres aos quais alguns querem continuar servindo (4.9-10). 7) Somos filhos não da escrava Agar, que simboliza o velho concerto. Somos filhos da promessa, como Isaque. Lancemos fora a escrava e seu filho, porque, “de modo algum, o filho da escrava herdará com o filho da livre” (4.21-31). 8) Não devemos retornar ao jugo da servidão, pois Cristo nos libertou (5.1). 9) Os que buscam justificação na lei, separados estão de Cristo (5.4).]. “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Fevereiro de 2015




PARA REFLETIR
Sobre o Sábado:

Quando Deus descansou no sétimo dia, Ele parou de trabalhar?
Não. A palavra usada na língua hebraica para "descansar" é o sinônimo de "terminar", "encerrar" e "concluir uma tarefa". A ideia, aqui, é a de que Deus concluiu a criação, parou de criar, e não a de ficar ocioso. O Senhor Jesus disse que o Pai "trabalha até agora" (Jo 5.17).

O sábado institucional resgata a ordem natural das coisas. Explique.
Significa que a instituição do sábado trouxe ao ser humano a ideia de que o campo precisa de descanso, as máquinas precisam parar para a manutenção, os animais também precisam descansar e assim por diante (Lv 25.4).

É pecado trabalhar no domingo, o dia do Senhor?
Não. Vivemos na perspectiva da graça. Isso, porém, não quer dizer que não se deve considerar a importância do domingo como o dia do Senhor. O nosso Senhor ressuscitou num domingo. A igreja do Novo Testamento reunia-se no domingo, o primeiro dia da semana, para comer o pão, beber o suco da vide e terem comunhão uns com os outros (Mc 16.16; At 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10)

Quem não guardar o sábado pode perder a salvação? 
De maneira nenhuma! A salvação é pela graça de Deus (Ef 2.8-10).

Por que o domingo é "o dia do Senhor" para os cristãos?
Porque Jesus ressuscitou no domingo e a Igreja do Novo Testamento se reunia aos domingos.

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º Trim./2015 - CPAD
Tema:  "Os Dez Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança
Comentário: Pr. Esequias Soares
Consultores Doutrinários e Teológicos:  Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade

Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto.


A palavra “sábado” é um termo hebraico e significa “sétimo”. O mandamento do descanso foi instituído por Deus, em primeiro lugar, para que o ser humano pudesse descansar. Lembre de que o contexto do advento da lei era a libertação da escravidão de Israel no Egito. Como escravos, os hebreus não tinham descanso, eram explorados diuturnamente a fi m de produzir mais e mais para o império de Faraó. Este via os judeus como números ou objetos necessários para enriquecerem ainda mais o Palácio. O Faraó não via os hebreus como pessoas que precisavam descansar e recarregar as energias porque eram pessoas, gente que precisava de dignidade. Apesar de Faraó não ver os israelitas como seres humanos, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó contemplou todo esse processo de escravidão humana. E ouviu o clamor do seu povo!
Por razões culturais, religiosas e teológicas as três principais religiões monoteístas do mundo guardam um dia da semana como o signifi cado de descanso e reverência a uma só divindade: os judeus, o Sábado; os árabes, a Sexta-Feira; os cristãos, o Domingo. Mais que discutir o dia do descanso, o importante é observarmos o sentido do Sábado, o seu descanso e a sua reverência para o Criador dos Céus e da Terra.
Ora, para nós, que confessamos Jesus como Salvador, o domingo é o dia do Senhor. Observamos o domingo porque foi o dia em que Jesus de Nazaré ressuscitou dos mortos, a Igreja Primitiva se reunia para comer o pão e confraternizar-se com alegria e singeleza de coração. Não é verdade que foi Constantino quem inventou o Domingo, o imperador romano apenas o legitimou e ofi cializou uma prática de mais de três séculos guardada pela comunidade cristã primitiva.
Não tenha esta pergunta como legalista, mas o que estamos fazendo com o dia do Senhor? Salva as exceções, o dia de descanso oficial no mundo ociidental é o domingo. Numa perspectiva bíblica e evangélica, neste dia deveríamos dedicar-nos a meditação espiritual, adoração ao Senhor com os irmãos, o convívio com a família e a visita aos enfermos. Um dia para se viver em comunidade! Não mero ativismo religioso onde pessoas se cansam mais do que no trabalho secular.
A lição desta semana não pode se deter apenas em assuntos periféricos, tais como “os adventistas estão certos ou errados” ou em “sermos ou não legalistas”. O sentido desta lição é mais do que esse. É fazermos uma pergunta honesta: O que estamos fazendo com o dia do Senhor? E com a nossa vida e saúde?

SUGESTÃO DE LEITURA

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sábado, 4 de outubro de 2014

Lição 1: Daniel, Nosso “Contemporâneo”





Lição 1

5 de Outubro de 2014


Lição 1: Daniel, Nosso “Contemporâneo”


TEXTO ÁUREO

“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda)” (Mt 24.15).


