sábado, 31 de maio de 2014

Ministério do pastor

Qualificações dos Presbíteros: Irrepreensível

Juliano Heyse (editor)
É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível... 1 Tm 3:2
Alguém que seja irrepreensível ... Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível... Tt 1:6-7

Introdução

Começamos aqui uma série que visa compilar diversas fontes de informação sobre as qualificações de presbíteros enumeradas em 1 Tm 3:1-7 e Tt 1:5-9. Começamos com a informação léxica do grego e depois citamos o conteúdo de diversos comentários. Ao final, pretendemos tirar algumas conclusões pessoais.
Os comentários foram listados em ordem alfabética.

Grego

• Em 1 Timóteo ανεπιληπτοζ - anepileptos

Strongs - que não pode ser repreendido, não censurável, irrepreensível

Rienecker e Rogers –Impassível de ser preso, irrepreensível, além de reprovação. A palavra não implica somente que o homem deve ter boa fama, mas que ele é assim reservadamente.
• Em Tito ανεγκλητοζ anegkletos

Strongs - que não pode ser julgado, irreprovável, não acusado, irrepreensível

Rienecker e Rogers – sem acusação, irrepreensível.

Comentários

• Broadman – A tradução da Revised Standard Version – "acima de qualquer censura" - parece muito forte. Easton traduziu "não acusável de má conduta". Paulo quer dizer que, dentro e fora da igreja, ele deve ter uma boa reputação.
• D. A. Carson - de certa forma, inculpáveis. Isso não significa que essa pessoa é perfeitamente sem pecado; há muito na Bíblia contrariando esse tipo de expectativa. O que isso significa é que não há nenhuma inconsistência ou falta óbvia que todo o mundo concorda que esta lá e serve como uma repreensão àquele homem.
• Jamieson, Fausset e Brown – não dando nenhuma causa justa para acusação.
• João Calvino – Ele não pode estar marcado por nenhuma infâmia que enfraqueceria sua autoridade. Não há ninguém entre os homens que esteja livre de todo defeito. Mas uma coisa é ser marcado por um defeito comum, que não causa dano à reputação, porque são encontrados em homens de excelência, e outra coisa bem diferente é ter um nome deplorável ou estar manchado por alguma baixeza. Portanto, para que um bispo não fique sem autoridade, Paulo impõe que seja selecionado alguém que tenha uma boa e honrosa reputação, e que não possa ser acusado de nenhum defeito fora do comum.
• John Gill – Não que se possa esperar que ele deva ser totalmente livre de pecado, ou inculpável aos olhos de Deus; mas alguém que seja assim diante dos homens e que não tenha sido culpado de nenhum crime notório e perverso; e particularmente, que não seja acusável de nenhum dos defeitos mencionados ou sugeridos a seguir.
• John MacArthur – literalmente “não acusável” em um sentido criminal. Não há nenhuma acusação válida de transgressão que possa ser feita contra ele. Nenhum pecado flagrante ou evidente pode estragar a vida de uma pessoa que precisa ser um exemplo a ser seguido por seu povo. Este é o requisito universal para presbíteros; as demais qualificações são uma elaboração do que significa ser irrepreensível.
• Matthew Henry – não deve estar sob nenhum escândalo; ele deve dar tão pouca ocasião para acusação quanto possível, porque isso seria um prejuízo para o seu ministério e traria reprovação sobre o seu ofício.
(Em Tito) Não absolutamente sem faltas, isso ninguém é, porque não há quem viva e não peque; nem totalmente sem acusação, isso é raro e difícil. O próprio Cristo e seus apóstolos sofreram acusações, apesar de não serem culpados. Em Cristo certamente não há nada culpável; e seus apóstolos não eram como seus inimigos os acusavam de ser. Mas o significado é que ele não deve ser alguém que tem um mau caráter; mas deve, em vez disso, ter boa reputação, mesmo entre aqueles que são de fora; não repulsiva ou escandalosamente culpado, de forma a trazer reprovação à santa função; ele não deve ser assim.
• New American Commentary – um homem de caráter ilibado. Talvez seja um termo universal usado para cobrir toda a lista de virtudes que viria em seguida. É uma pessoa com um caráter tal que nenhuma pessoa pode propriamente trazer contra ela uma acusação de inadequação.
• William MacDonald – Significa que ele não pode ser cobrado de nenhum erro grave. Não que ele não tenha pecado, mas, se comete falhas, deve conciliar-se com Deus e com os homens. Ele deve ser irrepreensível, não apenas de reputação inabalável, mas merecedor dela.
(Em Tito) de inquestionável integridade. Não se pode imputar a eles nenhuma acusação de falsa doutrina ou comportamento irregular. Isso não significa que estejam isentos de pecado, mas que, se cometem erros menores, estão prontos para corrigi-los pela confissão a Deus, pelo pedido de perdão à(s) pessoa(s) prejudicada(s) e pela restituição, se for o caso.

Conclusão

Esta qualificação não parece gerar muita polêmica. Aparentemente, como apontaram MacArthur e o New American Commentary, trata-se de uma "qualificação resumo" que engloba todas as outras. Uma maneira sintética de definir aquilo que ele iria esmiuçar em seguida. Parece fazer sentido, já que as duas listas começam com esta qualificação. Nota-se que comentaristas reformados tendem a ressalvar que não há homem verdadeiramente irrepreensível (veja Carson, Calvino, Gill, Henry e MacDonald) e que esta qualificação está apontando para a reputação geral do indivíduo, cujo desdobramento será feito nas demais qualificações. Isso dá também o tom da avaliação das demais qualificações que não pode ser de uma perfeição inatingível.
Além da forte ênfase moral, chama a atenção a preocupação de MacDonald em apontar que "não se pode imputar a eles nenhuma acusação de falsa doutrina". Fica bem claro também que esta qualificação está fortemente ligada a todo ensino bíblico do pastor como guia e exemplo para o rebanho. Exigir irrepreensibilidade neste sentido parece ser uma medida de bom senso cristão.

sábado, 24 de maio de 2014

O ministério de evangelista


Agora, vejamos o que a Bíblia fala sobre o dom ministerial de evangelista.

O vocábulo evangelista significa no original mensageiro de boas-novas. O autêntico ministro evangelista, chamado por Deus e colocado por Ele no ministério, não deve exercer o apostolado. Seu ministério deve ser itinerante. É só atentarmos para Felipe em Atos 8, principalmente para o último versículo: "E Felipe se achou em Azoto, e, indo passando, anunciava o Evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia", v40.

O professor de Escola Dominical tem a visão de uma classe de alunos; o pastor tem a visão de sua congregação, seu campo; o evangelista tem a visão regional e mundial. Sua paixão é o mundo para Cristo!

A mensagem do evangelista é "Vinde ao Senhor"; a do profeta é "Permanecei no Senhor". Veja o exemplo de Barnabé como profeta: "O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor com propósito do coração", At 11.23.

Em síntese, as diferenças entre profeta, evangelista e mestre são as seguintes: O profeta move o coração, a consciência do povo. Ele apela ao sentimento. O evangelista leva o povo a uma decisão diante de Deus. Ele apela à vontade. O mestre instrui o povo, a congregação, no caminho do Senhor, na Palavra de Deus, na doutrina bíblica. Ele apela à mente. Deus pode conceder a um mesmo ministro mais de um ministério ou dom ministerial.