VERDADE PRÁTICA

Daniel é um exemplo de perseverança na fidelidade a Deus e de integridade moral, estimulando-nos a confiar no projeto divino.


HINOS SUGERIDOS

58, 61, 84.


LEITURA DIÁRIA

Segunda - Gn 3.15
A primeira profecia escatológica
S
Terça - Gn 22.18; 26.4; 28.14; 49.10
A promessa para Abraão
T
Quarta - Is 7.14; 9.6; 42.1-4; 52.13-15
A predição da vinda do Rei e Redentor
Q
Quinta - Dn 2.44,45; 7.13,14
A predição do reino vindouro
Q
Sexta - Jr 23.3; Is 11.11; Ez 37.1-11
A promessa de restauração de Israel
S
Sábado - Mt 24.15
Jesus cita Daniel
S


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Daniel 1.1,2; 7.1; 12.4.
Daniel 1
1 - No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 - E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus.

Daniel 7
1 - No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e visões da sua cabeça; escreveu logo o sonho e relatou a suma das coisas.

Daniel 12
4 - E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.
OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • Conhecer panoramicamente o livro de Daniel.
  • Explicar a autoria e a história por trás do livro de Daniel.
  • Compreender os fatos que propiciaram o exílio na Babilônia.
PALAVRA CHAVE
Providência: Ação pela qual Deus conduz os acontecimentos e as criaturas para o fim que lhes for destinado.
COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Dada a importância do livro de Daniel, nós o estudaremos sob a perspectiva da escatologia bíblica. Indiscutivelmente, Daniel é um profeta bíblico que não ficou restrito ao passado. Ele é contemporâneo! O seu nome, a sua vida e obra são um exemplo de perseverança em Deus. Embora vivendo em circunstâncias adversas e numa cultura pagã, Daniel não perdeu a fé no Deus Altíssimo e o vínculo com o seu povo. O capítulo 24 do Evangelho de Mateus revela um dos mais importantes discursos proféticos de Jesus. Ali, o Mestre de Nazaré cita o profeta Daniel (v.15). Conquanto as profecias de Jesus nos remetam ao contexto de Israel, as evidências proféticas descritas em Mateus 24 não se aplicam apenas à história do povo judeu, mas igualmente à todas as etapas da história humana como descrita no livro de Daniel. [Comentário: Neste último trimestre estudaremos o incomparável livro de Daniel, e estaremos em contato com alguns dos temas de profecia mais importantes. Daniel, estadista na corte de impérios pagãos da Babilônia e da Pérsia, criado e formado no palácio do reino de Judá, não exercia nenhuma atividade religiosa, já que não era da família sacerdotal, nem era um profeta. Entretanto, sua fidelidade a Deus e o seu temor demonstrado, deu-lhe o privilégio de ser alguém que Deus revelaria coisas profundas acerca do futuro do seu povo exilado na Babilônia. A vida e o ministério de Daniel, o profeta e estadista, desenvolveram-se em meio a grandes mudanças e transformações sociais, religiosas e políticas do mundo de então. Com o desaparecimento do Império Assírio em 606 a.C., entra no cenário o poderoso Nabucodonosor que se tornou um dos mais famosos reis de todo o “Crescente Fértil”, cujo reinado durou 43 anos. Nesse período, Nabucodonosor foi um imperador tenaz e conquistador, além de ter restaurado cidades e templos em ruínas, ele construiu canais, represas e portos, contribuindo com a civilização daquela época. Foi ele que conquistou nações e, entre as quais, o reino de Judá e seus príncipes e sábios. Daniel, Ananias, Misael e Azarias foram os jovens levados cativos, dos filhos de Judá, para o Palácio da Babilônia. A estes quatro jovens, Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e, a Daniel, deu entendimento em toda a visão e sonhos (Dn 1.17). A contemporaneidade de Daniel diz respeito ao fato de que as visões e revelações concedidas por Deus a ele têm uma abrangência profética aos nossos tempos. Desde o período do cativeiro babilônico, passaram-se aproximadamente 2.500 anos (550 a.C. — 2.014 d.C.) e o profeta Daniel é, indiscutivelmente, um profeta que não ficou restrito ao passado. Daniel é um profeta para nossos tempos; é um profeta contemporâneo. O nome, a vida e a obra do profeta Daniel são um exemplo de um homem que, mesmo estando em circunstâncias adversas, em meio a uma cultura pagã, não perdeu o vínculo com o seu povo e com a sua fé em Deus. No Evangelho de Mateus temos um dos mais importantes discursos proféticos de Jesus no qual Ele cita o profeta Daniel (Mt 24.15). As profecias de Jesus tinham um caráter especial porque se referiam essencialmente ao povo de Israel. Entretanto, podemos perceber que as evidências proféticas não se restringiam apenas a Israel, mas tinham e têm um alcance e abrangência à toda a humanidade. A preocupação de Jesus era responder a algumas questões que os judeus faziam quanto à vinda do Messias para estabelecer o seu Reino na terra. Alguns biblicistas e pesquisadores da história bíblica, ao analisarem o livro de Daniel do ponto de vista histórica-crítica, criaram dificuldades para aceitar o conteúdo profético e teológico do livro de Daniel. Porém, o cumprimento de algumas das profecias na história de Israel, não só deram credibilidade ao livro, como serve de base para o cumprimento do restante da profecia para o “fim do tempo” (Dn 8.17). Portanto, o livro de Daniel não pode ser relegado a um papel secundário no cânon das Escrituras. A igreja de Cristo reconhece o valor da história e da profecia desse livro e proclama a Fé no Deus Todo-Poderoso que controla e domina a história. Para entendermos o livro de Daniel em termos de história e profecia, precisamos conhecer alguns elementos que dão consistência ao seu estudo. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 17-19] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!

I. A HISTÓRIA POR TRÁS DO LIVRO DE DANIEL

1. A formação histórica de Israel. A história do povo judeu começa com Abraão e Sara (Gn 12.1-3). Eles tiveram um filho chamado Isaque, o filho da promessa de Deus (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3). Isaque, por sua vez, gerou dois filhos, Esaú e Jacó. Do segundo filho, Jacó, surgiu um clã de 12 filhos. O clã cresceu e multiplicou-se e, posteriormente mudou-se para o Egito. Ali a família de Jacó aumentou em número, tornando-se um povo altamente abundante em terra estrangeira. A partir de então, formou-se Israel, a futura nação projetada por Deus. Mas com o passar do tempo a família judaica perdeu as benesses que desfrutava nos anos do rei egípcio que respeitava a liderança e a história de José no Egito. Entretanto, através de uma intervenção divina, e sob a liderança de Moisés, os israelitas saíram do Egito e peregrinaram pelo deserto até a terra de Canaã por quarenta anos. A partir da libertação egípcia, Israel viveu sob a égide de um governo teocrático, isto é, governado diretamente por Deus e através de homens chamados por Ele para esta função. [Comentário: Deus deu início a uma nação separada para Si chamando Abraão para andar em Sua presença. Deus, em sua presciência escolheu Abraão, um dos personagens mais extraordinários da Bíblia Sagrada, para ser o protótipo de um projeto que o colocaria na história. Abraão e sua mulher Sara (Gn 12.1-3) seriam o ponto de partida para o cumprimento desse projeto. De Abraão sairia uma família, uma raça, uma etnia especial que representaria os interesses de Deus na terra. Abraão e Sara, na sua velhice, geraram um filho especial chamado Isaque, o filho da promessa (Gn 15.4; 17.18; 21.1-3). Isaque se casa com Rebeca e gera dois filhos, os gêmeos Esaú e Jacó. Do segundo filho Jacó, com uma prole de 12 filhos foi formada uma nação, a nação projetada por Deus. A família de 12 filhos cresceu e, por esse modo, os desígnios de Deus para a semente de Abraão se cumpriam historicamente. Obedecendo ao propósito divino, esta família mudou-se, posteriormente, para o Egito. Naquela terra, a família aumentou em número tornando-se um povo gigantesco. Com a morte do antigo Faraó e morto, também, José, a família proliferou-se na terra do Egito, mas perdeu as benesses do tempo de José e passaram a viver como escravos por quatrocentos anos, até que Deus os tirou do Egito com mão forte e poderosa. Os filhos de Jacó tornaram- se conhecidos como os filhos de Israel. Saíram do Egito, por uma intervenção divina e viveram no deserto por quarenta anos sob a liderança de Moisés. A partir de então, esse povo viveu sob a égide de um governo diretamente de Deus, um governo teocrático, através de homens chamados para esse mister. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 19-20. Hernandes Dias Lopes, escreve em sua obra DANIEL Um homem amado no céu (Editora Hagnos): A família tornou-se uma nação. Esta desceu ao Egito, onde permaneceu quatrocentos anos. Deus tirou Israel do cativeiro com mão forte e poderosa. Dez pragas vieram sobre o Egito, desbancando as divindades do maior império do mundo. Israel perambulou no deserto quarenta anos sob a liderança de Moisés. Durante sete anos conquistou a terra, sob a liderança de Josué. Surge a Teocracia no período dos juízes. Esse tempo durou cerca de trezentos anos, quando Israel oscilou entre pecado, juízo, arrependimento e restauração. Depois da Teocracia veio a Monarquia. Cento e vinte anos de Reino Unido sob Saul, Davi e Salomão. Com a morte de Salomão em 931 a.C., sob o governo de seu filho Roboão, o reino se dividiu em: reino do Norte e Reino do Sul. O Reino do Norte, formado por dez tribos teve dezenove reis, com 8 dinastias (uma sequência de governantes considerados como membros da mesma família). Por causa de sua obstinação e desobediência foram levados cativos em 722 a.C., pela Assíria, e jamais foram restaurados. O Reino do Sul, formado pelas tribos de Judá e Benjamim, procedia da dinastia davídica. Esse reino teve vinte reis e experimentou altos e baixos, momentos de glória e tempos de calamidade, reis piedosos no trono e reis perversos e maus. Esse reino alternou momentos de volta para Deus e momentos de rebeldia. Porque o povo abandonou a Deus e não quis ouvir sua Palavra, Deus enviou seu juízo sobre a nação. Os caldeus vieram contra eles, e Deus os entregou nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia. LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 18-19.].