O evangelista não deve ser um obreiro neófito, como se o ministério de evangelista fosse um início de "carreira". Veja o exemplo de Felipe mais uma vez. Em Atos 8.5-8,13-40, no começo de seu ministério, o encontramos em pleno exercício. Em Atos 21.8, encontramos Felipe em plena atividade ainda.

O evangelista deve ter um conhecimento sistemático das doutrinas da Bíblia, especialmente aquelas ligadas ao exercício do seu ministério. Algumas das doutrinas e ensinos que o evangelista precisa conhecer são a doutrina da salvação, que por sua vez abrange em si um grupo de doutrinas; a doutrina da fé; o discipulado cristão, começando com a integração dos novos convertidos; milagres, sinais e prodígios, como em Atos 2.22; o batismo no Espírito Santo; e os dons e o fruto do Espírito. Ele também deve estudar muito homilética, exegese e hermenêutica. Tanto o profeta como o evangelista, como mensageiros de Deus, usam muito a imaginação. Jeremias e Ezequiel são exemplos. Jeremias com o cinto (Jr 13) e Ezequiel com o tijolo e a panela (Ez 4.1 e 24.3).

O tema principal do evangelista é a salvação dos perdidos e a volta dos desviados. Ele também promove o avivamento espiritual dos crentes. Onde não vemos nada na Bíblia sobre Salvação, o evangelista vê pelo Espírito, e ali prega! Para ele, parece que a Bíblia só contém a mensagem da Salvação. É interessante como o ministério evangelístico e a música são tão relacionados.

O autêntico ministério de evangelista é concedido por Jesus, nunca imposto pelos homens. Pelo fato de certos "evangelistas" não terem esse ministério, os tais usam de malabarismos, trejeitos, mecanicismo, emocionalismo e até truques diante do povo. Se bem que pode haver muito disso em um evangelista imaturo.
Paulo também era evangelista (1Co 1.17). Até a inscrição de uma placa serviu de tema de sermão para ele (At 17.23)!

Semana que vem, veremos o dom ministerial de pastor.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

LIÇÃO 7 O MINISTÉRIO DE PROFETA






A palavra profecia (oráculo)
:

 em Pv 30.1 segundo algumas versões, representa a palavra hebraica massa,que propriamente significa “oráculo”; e o nome profeta, em Is 30.10, representa a palavra hebraica chozeh, que propriamente significa “vidente”, e refere-se àqueles que vêem visões. Mas sempre, em qualquer outro lugar no A.T., a “profe­cia” é a tradução de nebu’a; e “profeta” a de nabi. Não é certa a significação original da raiz (NB). A raiz (NB) significa ferver em cachão, e nabi, portanto, supõe-se querer dizer aquele que ferve com a inspiração ou com a mensagem divina. Todavia, é mais provável que nabiesteja em conexão com uma raiz assíria ou árabe, que significa proferir, anunciar uma mensagem. Neste caso o nabi é considerado o orador, a quem foi confiada uma missão. Isto está em conformidade como que se lê em Ëx 7.1: “Então disse o Senhor a Moisés: Vê que te constituí como deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta.” Por isso é provável que o nome “profeta”, como é empregado na Bíblia, signifique aquele que fala como acreditado mensageiro do Altíssimo Deus. Deve-se observar que no termo, de que se trata, não há coisa alguma que implique previsão de acontecimentos. Pode um profeta predizer, ou não, o futuro segundo a mensagem que Deus lhe der. Deste modo a palavra grega prophetes, que se acha na versão dos Setenta, e no N.T., significa aquele que “expõe, fala sobre certo assunto”. Os substantivos abstratos nebu’a propheteie (“profecia”) têm uma significação correspondente.
2- O estado dos profetas ao receberem a sua mensagem.
E importantíssima ter uma noção certa das condições espirituais do profeta, afim de que possamos penetrar os segredos da comunicação do homem com Deus. A concepção pagã da profecia era a de uma condição absolutamente passiva no profeta, de modo que, quanto mais inconsciente se mostrava, mais apto estava para receber a mensagem divina. Alguma coisa deste gênero se pode ver na histeria do povo israelita. Aquelas danças sagradas dos profetas de Baal, durante as quais eles batiam em si furiosamente, cortando-se com canivetes, para que pudessem receber um sinal visível de aprovação divina, eram, na realidade, uma manifestação típica (1 Rs 18.26 a 28); e é provável que em tempos posteriores os falsos profetas tomassem disposições semelhantes, com o fim de provocarem em si próprios o estado de êxtase para as suas arengas. Mas a idéia pagã de profecia se apresenta dum modo muito claro em Balaão. A sua vontade e os seus próprios pensamentos são vencidos pela inspiração divina, proclamando ele a mensagem celestial, contrariamente aos seus particulares desejos (Nm 22 a 24).

No tempo de Samuel já se vê o principio de melhor sistema. Ele reunia em comunidades aqueles que parecia terem dons especiais da profecia, disciplinando-os, ensinando-lhes a música, e, segundo parece, ministrando-lhes conhecimentos da história e religião, para que pudessem estar nas melhores condições de receber as palavras de Deus (1 Sm 10.10 a 13; 19.18 a 20). A respeito da música pode-se compreender que era para aquietar a alma, e prepará-la para as comunicações com Deus (1 Sm 16. 14 a 23; 2 Rs 3.15). Quanto a serem estas escritas ou não pelo profeta, isso dependia do caráter particular de cada alocução.

Essas profecias, devemos dizê-lo, são inteiramente apostas ás produzidas no estado de mero êxtase. São escritas com grande escolha de palavras e frases, revelando a vida anterior dos profetas, os seus interesses e ocupações, e apresentando em vários graus a cultura e as circunstâncias do tempo em que cada profecia foi revelada. As profecias de Amós. de Miquéias, de Isaias, e de Jeremias, por exemplo, estão muito longe das de Balaão, tanto na visão espiritual como nos conscientes pensamentos e deliberado estudo. Os profetas tinham aprendido que Deus Se servia das próprias faculdades e aptidões deles como instrumento das Suas revelações.

Na verdade, querendo formar a mais alta concepção do estado do profeta, na recepção das comunicações divinas, temos esse ideal em Jesus Cristo, que estava em comunhão com o Seu Pai, e anunciava aos homens o que dele ouvia (Jo 8.26 a 40; 15.15; 17.8). Em Jesus não havia o estado de êxtase, mas manifestava-se uma clara comunicação espiritual, tendo a Sua alma um grandioso poder receptivo e ativo. Na proporção em que os profetas alcançavam este dom maravilhoso de profecia, podiam eles receber e transmitir perfeitamente a mensagem divina.
3- A função dos profetas

Examinando as suas palavras num sentido mais lato, e tomando no seu todo a obra dos profetas, observamos que uma das suas mais importantes funções era a interpretação dos fatos passados e presentes. Estudando eles os acontecimentos na presença de Deus, puderam vê-los na sua luz divina, e compreendê-los assim no seu verdadeiro as­pecto e significação. Por isso os profetas não eram, realmente, historiadores (como o escritor dos livros dos Reis), mas foram algumas vezes políticos ativos bem como diretores religiosos. Entre estes podemos admitir não somente Isaias e Jeremias, mas também Eliseu, visto como este mandou um dos filhos dos pro­etas ungir Jeú. efetuando deste modo a destruição da dinastia de Onri, culpada de prestar culto a Baal (2 Rs 9). Além disso, o fato de eles perceberem a significação dos acontecimentos passados e presentes, habilitava-os a conhecer os resultados da vida pessoal e nacional, e a proclamar princípios que tinham um alcance muito mais largo, de muito maior extensão, do que o que eles podiam imaginar. E, deste modo, quando as mesmas forças operavam em tempos e lugares muitíssimo distantes dos contemplados pelos próprios profetas, as suas palavras de aviso e conforto achavam cumprimento, não talvez uma vez somente, mas em diversas ocasiões. E a este poder, inerente a uma previsão verdadeiramente inspirada, que São Pedro provavelmente se refere, quando escreveu (2 Pe 1.20): “nenhuma profecia da Escritura é de particular elucidação”, querendo dizer que o seu significado e referência não devem limitar-se a qualquer acontecimento no tempo.
4- O valor das profecias:  

a) Os sacerdotes tratavam de coisas rituais, ou melhor, das ora­ções litúrgicas e dos cânticos sagrados. Nos profetas havia vistas mais largas, e uma realização mais completa da vontade de Deus na vida diária, tanto particular como nacional. Se quisermos, talvez, dizer em poucas palavras qual o efeito dos ensinamentos dos profetas sobre os seus contemporâneos, quer se trate de pessoas, quer de nações, afirmaremos que eras esperança o forte sentimento que consolava a alma israelita, apesar dum passado manchado pelo pecado, e dum presente sob a ameaça do castigo. Todavia, superior a tudo, estava Deus realizando o Seu plano de misericórdia e bênçãos. Nenhuma religião, fora do Judaísmo, podia mostrar nos seus ensinamentos tais princípios de consoladora expectativa. E eis aqui um dos grandes segredos que explicam o grande êxito que só a religião de Israel alcançou.

b) Se os contemporâneos dos profetas muito ganharam, ou estiveram na situação de ganhar com a obra dos profetas, maior proveito disso devemos nos ainda tirar. Porquanto estamos agora preparados para ver bem o efeito das suas doutrinas e predições, e considerar as verdades eternas, em que eles depositavam completa confiança. Dum modo particular, certamente, podemos apreciar até certo grau as suas exposições acerca do grande Personagem, por meio do qual havia de vir a redenção de Israel. Não é o nosso fim neste artigo enumerar as várias profecias com relação a Cristo. A maioria delas é bem conhecida. Basta dizer-se que, embora os profetas não alcançassem bem o inteiro sentido das suas próprias palavras, esperavam, contudo, um Ente que havia de ser idealmente perfeito, na sua qualidade de Rei para governar, de Profeta para ensinar, e de Sacerdote para reconciliar; que havia de ser homem, e mais do que homem, pois seria Ele mesmo Deus; e que havia de sofrer até á morte, reinando, contudo, para sempre na Glória.
5- Profecia e profetas do Novo Testamento:
Houve uma pausa: por espaço de trezentos anos não tinha Deus falado aos homens. Mas no fim desse tempo, João, filho de Zacarias, cognominado o Batista, que foi “profeta”, e “mais de que profeta” (Mt 11.9), apareceu, revelando às multidões a vontade de Deus a respeito delas, e dizendo-lhes que estava chegado o tempo em que as profecias sobre a vinda do Libertador deviam ser cumpridas. E chegou esse tempo do Profeta ideal, em quem tiveram realização, no maior grau. as palavras de Moisés (Dt 18.18; At 3.22), revelando Ele nos Seus atos e palavras o Espírito do Pai celestial. E compreende-se que a atividade profética não tivesse a sua paragem em Jesus Cristo, continuando duma maneira nova, depois que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecoste. Então, as palavras de Joel receberam parte do seu cumprimento: “vossos filhos e as vossas filhas profetizarão” (Jl 2.28; At 2.17); e mais uma vez se acostumaram os crentes a ouvir os profetas, que se lhes dirigiam em nome do Se­nhor. Entre estes são mencionados: Ágabo e outros, vindos de Jerusalém (At 11.27,28; 21.10); profetas em Antioquia (At 13.1); Judas e Silas (At 15.32); as quatro filhas de Filipe, o evangelista (At 21.9). S. Paulo também se refere a profetas cristãos em 1 Co 12.28 e seguintes: 14.29,32,37; Ef 3.5 e 4.11, compreendendo nós, por essas passagens, que esses obreiros, tomando parte proeminente nas reuniões cristãs, nos cultos, eram algumas vezes inclinados a pensar que não podiam restringir o ímpeto da fala. O autor do Apocalipse também se refere freqüentes vezes aos profetas cristãos, que são considerados como seus irmãos (Ap 22.9; vede também 10.7; 11.10-18; 16.6; 18.20-24; 22.6).
Fonte: D. Bíblico Universal

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A Fragilidade do Apostolado Moderno


É curioso observar como algumas igrejas evangélicas tem facilidade em aceitar novidades. E é triste verificar a falta de empenho dos cristãos em observar as Escrituras e analisá-las com sensatez e cuidado. Triste também é saber que poucas são as igrejas que motivam seus membros ao estudo sistemático da Bíblia, ao aprofundamento teológico, a formação de grupos de estudo e discussão sobre as doutrinas cristãs e que verifiquem na Bíblia se as coisas realmente são como é pregado. Aliás, não é pecado analisar se os ensinos e a pregação estão em conformidade com as Sagradas Escrituras (Atos 17.10-11).
Dentro desta miscelânea de revelações e novidades que temos observado, é importante expressar-se sobre o caráter das revelações: 1) as revelações nunca deverão ser colocadas acima da Bíblia. A Bíblia é a palavra final e autoridade máxima, já que se trata da inerrante Palavra de Deus; 2) Se a revelação está em desconformidade com a Bíblia, descarte imediatamente tal revelação. Deus não é Deus de confusão (1 Coríntios 14.33) As experiências pessoais não podem ser colocadas acima das Escrituras Sagradas, pois estas já contêm a revelação do propósito de Deus ao homem.
Nestes tempos de tantas novidades, algo chama atenção de maneira muito preocupante na história recente da igreja: trata-se do Apostolado Contemporâneo, ou Restauração Apostólica. Muitos têm se levantado como apóstolos nestes dias. Apóstolos ungindo apóstolos e criando uma hierarquia apostólica. Alguns pastores que, talvez por se sentirem menores que seus colegas de ministério que foram ungidos como apóstolos, ungem-se a si mesmos e se auto-proclamam apóstolos. Não há fundamento para o chamado ministério apostólico contemporâneo pelo simples fato do mesmo não possuir respaldo bíblico.
O termo
Segundo o Dicionário Bíblico Universal, o termo apóstolo “significa mais do que um ‘mensageiro’: a sua significação literal é a de ‘enviado’, dando a idéia de ser representada a pessoa que manda. O apóstolo é um enviado, um delegado, um embaixador” (Buckland & Willians, p. 35) A Bíblia de Estudo de Genebra também aplica esta descrição, dizendo que apóstolo “significa ‘emissário’, ‘representante’, alguém enviado com a autoridade daquele que o enviou” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).