2. O governo teocrático. Moisés morreu e o seu substituto foi Josué. Sob o seu comando, Israel conquistou a terra de Canaã e instituiu um governo em que a autoridade governamental vinha de Deus — a teocracia. Esse período perdurou aproximadamente trezentos anos, incluindo o período dos juízes. Foi um tempo difícil porque Israel afastou-se da direção divina e “cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25).[Comentário: Teocracia (do grego Teo: Deus + kratos: governo) é o sistema de governo em que as ações políticas, jurídicas e policiais são submetidas às normas de alguma religião. O poder teocrático pode ser exercido direta ou indiretamente pelos clérigos de uma religião http://pt.wikipedia.org/wiki/Teocracia. Atualmente, Israel que é oficialmente um Estado judeu (Israel opera sob um sistema parlamentar como uma república democrática com sufrágio universal, mas o judaísmo recebe privilégios do governo, por representar 81% da população israelita). Frequentemente descrito como sendo um Estado teocrático. Durante o período que Israel caminhou pelo deserto, o povo aprendeu a depender de DEUS sob uma liderança teocrática através de Moisés. Quando Moisés morreu, Deus levantou Josué para substituí-lo e, sob o seu comando, Israel conquista a terra de Canaã. O período seguinte corresponde o dos juízes que dura aproximadamente trezentos anos, quando o governo teocrático continua. O período dos Juízes foi um período difícil porque Israel afastou-se da direção divina preferindo a Monarquia. Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 20. Pfeiffer vai dizer que “Um dos principais elementos da aliança entre Deus e Israel é a soberania de Deus. Este fato tem sido explicado e enfatizado nos últimos anos pela descoberta de algumas semelhanças entre a escravidão hitita, ou tratados de suserania, e a aliança de Israel com Deus (veja Meredith Kline, Treaty ofthe Great King, Eerdmans, 1963). No NT, a ideia do governo de Deus é tirada da esfera política, e se torna um sinônimo do reino de Deus, que é constituído pelo governo de Deus entre os cristãos (e dentro de cada cristão), mas que só poderá ser visto literalmente no final, quando Jesus Cristo retornar para inaugurar o reino milenial”. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1909]

3. O governo monárquico. O reino de Israel esteve sob a liderança de Saul, Davi e Salomão por cento e vinte anos. O rei Salomão morreu em 931 a.C. marcando assim a decadência política, moral e religiosa da monarquia. Roboão, o seu filho, assumiu o reino, mas acabou dividindo-o em dois: o do Norte e o do Sul. O reino do Norte constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas tribos, Judá e Benjamim. No ano de 722 a.C. o Império Assírio dominou o reino do Norte e subjugou o seu rei, os príncipes e todo o povo. O reino do Sul teve momentos de glória, mas igualmente de calamidades. Constituído por alguns reis piedosos e outros ímpios, acabou por ser invadido pelo Império da Babilônia. Entre os anos 606 a.C. e 587 a.C., Nabucodonosor levou em cativeiro os nobres de Jerusalém: príncipes, intelectuais e homens de guerra, etc., deixando em Judá apenas os pobres e os deficientes. Toda esta história propiciou a intervenção divina na vida de Israel para preservação do projeto original de Deus. [Comentário: Não era a vontade divina que Israel tivesse um rei como as outras nações? Embora o rei para eles não fosse uma escolha errada em si, os israelitas estavam exigindo isso de maneira equivocada. O povo claramente expôs seus motivos para querer um rei. Primeiro, os hebreus queriam seguir as práticas das nações vizinhas (1 Sm 8.5). Segundo, eles queriam um rei para liderá-los nas batalhas (1 Sm 8.20). Ambas as razões apontavam para a rejeição a Deus como seu Rei (1 Sm 8.7). O Senhor demonstrou em inúmeras ocasiões que Ele pelejaria as batalhas de Israel. Desde a miraculosa queda das muralhas de Jericó (Js 6.20) até a fuga do exército dos midianitas de Gideão (Jz 7.19-22), Deus livrou o Seu povo inúmeras vezes dos seus inimigos. Por que os israelitas precisariam de um rei agora para liderá-los nas batalhas? Além disso, Deus deu ao povo a Sua Palavra, os profetas e os juízes para guiá-lo. Mas a trágica história dos juízes demonstra que o povo de Deus ignorou a Sua orientação e aderiu às práticas de seus vizinhos (Jz 3,7). Mais uma vez, os hebreus estavam seguindo seus vizinhos, em vez de seguir o Deus vivo e a Palavra que Ele tinha dado a eles. Embora Samuel tenha claramente lhes falado sobre o alerta de Deus, eles teimaram e preferiram a sua própria vontade em detrimento da vontade o Senhor. Por fim, Deus permitiu que os israelitas tivessem o que queriam. O Senhor lhes deu um rei como aqueles vistos nas outras nações. O alto e belo Saul teria sido a escolha perfeita para um rei. Mas, mediante o reinado trágico de Saul, Deus ensinou aos israelitas que eles precisavam de um rei que não fosse igual aos reis das outras nações. Eles precisavam de um rei que obedecesse à Palavra de Deus, em vez de seguir a sua própria vontade; um rei que confiasse no Senhor, e não em si mesmo. À sombra dos erros de Saul, Deus treinou o jovem Davi para andar nos Seus caminhos de maneira que ele pudesse finalmente liderar a nação em retidão. EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 468. ]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
Deus chamou Abraão e a partir dele deu início à história do povo judeu.