A frágil sustentação
Aqueles que defendem esta frágil posição, têm se sustentado principalmente na má interpretação do texto de Efésios 4.11 para o uso do ministério apostólico para nossos dias. O texto de Efésios 4.11 diz: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”.

A refutação
As regras mais simples de hermenêutica nos ensinam que os textos sagrados nunca devem ser tirados de seu contexto. E no contexto da epístola de Paulo aos Efésios, temos no capitulo 2 o texto que prova que este ministério não mais existe. Antes de citar o texto, é importante refletir: quando um prédio é construído, o que é feito primeiro? As paredes ou a fundação da obra? É obvio que todo alicerce, toda fundação é feita em primeiro lugar. Não é possível construir as paredes e no meio das paredes fazer a fundação. Efésios 2.19-20 diz: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”.
Cristo é a pedra angular e os fundamentos foram postos pelos apóstolos e profetas. Os evangelistas, pastores e mestres são os responsáveis pela construção das paredes desta obra. Como bem explica Norman Geisler “De acordo com Efésios 2.20, os membros que formam a igreja estão ‘edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’. Uma vez que o alicerce está pronto, ele não é jamais construído novamente. Constrói-se sobre ele. As Escrituras descrevem o trabalho dos apóstolos e dos profetas, quanto à sua natureza, como um trabalho de base”(Geisler, p. 375).
A Bíblia registra o uso do termo apóstolo a outros personagens. Russel N. Champlin explica que “há também um sentido não técnico, secundário, da palavra ´apóstolo´. Trata-se de uma significação mais lata, em que o termo foi aplicado à muitas outras pessoas, nas páginas do NT. Esse sentido secundário dá a entender essencialmente ´missionários´, enviados dotados de poder e autoridade especiais” (Champlin, p. 288, v. 3). Nesse sentido o Ap. Paulo chamou a alguns irmãos por apóstolos seguindo este termo não técnico:

PersonagemTexto
Tiago, irmão do SenhorGálatas 1.19
EpafroditoFilipenses 2.25
Apolo1 Coríntios 4.9
Andrônico e JuniasRomanos 16.7
No contexto de Efésios 4.1, Paulo não estava se referindo a estes homens, mas sim aos 12, Matias (que substituiu Judas Iscariotes), e a si mesmo. Estes compunham, juntamente com os profetas, o fundamento da igreja (Efésios 2.19-20).
Existiam duas exigências fundamentais para que um apóstolo fosse reconhecido para tal função:
1) Ser testemunha ocular da ressurreição de Jesus Cristo (Atos 1:21-22; Atos 1.2-3 cf. 4.33; 1 Coríntios 9.1; 15.7-8);
2) Ser comissionado por Cristo a pregar o Evangelho e estabelecer a igreja (Mateus 10.1-2; Atos 1.26).
Assim como Matias, que passou a integrar o corpo apostólico por ser uma testemunha, Paulo, que se considerava o menor, por ser o último dos apóstolos, contemplou a Cristo no caminho de Damasco (Atos 9.1-9; 26.15-18), onde ocorreu o início de sua conversão. Ou seja, ambos preenchem os pré-requisitos para tal função. No entanto, os que se intitulam apóstolos em nossos dias não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado.
É interessante que, enquanto o Ap. Paulo refere-se a si mesmo como “o menor dos apóstolos” (1 Coríntios 15.9), os atuais apóstolos tem por característica a fama e a ostentação do título. Tudo é apostólico! A unção é apostólica! Os eventos são apostólicos! As músicas são apostólicas! Nem de longe se assemelham com a humildade dos apóstolos bíblicos. Eventos, cultos e seminários se tornam mais interessantes quando a presença do Apóstolo Fulano é confirmada. É um chamariz: “venha e receba a unção apostólica diretamente do Apóstolo Beltrano”. Tais apóstolos têm se colocado como super-crentes, uma nova e especial classe da igreja, a elite cristã dos tempos modernos. Hoje existe de tudo um pouco neste balcão mercantil da fé: Apóstolo do Brasil, Apóstolo da Santidade, Apóstolo do Avivamento e até mesmo o mais popular apóstolo brasileiro, chamado por muitos por “Paipóstolo”.

Existem hoje ministérios com características apostólicas, no sentido das missões (envio) e no estabelecimento de igrejas. No entanto, isso não faz de ninguém um apóstolo nos padrões bíblicos. A forma como Wayne Grudem explica esse fato é muito esclarecedora: “Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque simplesmente confunde que lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao ofício de ‘apóstolo’. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes na história da igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e Whitefield – assumiu o título de ‘apóstolo’ ou permitiu que o chamassem apóstolo. Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título ‘apóstolo’, logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter”. (Grudem, p. 764).
É equivocado aplicar o termo “apóstolo” para ministros contemporâneos. A Bíblia de Estudo de Genebra concluí que “Não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside nas escrituras canônicas” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).
Tamanho o fascínio que os crentes possuem por essa Restauração Apostólica, gera preocupação nas lideranças mais sóbrias. Vale citar as sábias palavras de Augusto Nicodemus Lopes: “Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira.” (Lopes, cf. blog do autor).

Conclusão
Os ofícios que o Novo Testamento expõem para a igreja, para aqueles que compõem sua liderança, são: Apóstolos, Pastores (ou Presbíteros, ou Bispos – já que todos os termos representam a mesma função/ofício – Tito 1.5-7; Atos 20.17,28) e Diáconos. Esta Restauração Apostólica não encontra subsídio bíblico ou histórico, portanto, levando em conta este contexto, e considerando principalmente que Paulo foi o último apóstolo, conclui-se que não existem apóstolos em nossos dias. Cabe a igreja de nossos dias, exercer suas funções sem invencionices e modismos, seguindo o puro e verdadeiro Evangelho.
Referências:
Buckland, AR. e Willians, L. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: 2001. Editora Vida
Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo: 1999. Editora Cultura Cristã
Geisler, N. e Rhodes, R. Resposta às Seitas. Rio de Janeiro: 2004. CPAD.
Champlin, RN. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 3 e 4. São Paulo: 2002. Hagnos
Grudem, W. Teologia Sistemática. São Paulo: 1999. Edições Vida Nova.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

2Trim2014_Lição 5: Dons de Elocução








2º Trimestre de 2014

Lição 5

4 de maio de 2014


Dons de Elocução


TEXTO ÁUREO

“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!” (1Pe 4.11).


VERDADE PRÁTICA

Os dons de profecia, de variedades de línguas e de interpretação das línguas são para edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo.


HINOS SUGERIDOS

33, 77, 185.


LEITURA DIÁRIA

Segunda - Jo 17.17
A Palavra de Deus é a verdade
S
Terça - 1Tm 4.14
Não despreze o dom de Deus
T
Quarta - 1Co 14.3
Os objetivos do dom de profecia
Q
Quinta - 1Co 14.32
Equilíbrio e bom-senso quanto aos dons
Q
Sexta - 1Co 14.22-25
Sinais para os fiéis e para os infiéis
S
Sábado - 1Co 12.31
Buscar os dons com zelo
S

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Coríntios 12.7,10-12; 14.26-32.
1 Coríntios 12
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
12 - Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.

1 Coríntios 14
26 - Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27 - E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28 - Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 - E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30 - Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 - Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32 - E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·         Analisar biblicamente o dom de profecia;
·         Compreender o dom de variedade de línguas, e
·         Valorizar o dom de interpretação de línguas.

PALAVRA CHAVE
Elocução: Ação ou efeito de enunciar o pensamento por palavras.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O estudo da lição desta semana concentrar-se-á nos três dons classificados como os de elocução: profecia, variedade de línguas e interpretação das línguas. Os propósitos destes dons especiais são os de edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo (1Co 14.3). Isso porque os dons de elocução são manifestações sobrenaturais vindas de Deus, e não podem ser utilizadas na igreja de forma incorreta. Assim, devemos estudar estes dons com diligência, reverência e temor de Deus, para não sermos enganados pelas falsas manifestações. [Comentário: Concluindo o primeiro bloco deste trimestre, onde estamos estudando os dons espirituais listados em 1Co 12, veremos nesta aula a respeito dos dons de elocução - o dom de profecia; o dom de variedade de línguas ou dom de línguas, e o dom de interpretação de línguas. Os dons de elocução manifestam a onipresença de Deus no meio do Seu povo. O momento atual da Igreja evangélica depois das três ondas pentecostais, tem se caracterizado como confuso e ao mesmo tempo controverso por causa da compreensão e prática errôneas acerca dos dons concedidos pelo Espírito Santo; também cresceu a desinformação e falsos ensinos e práticas, principalmente no que diz respeito ao dom de profecia. “Hoje quase tudo é “profético”. É oração profética, louvor profético, oferta profética, abraço profético, raiva profética e até blog profético! O problema é que se tudo é profético, qual é o objeto da profecia? A quem profetizo?”. A Bíblia padroniza oassunto assim: Deus fala a um profeta, e esse profeta fala ao povo. Se todos forem profetas, onde estará o povo? Com quem Deus está falando? Na Bíblia, quando um profeta “profetizou” a outro profeta – e não ao povo – deu problema: o profeta velho de I Reis 13. Ainda contamos com duas linhas de interpretação acerca da atualidade dos dons: a corrente pentecostal, e a corrente cessacionista. Nós, pentecostais, defendemos a contemporaneidade dos dons para a atualidade, embora estejamos dividindos em algumas vertentes [de acordo com Franklin Ferreira são: Pentecostais Clássicos, Pentecostais de “cura divina”, Pentecostais das “igrejas renovadas”, Neopentecostais. In: Teologia Sistemática: uma análise Histórica, Bíblica e Apologética. São Paulo, Vida Nova, 2007, p.852 e 853.]. Já os cessacionistas asseveram que nem todos os dons devem ser encontrados atualmente, mormente, por causa de seu caráter revelatório. Certamente esta lição desmistificará o assunto, e saberemos distinguir o verdadeiro do falso, aplicar os dons de elocução com objetividade] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. DOM DE PROFECIA (1Co 12.10)
1. O que é o dom de profecia? De acordo com Stanley Horton, o dom de profecia relatado por Paulo em 1 Coríntios 14 refere-se a mensagens espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua conhecida para quem fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a pessoa destinatária da mensagem. Profetizar não é desejar uma bênção a uma pessoa, pois essa não é a finalidade da profecia. Infelizmente, por falta de ensino da Palavra de Deus nas igrejas, aparecem várias aberrações concernentes ao uso incorreto deste dom. Não poucos crentes e igrejas locais sofrem com as consequências das falsas profecias. Apesar de exortar-nos a não desprezar ou sufocar as profecias na igreja local (1Ts 5.20), as Escrituras orientam-nos a que examinemos “tudo”, julgando e discernindo, pelo Espírito, o que está por trás das mensagens. Toda profecia espontânea deve ser julgada (1Co 14.29-33). [Comentário: Estamos diante de um assunto de extrema relevância para a edificação da Igreja e, por essa razão, ninguém deve desconhecer o tema ou sentir-se como os coríntios — ignorantes (12.1). Wayne Grudem é um dos maiores teólogos norte-americanos. Tendo estudado em Harvard e Cambridge, Grudem é autoridade a ser ouvida quando o assunto é teologia. Grudem faz uma análise profundamente bíblica da natureza e função do dom de profecia, ele prova biblicamente que a profecia é para hoje. Grudem diz: “No primeiro momento, poderíamos imaginar que os profetas do NT seriam como os do AT. Mas quando olhamos para o NT não parece ser esse o caso. Há pouca ou nenhuma evidência da presença de um grupo de profetas capazes de proclamar as palavras de Deus (com “autoridade divina absoluta”, que não pudesse ser questionada) ou com autoridade para escrever livros a serem incluídos no NT. No entanto, há um grupo bastante proeminentes no NT que realmente falava com autoridade divina absoluta e que escreveu a maioria dos livros do NT. Esses homens, porém, não eram chamados “profetas”, mas “apóstolos”. Eles se parecem, em muitos aspectos, com os profetas do AT”. Stanley M. Horton, Th.D., teólogo Pentecostal e o autor de inúmeros livros, afirma que a profecia objetiva a edificação, especialmente na fé; para exortar, especialmente para avançar na fidelidade e no amor, e consolar, referindo-se a: que anima e revivifica a esperança e expectativa (1Co 14.3). O Pr Ciro Sanches Zibordi escreve em seu Blog o seguinte: “É uma capacitação momentânea para se transmitir uma mensagem específica de Deus através de uma inspiração direta do Espírito Santo (1 Co 14.30; 2 Pe 1.21). Trata-se de uma manifestação sobrenatural, cuja função precípua é a edificação da igreja (1 Co 14.4). Nos tempos do Antigo Testamento, os profetas