II. OS FATOS QUE PROPICIARAM O EXÍLIO NA BABILÔNIA

1. O contexto político do reino de Judá. Em 606 a.C. Nabucodonosor invadiu Jerusalém e, além da nobreza, tomou da cidade todos os utensílios do Templo: ouro, prata e pedras preciosas. Jeoaquim, rei de Judá, não resistiu e tornou-se tributário da Babilônia, perdendo o domínio do seu reino e também a confiança dos seus valentes. Entre os cativos expatriados para Babilônia estava o profeta Ezequiel (Ez 1.1-3). O exército de Nabucodonosor destruiu o Templo, saqueou Jerusalém e arrasou política, moral e espiritualmente o reino de Judá. Babilônia se impôs como império por mais de quatro décadas. Israel foi humilhado, passando de nação próspera à tributária da Babilônia![Comentário: Russell Norman Champlin escreve em sua obra intitulada “Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo” (Editora Hagnos), que “Antes do cativeiro babilônico de Judá, houve o cativeiro assírio que envolveu a nação do norte, Israel. A queda de Samaria, capital do reino do norte, ocorreu em 722 a.C. O domínio assírio sobre Judá começou em 721 a.C., quando caiu o reino do norte, mas Judá nunca se tornou uma província assíria, embora tivesse pago tributo regularmente aos reis assírios. Com o surgimento do reino caldeu, sob Nabucodonosor (605— 562 a.C.), a situação de Judá piorou rapidamente. Em 598 a.C., Nabucodonosor invadiu Judá e levou para o cativeiro o seu rei, Jeoaquim, e muitos dos principais cidadãos dessa nação. O trecho de II Reis 24.15 mostra-nos que Ezequiel se encontrava entre esses exilados. Os eruditos discordam quanto ao modo geral e ao número das deportações. Presumivelmente, antes disso, em cerca de 605 a.C., houve outra deportação, de tal modo que a deportação de Ezequiel foi a segunda de três deportações. Na Babilônia, Ezequiel continuou a advertir aos que tinham sido deixados na Judéia de que o pior ainda estava por vir. Os pecados nacionais, mormente a idolatria, eram as causas espirituais de todos esses infortúnios. O governo de Zedequias, em Judá, sob as ordens de Nabucodonosor, foi incapaz de controlar os rebeldes líderes do estado judeu. A revolta irrompeu contra o domínio estrangeiro, em 588 a.C.. Nabucodonosor não perdeu um instante. Em 586 a.C., a terra inteira de Judá jazia arruinada, Jerusalém estava destruída e saqueada e o templo não existia mais. E muitos outros milhares de judeus foram então deportados (na terceira deportação)”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3197]

2. Israel no exílio babilônico. Quando uma liderança perde a intimidade com Deus e, por consequência, a credibilidade entre os homens, como aconteceu com os últimos reis de Israel e de Judá, a tragédia espiritual e moral é inevitável. O cativeiro de 70 anos na Babilônia, profetizado por Jeremias, foi cabalmente cumprido (2Cr 36.21). Por outro lado, Deus nos ensina a conhecer os seus desígnios. Foi no exílio babilônico que Israel aprendeu a conhecer a Deus e não aceitar outro deus em seu lugar. O cativeiro propiciou a volta do povo de Deus à comunhão com o Altíssimo. A partir desse panorama histórico compreenderemos o livro do profeta Daniel. Para isto, precisamos igualmente conhecer os aspectos gerais e a importância do livro e da pessoa do chamado “profeta do cativeiro”.[Comentário: Os caldeus mataram jovens e velhos sem demonstrar misericórdia, demoliram completamente o Templo e a cidade e levaram o povo cativo para a Babilônia. Só então a terra passou a ter os sábados de descanso. Estas palavras de Jeremias sugerem que o ano sabático não foi observado durante o período da monarquia. Elas lembraram o povo de que havia pelo menos duas razões para o cativeiro: (1) a idolatria; e (2) a falha em manter o ano do jubileu. Por esta razão o cativeiro (606-536 a.C.) deveria durar setenta anos - um sábado de repouso (cf. Jr 25.12; 29.10). Robert L. Sawyer. Comentário Bíblico Beacon I e II Crônicas. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 475. Elienai Cabral, em obra de apoio à revista deste trimestre, Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje(Editora CPAD), escreve: “No plano geral da revelação divina o livro de Daniel ocupa um lugar de suma importância. Sua parte histórica é cheia de experiências marcantes que revelam a soberania de Deus e o seu cuidado com aqueles que lhe são fieis. A parte profética contém predições escatológicas cujo cumprimento ainda não tem chegado. Essa parte ocupa os últimos seis capítulos os quais trazem o registro de quatro visões proféticas dada especialmente a Daniel. Essas visões apresentam figuras simbólicas dos reinos gentílicos envolvendo tempos distintos nos quais Deus fará valer sua soberania no mundo, especialmente, com as nações que unirão para massacrar a Israel no tempo do Fim. Algumas dessas profecias já tiveram seu cumprimento na história e outras que se cumprirão no tempo que Deus estabeleceu para se cumprirem. Ao longo do estudo dessas profecias constataremos essas predições. As visões, portanto, se estendem para o futuro”.Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 23.]