eram intermediários entre Deus e o povo (1 Sm 3.20; 8.21,22; 9.6,9,18-20). Esse tipo de ministério profético durou até João Batista (Lc 16.16). Hoje, o profeta não é mais uma espécie de mediador. E ninguém precisa consultar profetas, e sim ao Senhor, diretamente (1 Tm 2.5; Ef 2.13; Hb 10.19-22; Gl 6.16; Fp 4.6). Deve-se fazer uma distinção entre o ministério de profeta e o dom de profecia. Tanto o portador deste quanto o ministro são chamados de “profeta” (1 Co 14.29; Ef 4.11), mas há diferenças entre ambos. Primeiro, quando ao modo da concessão: o dom de profecia pode ser concedido a quem o busca (1 Co 14.1,5,24,31); já o ministério de profeta depende de chamada divina (Mc 3.13; Ef 4.11). Segundo, quando ao uso: o dom de profecia decorre de uma inspiração momentânea, sobrenatural (1 Co 14.30); o ministério profético está relacionado com a pregação da Palavra de Deus (At 11.27,28; 15.32; 13.1). O dom de profecia era uma realidade nos dias da igreja primitiva (At 19.6; 21.9; 1 Co 14). Ali, o ministério profético e o dom de profecia, às vezes, eram intercambiáveis (At 21.8-10)” http://cirozibordi.blogspot.com.br/2014/04/os-dons-espirituais-luz-das-escrituras-4.html.]
2. A relevância do dom de profecia. O dom de profecia é tão importante para a Igreja de Cristo que o apóstolo Paulo exortou a sua busca (1Co 14.1). Não obstante, ele igualmente recomendou que o exercício desse dom fosse observado pela ordem e cuidado nos cultos (1Co 14.40). Os crentes de Corinto deveriam julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem de onde elas procedem (1Co 14.29), pois elas possuem três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo. Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, mostra ações dos falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). Vigiemos! [Comentário: Todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à igreja nem abalar a fé dos mais fracos. Este tema deve ser visto com muito cuidado por alguns motivos: primeiro, a unção profética segundo a ordem do AT, onde pessoas eram separadas por Deus com o ministério profético para aplicar a revelação da Palavra de Deus e da Lei no meio do povo, foi encerrada com João (Mt 11.13). Também o que lemos em Efésios 4, é diferente do dom de profecia listada em 1 Co 12, pois enquanto pelo uso do Espírito no dom todos podem profetizar, o ofício ministerial de profeta concedido por Cristo é dado somente para alguns do corpo, como ofício permanente. Porém, este ofício em muito difere do profeta AT: as palavras do ministério profético não têm autoridade comparável a das Escrituras, até pelo fato de sua mensagem não vir por transe ou coisa parecida, mas sim, pelo próprio uso das Escrituras já reveladas, e por isso, sua mensagem deve ser analisada, e, de uma forma geral, tais pessoas são constrangidas pelo Espírito a zelar pela santidade no meio do povo de Deus. A afirmativa de que este ministério se restringe aos primeiros tempos da era da Igreja é uma afirmação que carece de embasamento bíblico. Se Cristo asseverou contra os falsos profetas é porque na história haveriam ‘verdadeiros profetas’. Mesmo escritos que eram observados nos primeiros séculos da Igreja, porém não canônicos, como o Didaqué, traziam instruções acerca do ministério dos profetas. A perícope de Ef 4.11 refere-se a pregadores irresistivelmente cheios do Espírito Santo, que cooperavam na edificação da Igreja (At 13.1). O apostolado original encerrou-se com o fim da era apostólica. O apostolado enquanto dom de Cristo continua ativo no seio da igreja do Senhor, e disto vemos o testemunho e amparo bíblico na própria igreja primitiva no Livro de Atos (Gl 1.9; 1 Ts 2.7; Rm 16.7). Hoje, o apostolado pode ser melhor visto no trabalho de missionários, embora haja denominações que unjam pessoas como apóstolos (especialmente no movimento neopentecostal), mas sem critérios específicos para o mesmo, e isso é muito preocupante. Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4).]
3. Propósitos da profecia. A profecia contribui para a edificação do crente. Porém, ainda existe muita confusão a respeito do uso dos dons de elocução, e em especial ao de profecia e sua função. Há líderes permitindo que as igrejas que lideram sejam guiadas por supostos profetas. A Igreja de Jesus Cristo deve ser conduzida segundo as Escrituras, pois esta é a inerrante Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada, a Profecia por excelência, deve ser o manual do líder cristão. Outros líderes, também erroneamente, não tomam decisão alguma sem antes consultar um “profeta” ou uma “profetisa”. Estes profetizam aquilo que as pessoas querem ouvir e não o que o Senhor realmente quer falar. Todavia, a Palavra de Deus alerta-nos a que não ouçamos a tais falsários (Jr 23.9-22). [Comentário: A função do profeta na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3). (b) Devia exercer o dom de profecia (c) Às vezes, ele era vidente (cf. 1Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28; 21.10,11). (d) Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17). Por causa da sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia. A mensagem do profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao julgamento da igreja, doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é de Deus (1Co 14.29-33; 1Jo 4.1). A origem do dom de profecia na igreja é o Espírito Santo, com a finalidade de fortalecer a fé do crente, sua vida espiritual e sua resolução sincera de permanecer fiel a Cristo e aos seus ensinos. Profetizar não é pregar um sermão previamente preparado. Profetizar é transmitir palavras espontâneas sob o impulso do Espírito Santo, para a edificação do indivíduo ou da congregação. ‘Edificar’ (gr. oikodomeo) é fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. O Espírito Santo é o autor dessa obra através dos dons espirituais, pelos quais os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm 12.2-8).]
SINOPSE DO TÓPICO (1)
O propósito do dom de profecia é edificar, exortar e consolar a Igreja (1Co 14.3).