SINOPSE DO TÓPICO (2)
O povo de Deus se rebelou contra o Senhor e como não se arrependeu, sofreu com o exílio na Babilônia.

III. DANIEL, O AUTOR E O LIVRO

1. O homem Daniel. Há pouca informação histórica sobre a família de Daniel, senão a de que ele era da linhagem real de Israel (Dn 1.3). Levado para a Babilônia ainda muito jovem, Daniel destacava-se como um judeu inteligente e bem instruído. Ele possuía firmes convicções no Deus de Israel e era contemporâneo de dois importantes profetas da nação israelita: Jeremias e Ezequiel. Certamente esses profetas deixaram seus exemplos como legados para a vida do jovem Daniel. Em 597 a.C., Ezequiel havia sido levado para a Babilônia (Ez 43.6,7). Ali esse experiente profeta chega a citá-lo em seu livro, descrevendo Daniel como um homem de sabedoria e de justiça (Ez 14.14). [Comentário:Daniel "assentou em seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia" (1.8). Como uma concessão ao seu pedido, Daniel e seus amigos tiveram permissão de apenas comer vegetais e beber água durante dez dias, e demonstraram ter ficado mais saudáveis que os demais companheiros. Os supervisores perceberam que esses jovens judeus possuíam grande habilidade e sabedoria. Ao final de seu período de treinamento foram reconhecidos pelo rei como superiores a todos os homens sábios da corte real. Através da divina revelação, Daniel contou o sonho que o rei havia esquecido e também deu a interpretação, que incluía a destruição do reino de Nabucodonosor (Dn 2). O rei elogiou Daniel, honrou o seu Deus e o recompensou com presentes preciosos (2.46,47) e também "o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também por principal governador de todos os sábios de Babilônia" (2.48). Mais tarde, Daniel interpretou outro sonho de Nabucodonosor e disse ao rei que, durante algum tempo, ele perderia seu trono, mas que este seria recuperado depois que ele tivesse se humilhado completamente (Dn 4). Deus revelou, através de Daniel, certos aspectos do reino messiânico que poderiam interferir no curso da história e da eternidade. Mais de 20 anos (561-539 a.C.) nada foi registrado a respeito de Daniel; pode ser que ele tenha perdido sua posição e o favor real. Então, na festa de Belsazar (q.v), que era o co-regente com seu pai Nabonido, a rainha (provavelmente mãe de Belsazar, e filha de Nabucodonosor) lembrou-se de Daniel, que foi convocado para interpretar uma estranha inscrição na parede (Dn 5.10-28). De acordo com sua interpretação, a Babilônia seria conquistada naquela noite (539 a.C.) por Dário, o medo. Embora a história secular não tenha, até o momento, conhecido um personagem medo com o nome de Dário, ele foi identificado por competentes estudiosos como sendo Gobryas, governador da Babilônia no reinado de Ciro (John C. Whitcomb, Darius the Mede). Dário reconheceu a habilidade de Daniel e o fez chefe de um conselho de três presidentes e "pensava constituí-lo sobre todo o reino" (Dn 6.3). Em sua religião, Daniel manifestava a mesma fidelidade incondicional. Ele desafiou o decreto de Dário e orava a Deus ao invés de fazer petições ao rei. Foi lançado na cova dos leões e milagrosamente salvo (Dn 6). Ele nunca transigiu as suas convicções, nem hesitou em sua lealdade a Deus. Viveu até o terceiro ano do reinado de Ciro (536 a.C), chegando, provavelmente, a 90 anos de idade e ainda bastante ativo. Ezequiel se referia a Daniel como um homem de grande sabedoria e piedade (Ez 28.3) e o colocava ao lado de pessoas tão dignas quanto Noé e Jó (Ez 14.14,20), homens de renomada virtude. Jesus se referiu a Daniel pelo menos uma vez (Mt 24.15). PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 519-520.].