II. VARIEDADE DE LÍNGUAS (1Co 12.10)

1. O que é o dom de variedades de línguas? De acordo com o teólogo pentecostal Thomas Hoover, o dom de línguas é “a habilidade de falar uma língua que o próprio falante não entende, para fins de louvor, oração ou transmissão de uma mensagem divina”. Segundo Stanley Horton, “alguns ensinam que, por estarem alistados em último lugar, estes dons são os de menor importância”. Ele acrescenta que tal “conclusão é insustentável”, pois as “cinco listas de dons encontradas no Novo Testamento colocam os dons em ordens diferentes”. O dom de variedades de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios 12. [Comentário: o dom de variedade de Línguas tornou-se um dos mais controversos, discutidos e debatidos na história da Igreja. Este Dom tornou-se particurlamente controverso em virtude da postura adotada pela Igreja de Corinto – postura de soberba e autossuficiência que foi assumida por muitas igrejas, numa tentativa ineficiente de apresentar crentes especiais, com mais autoridade e unção espiritual do que outros em virtude do manifestar ou não do dom de variedade de Línguas. Este dom é bíblico, é apresentado no Novo Testamento, e em 1 Co 12.20-30, Paulo exorta que não devemos extinguir a ação do Espírito Santo nem proibir o falar em línguas, todavia, nem todos são chamados para serem Apóstolos e Profetas, assim como nem todos foram chamados para o Falar em Línguas Estranhas. Dito isto, eis uma definição elucidativa: O dom de variedade de Línguas é a capacidade especial dada por Deus aos seus servos para edificação e fortalecimento pessoal. Capacidade de comunhão e intimidade com Deus que gere frutos que permaneçam. É um Dom de cunho pessoal – subjetivo, que terá sua confirmação no testemunho externo. O Pr Ciro Sanches Zibordi escreve em seu Blog o seguinte: “No contexto dos dons espirituais, falar noutras línguas é uma manifestação do Espírito; portanto, elas não são aprendidas, mas vêm de modo sobrenatural, sendo estranhas, desconhecidas, aos que as pronunciam. A promessa do batismo com o Espírito, com a evidência de falar noutras línguas, é mencionada nos dois Testamentos (Is 28.11,12; 44.3; Jl 2.28,29 com At 2.14-17; Mt 3.11; Lc 24.49; At 1.8). E o cumprimento dessa promessa começou no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Há relatos históricos de que tal evidência ocorreu nas vidas dos crentes da Igreja Primitiva (At 4.31; 8.15-17; 10.44-48; 19.1-7), bem como nas de outros salvos, ao longo da História. A promessa do revestimento de poder, com a evidência de falar noutras línguas, é para hoje (At 2.39; 11.15; Hb 13.8), haja vista a “dispensação do Espírito” estar em curso (2 Co 3.8)http://cirozibordi.blogspot.com.br/2014/04/os-dons-espirituais-luz-das-escrituras-4.html. Um melhor entendimento seria: O dom de línguas é o poder de falar sobrenaturalmente em uma língua nunca aprendida por quem fala, sendo essa língua feita inteligível a alguns poucos ouvintes por meio do dom igualmente sobrenatural de interpretação”. Parece duas classes de mensagens em línguas: primeira louvor em êxtase dirigido a Deus somente, que também definimos como “línguas privadas” (1Co 14.2); segunda, uma mensagem definida para a igreja (1Co 14.5) a qual definimos como “línguas públicas”. A primeira não há acompanhamento de qualquer tipo de interpretação. O texto bíblico que melhor descreve isso é 1Co 14.28, onde Paulo diz que as línguas, desacompanhadas de interpretação, não devem ser usadas nas igrejas; antes, a pessoa dotada do dom de línguas deveria “falar consigo mesma e com Deus” (prova disto em At 2.4); a outra não é para um restrito grupo de irmãos escolhidos para um exclusivo serviço (1Co 12.30)]
2. Qual é a finalidade do dom de variedade de línguas? O primeiro propósito é a edificação da vida espiritual do crente (1Co 14.4). As línguas, ao contrário da profecia, não edificam ou exortam a igreja. Elas são para a devoção espiritual do crente que recebe este dom. À medida que o servo de Deus fala em línguas estranhas vai sendo também edificado, pois o Espírito Santo o toca e renova diretamente (1Co 14.2). [Comentário: Como já afirmado acima, o dom de línguas visa a edificação do crente; note, ainda, o seguinte: elas são a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo (At 2.1-8; 10.44-46; 19.6; 9.18; 1 Co 14.18); elas edificam o crente (1 Co 14.4); elas são dadas pelo Espírito ao crente a fim de capacitá-lo a orar em espírito — ou “pelo Espírito [gr. pneumati]” (1 Co 14.2,14-16; Ef 6.18; Rm 8.26), e elas são dadas pelo Consolador como uma mensagem profética (dom de variedade de línguas), em conexão com o dom de interpretação das línguas. O crente, ao receber momentaneamente a variedade de línguas, dirige-se à igreja (1 Co 12.29,30), mas sua mensagem precisa de interpretação (1 Co 14.5,13,27,28).]
3. Atualidade do dom. É preciso deixar claro que a variedade de línguas não é um fenômeno exclusivo do período apostólico. O Senhor continua abençoando os crentes com este dom e cremos que assim o fará até a sua vinda. No Dia de Pentecostes, todos os crentes reunidos no cenáculo foram batizados com o Espírito Santo e falaram noutras línguas pelo Espírito (At 1.4,5; 2.1-4). É um dom tão útil à vida pessoal do crente em nossos dias quanto o foi nos dias da igreja primitiva. [Comentário: O batismo com o Espírito Santo é uma bênção na vida do crente. Esta dádiva divina é subsequente a experiência da salvação. Todavia, o batismo com o Espírito Santo não pode ser confundido com o novo nascimento, regeneração ou a santificação. Uma pessoa pode ser regenerada, justificada e santificada e ainda não ter recebido o revestimento de poder. O falar em línguas — tanto conhecidas como desconhecidas — quando provenientes do Espírito Santo, edificam o crente, a igreja e servem como sinal para os descrentes. A atualidade dessas manifestações é visível na vida de milhares de servos de Deus na experiência bíblica, durante a história da igreja e nos dias atuais, pois, como disse o apóstolo Pedro, “a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). O batismo com o Espírito Santo, com evidência de falar em línguas, não é uma experiência exclusiva dos dias apostólicos, como pregam os cessacionistas. Tal bênção não se restringe a Atos 2. Nos Estados Unidos, em reação ao avanço dos dons espirituais entre as igrejas e líderes de igrejas tradicionais, sobretudo reformadas, o pastor reformado John MacArthur realizou uma conferência em sua igreja Comunidade da Graça, de Sun Valley, intitulada Strange Fire (“Fogo estranho”), cujo foco foi atacar, como um todo, colocando juntos no mesmo saco, os movimentos pentecostal e carismático (nos EUA eles chamam neopentecostais e renovados de “carismáticos”) como um mal para a igreja no mundo, isto é, a crença de que os dons espirituais cessaram, tendo se restringido apenas aos dias apostólicos. (...) Em entrevista ao The Christian Post, MacArthur chegou a ignorar também as manifestações dos dons espirituais após o período apostólico e ainda citou o nome de pentecostais que caíram em pecado (Aimee Semple McPherson, Jimmy Swaggart e Jim Bakker) e de neopentecostais que pregam heresias (Kenneth Copeland e Kenneth Hagin) para tentar desacreditar o pentecostalismo. MacArthur deveria lembrar de pentecostais como Thomas Zimmerman, Raymond Carlson, Stanley Horton, Anthony D. Palma, Willian Menzies, David Wilkerson, Roger Stronstad, Myer Pearlman, George Wood e muitos outros de seus compatriotas. O que ele acharia se alguém cometesse o mesmo pecado de tomar todos os reformados por nomes dentre eles que os constrangem pelo seu ensino herético ou péssimo comportamento? Seria correto? Seria profundamente desonesto. Ademais além de não haver nenhum texto bíblico que diga que os dons espirituais não são mais para os nossos dias, a história do cristianismo durante os séculos está repleta de exemplos da continuidade dos dons na Igreja. (...) A contemporaneidade dos dons espirituais foi definida, pós-período apostólico, por exemplo, por Justino Mártir (100-165), Irineu (115-202), Teófilo de Antioquia (120-186), Tertuliano (160-220), Novaciano (200-258), Gregório Taumaturgo (213-270) e Hilário de Poitiers (300-368), mas infelizmente, foi renegada pela maioria dos Pais da Igreja do terceiro século em diante como reação aos desvios Montanistas. Apesar disso, há registros da manifestação dos dons espirituais durante a Alta Idade Média e, depois, entre os valdenses, nos séculos 12 e 15; os anabatistas, no século 16; os quacres e pietistas, no século 17; na França, entre os chamados “calvinistas das cavernas”, no século 18; na Finlândia, também no século 18; além de entre os Morávios, na República Tcheca, na mesma época. Nos séculos 18 e 19, há ainda registros na Inglaterra, Rússia, EUA, Indonésia, Escócia, Austrália, Brasil (30 anos antes da chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg), Armênia, Alemanha, África e Noruega, dentre outros. A atualidade de todos os dons espirituais, inclusive a glossolalia, foi clara para John Wesley (1703-1791), que a defendeu em carta ao pastor Conyers Midddleton (The Works of John Wesley, volume 10, pp. 54 a 56); foi clara para o célebre batista inglês F. B. Meyer (1847-1929), sobre o qual Spurgeon disse certa vez: “Ele prega como um homem que viu Deus face a face”; e para o pastor R. B. Swan, sua esposa e membros de sua igreja em Rhode Island, EUA, 1875, que receberam, segundo depoimento de Swan, a Glossolalia. E o que dizer dos relatos e/ou experiências próprias de glossolalia registrados nos séculos 18 e 19 por Thomas Walsh, William Doughty, William Arthur, Horace Bushnell, V. P. Simmnos, J. C. Aroolapen e tantos outros? (1).]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O dom de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios 12.