2. A importância do livro. O livro de Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético. No plano geral da revelação divina, o livro de Daniel ocupa um lugar de suma importância. Do capítulo 1 ao 6 o conteúdo é histórico, e do 7 ao 12, profético. O conteúdo histórico do livro contém experiências que revelam a soberania e o cuidado de Deus para com aqueles que lhe são fiéis. Já o conteúdo profético traz predições escatológicas, em sua maioria, ainda não cumpridas. Por este último conteúdo cremos na “contemporaneidade” de Daniel. [Comentário: O livro também mostraria que Deus, embora juiz dos judeus, já que os deixou ir para o exílio, haveria de restaurá-los, por causa de sua misericórdia. Naturalmente, o arcabouço histórico poderia ter sido utilizado pelo autor como uma lição objetiva, destinada a um povo posterior, que estivesse enfrentando um conjunto inteiramente diverso de dificuldades. O Comentário Bíblico Beacon afirma que “O livro de Daniel foi um livro para Daniel e para o atribulado povo remanescente de Deus dos seus dias, mas esse também é um livro para todas as gerações, designado para manter a história em perspectiva. O livro continua sendo relevante para os nossos dias. Certamente, estamos mais próximos do tempo da consumação do Reino de Deus do que qualquer povo que viveu antes de nós. Em dias de profunda escuridão e conflitos cruciais, vamos extrair esperança e coragem da mensagem transmitida a Daniel”. Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 500.]

3. A autoria e as características do livro. Indiscutivelmente, foi o próprio Daniel quem escreveu o livro entre os anos 606 e 536 a.C. Ele iniciou sua obra escrevendo na Babilônia e, posteriormente, encerrou-a no palácio de Susã (Dn 8.2). O livro contém doze capítulos, majoritariamente escrito em hebraico, excetuando a seção 2.4 até 7.28, que foi escrita em dialeto aramaico. Além de histórico, o livro de Daniel contém revelações proféticas cumpridas e outras que ainda vão se cumprir no futuro. São revelações concernentes ao povo de Israel e aos gentios. Deus revelou a Daniel o futuro das nações através da linguagem alegórica. Portanto, pode-se classificar o livro de Daniel como gênero apocalíptico porque desvenda o futuro do mundo trazendo esperança para o povo de Deus, pois ali, Israel é o ponto convergente dos fatos futuros. [Comentário: Desde a antiguidade a tradição judaico-cristã tem declarado que Daniel escreveu esse livro durante o exílio no século 6 a.C. O fato de os homens da Grande Sinagoga terem escrito o livro de Daniel durante o período de Esdras e Neemias, de acordo com o Talmude, significa apenas que eles o copiaram. O livro pretende revelar uma historia séria e afirma que Daniel pronunciou as profecias ali contidas. JESUS referiu-se à "abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel" em Mateus 24.15. Até o momento, a opinião tradicional tem sido seriamente questionada. O livro provavelmente data do século VI. A descoberta do nome de Belsazar (q.v.) nas tábuas de argila da Babilônia, e a provável identificação feita por Whitcomb em relação a Dário, o medo (q.v.) com sendo Gubaru (em grego, Gobryas), foram muito longe para reivindicar a precisão histórica desse livro para o século VI. Supostos problemas linguísticos e exegéticos têm sido mais que adequadamente respondidos por estudiosos conservadores (SOTI, pp. 368ss.). Fragmentos de Qumran do livro de Daniel (150 a.C.) também estão exercendo forte pressão para localizar a data de sua autoria dentro de uma opinião conservadora.PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 520-522.]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Umas das razões da importância do livro de Daniel está no fato de que, em sua maioria, as predições escatológicas ainda não se cumpriram.

CONCLUSÃO
O livro de Daniel nos mostra o compromisso de um homem que se dispõe a servir a Deus, mantendo a sua integridade moral e espiritual sem fazer concessões ao sistema idólatra e opressor da Babilônia. Aprendemos igualmente que a história humana não é casual, mas dirigida pelo Deus soberano, que faz todas as coisas contribuírem para o bem daqueles que amam ao Senhor. [Comentário: O livro de Daniel consolida a literatura apocalíptica e trata sobre a soberania de Deus em um mundo hostil a Ele. O que o livro de Daniel nos ensina sobre o Deus que adoramos? Tome como exemplo as profecias contidas nele — as que já se cumpriram e as que ainda se cumprirão. De maneira bem vívida, elas mostram que YAHWEH é Aquele que cumpre a palavra! (Is 55.11).]
“NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere!

Hoje, em Campina Grande-PB
Outubro de 2014.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK, Roy (Ed). Teologia do Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013
EXERCÍCIOS
1. Com quem tem início a história do povo judeu?
R. A história do povo judeu começa com Abraão e Sara (Gn 12.1-3).
2. Quantas tribos constituíam os reinos do Norte e do Sul?
R. O reino do Norte constituía-se de dez tribos. O do Sul, de apenas duas tribos, Judá e Benjamim.
3. Quanto tempo durou o cativeiro de Israel?
R. Setenta anos.
4. Daniel era contemporâneo de quais profetas?
R. De Jeremias e Ezequiel.
5. Quais são os dois conteúdos distintos do livro de Daniel?
R. O livro de Daniel possui dois conteúdos: o histórico e o profético.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsídio Hermeneutico
“Uma correta interpretação de Daniel esclarece a revelação de que Deus tem um futuro para Israel. Um raciocínio crítico acerca da mensagem profética de Daniel cria uma concepção fictícia da importância do livro. Tamanho erro na interpretação exclui o significado das profecias e torna o livro de Daniel em um conto de fadas.
O livro de Daniel é a chave de todas as profecias bíblicas. Sem ele, remotas revelações escatológicas e seu escopo profético são inexplicáveis. As grandes profecias do Senhor, no discurso do monte das Oliveiras (Mt 24,25; Mc 13; Lc 21), bem como 2 Tessalonicenses 2 e o livro de Apocalipse (ambos mencionam o Anticristo de Daniel 11), só podem ser compreendidas com a ajuda das profecias de Daniel” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.175).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsídio Hermenêutico
“Uma correta interpretação do livro de Daniel
A fim de interpretar corretamente Daniel, duas premissas são relevantes: (1) O livro é genuíno e foi escrito pelo profeta Daniel no século VI a.C. Muitos críticos afirmam que o livro de Daniel faz parte daquilo que conhecemos como literatura apocalíptica, que veio a surgir já no período helenístico. Eles sustentam que fraudes de autoria e data são comuns neste gênero literário. Tais suposições racionalistas são, contudo, inaceitáveis. A interpretação de qualquer livro considerado apocalíptico não exige uma hermenêutica específica ou sistemas interpretativos especiais. Mudar sua hermenêutica é separar a profecia bíblica de seu cumprimento histórico. É uma tentativa liberal de se considerar a profecia como mito ou fantasia. (2) Uma interpretação precisa depende do fato de a profecia não ser apenas possível, mas também do fundamento dos verdadeiros e genuínos escritos bíblicos apocalípticos. As profecias levaram muitos supostos estudiosos a rejeitarem a genuinidade das visões de Daniel. Muitos críticos rejeitaram de forma cabal o que é claramente uma profecia predita. A única forma de explicarem a meticulosidade e a acurácia das profecias de Daniel é relegando-as a uma época posterior e a um outro autor” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.175)

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Daniel, nosso contemporâneo
O livro de Daniel foi (e talvez ainda seja) objeto de algumas controvérsias entre os teólogos. Não por acaso, um crente batista, Willian Miller (ou Guilherme Miller), no ano de 1831, através de uma série de cálculos, popularizou a interpretação de Daniel 8.14 cujo resultado previa a volta de Jesus em 22 de Outubro de 1844. Miller errou na interpretação e até hoje o nosso Senhor não veio!
Anteriores a Willian Miller, outros intérpretes chegaram às conclusões semelhantes: o Jesuíta Manuel Lacunza (1731-1801); o jurista mexicano, Gutierry de Rozas (1835); Adam Burwell, missionário canadense da sociedade para propagação do Evangelho (1835); R. Scott, padre anglicano e, em seguida, pastor Batista (1834); o missionário inglês, Joseph Wolff (1829). Por que um livro bíblico, a Palavra de Deus, traria tantas discrepâncias?
O problema não está na Bíblia, mas em quem a interpreta. Por isso, devemos considerar algumas informações ao iniciar o nosso estudo em Daniel:
Um relato histórico. O conceito conversador e tradicional de que o livro de Daniel é histórico e remonta os próprios dias do profeta era unânime até aparecer a crítica moderna da Bíblia. Ainda assim, não temos razões para mudar este conceito hoje.
O livro. O texto foi escrito em hebraico, entretanto, os capítulos da seção 2.4 a 7.28 foram redigidos em aramaico. Derivado da Caldeia, o aramaico era um idioma popular das relações internacionais do período imperial babilônico.
O Esboço. Este nos ajuda a compreender a unidade literária do livro de Daniel. A estrutura da obra bíblica consta assim: (I) História [1-6] e (II) Profecia [7-12].
(I) História: Daniel na Babilônia [1]; as duas imagens — o sonho e a estátua de Nabucodonosor [2 e 3]; Dois reis sob disciplina — o orgulho de Nabudonosor e a profanação de Belsazar [4 e 5]; O decreto de Dario [6].
(II) Profecia: As duas visões dos animais-impérios — os quatro animais / o bode e o carneiro [7 e 8]; A explicação das duas profecias — os 70 anos de Jeremias e os acontecimentos dos últimos tempos [9-12].
Propósito. Revelar o escape de Deus para o Seu povo, apesar das injustiças promovidas pelos impérios pagãos. O profeta Daniel mostra que o Senhor julgará os poderes políticos do mundo que institucionalizam a injustiça. Quando entendemos a unidade literária de Daniel os símbolos e as figuras apresentadas no livro tornam-se complementos do assunto central: a Soberania de Deus.

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
-. Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Jovens e Adultos; Título: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje. Comentarista: Elienai Cabral
-. Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital);
-. Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;


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