III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co 12.10)

1. Definição do dom. Thomas Hoover ensina que a interpretação das línguas é “a habilidade de interpretar, no próprio vernáculo, aquilo que foi pronunciado em línguas”. Na igreja de Corinto havia certa desordem no culto com relação aos dons espirituais, por isso, Paulo os advertiu dizendo: “E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co 14.27,28). [Comentário: Assim escreve Donald Gee: o propósito do dom de interpretação é tornar inteligíveis as expressões do êxtase inspiradas pelo Espírito que se pronunciaram em uma língua desconhecida da grande maioria presente, repetindo-se claramente na língua comum do povo congregado. É uma operação puramente espiritual. O mesmo Espírito que inspirou o falar em outras línguas, pelo qual as palavras pronunciadas procedem do espírito e não do intelecto, pode inspirar também a sua interpretação. A interpretação é, portanto, inspirada, extática e espontânea. Assim como o falar em línguas não é concebido na mente, da mesma maneira, a interpretação emana do espírito antes que do intelecto do homem. Nota-se que as línguas em conjunto com a interpretação tomam o mesmo valor de profecia (1Co 14.5). Porque, então, não nos contentarmos com a profecia? Porque as línguas são um “sinal” para os incrédulos (1Co 14.22). Pelo fato de haver interpretação das línguas é que declaramos anteriormente que tais se referem a “línguas públicas”, uma vez que são reveladas através de um dom específico de interpretação. (...)Michael Green diz: “Embora alguns homens sejam dota dos do dom da interpretação, embora eles mesmo não falem em línguas, isso é incomum; na maior parte dos casos, aqueles que já possuem o dom de línguas é que também recebem o dom de Interpretação de Línguas”. Isto significa que algumas pessoas apresentam alguma mensagem pública em línguas e, em seguida, outro irmão também dotado do mesmo dom interpreta, sendo também possível o mesmo que falou interpretar, o que requer dos ouvintes um pouco mais de cuidado e discernimento para não se deixarem enganar. (2).]
2. Há diferença entre dom de interpretação e o de profecia? Embora haja semelhança são dons distintos. O dom de interpretação de línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a igreja seja edificada. Do contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Já no caso da profecia não existe a necessidade de um intérprete. Estêvam Ângelo de Souza definiu bem essa questão quando disse que “não haverá interpretação se não houver quem fale em línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro dom”. [Comentário: Entendo que para o dom de interpretação de línguas, como já vimos, é preciso que o crente também possua o dom de línguas, enquanto que, o dom de profecia não necessariamente. Pela leitura de textos Neo-Testamentários, entendemos que qualquer crente salvo pode ter o dom de profecia na nova dispensação (1Co 14.24). Independe de idade, sexo, status social e posição na igreja (At 2.17,18), tal como vemos nas quatro filhas de Filipe "que profetizavam" (At 21.9). O dom de profecia, aqui abordado, é uma manifestação momentânea e sobrenatural do Espírito Santo, como um dos dons espirituais prometidos, e não um ministério. O maior valor da profecia é que ela, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas (quando não têm a interpretação), uma vez proferida, exorta, edifica e consola a coletividade e não unicamente o que profetiza (1 Co 14.3-5).]
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O dom de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios 12..

CONCLUSÃO
Ainda que haja muitas pessoas em diversas igrejas que não aceitem a atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais — os chamados “cessacionistas” — Deus continua abençoando os crentes com suas dádivas. Portanto, não podemos desprezar o dom de profecia, o de falar em línguas estranhas e o de interpretá-las. Porém, façamos tudo conforme a Bíblia: com sabedoria, decência e ordem (1Co 14.39,40). Agindo dessa forma, Deus usará os seus filhos para que sejam portadores das manifestações gloriosas dos céus. [Comentário: Com o acesso livre à informação, temos uma gama de escritores cessacionistas lidos e seguidos por pentecostais, à exemplo dos escritores Benjamin Breckinridge Warfield, Richard Gaffin , John F. MacArthur e Daniel B. Wallace. No Brasil, Augustus Nicodemus está entre os cessacionistas. Esta é uma discussão que não terá fim, independente disto, o Espírito Santo continua operando e abençoando crentes com suas dádivas. O Falar em Línguas tem sido discutido desde o início do século passado, com o advento do pentecostalismo. Para uns, o dom de línguas é imprescindível. Quem não o tem, é tachado de crente carnal, desprovido da presença do Espírito Santo. Para outros, tudo não passa de um mal-entendido. O tal dom teria sido distribuído apenas para a primeira geração de cristãos, e que, portanto, não estaria disponível hoje (cessacionistas). O Rev Hernandes Dias Lopes, Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-ES, escreve o seguinte em seu Blog: “As Escrituras afirmam que certos dons estariam destinados a cessar, entre eles, os dons de língua e de profecia. Isto está claro. Não há o que discutir. Mas quando isso ocorrerá? Paulo afirma que as línguas somente cessarão “quando vier o que é perfeito”. Os cessacionistas creem que isso aconteceu quando o cânon sagrado foi finalizado, isto é, quando as Escrituras foram terminadas. Uma vez que já temos acesso a toda verdade exposta em suas páginas, já não precisaríamos do dom de línguas, ou mesmo de qualquer outro dom espiritual. Embora o argumento pareça sólido, não resiste a uma apreciação mais profunda. Paulo não está referindo-se às Escrituras, e sim ao segundo advento de Cristo, quando finalmente o“veremos face a face”. Segundo Paulo, a visão que temos de Cristo mediante as Escrituras equivale ao reflexo de um espelho. Quando Ele Se manifestar em glória, já não precisaremos nem mesmo das Escrituras, muito menos dos dons espirituais.” Isto posto, este proeminente expositor presbiteriano é daqueles de linha reformada que crê na atualidade dos dons espirituais para igreja hoje. O referido Pastor prossegue: “Qual a sua importância em nossa vida? Paulo diz que “o que fala em língua edifica-se a si mesmo” (1 Co.14:4a). No lugar onde antes havia uma fortaleza espiritual que servia de base operacional para o inimigo, agora é edificada uma catedral de louvor e adoração a Deus. O livre fluxo do Espírito promove a demolição de tais fortalezas. Nossos pensamentos são levados cativos à obediência de Cristo. Nossa vontade submetida ao Seu senhorio. Todos os demais dons espirituais têm como objetivo o bem coletivo. O dom de línguas é o único que visa a edificação do indivíduo. Porém, somos desafiados a dar um passo além, na direção do outro, para que este também seja edificado pelo nosso dom. Mas como alguém poderia ser edificado por um dom que visa a minha própria edificação? Como alguém seria edificado sem que entendesse uma palavra do que eu dissesse?” (3) Parafraseando, sejamos uma catedral de louvor e adoração a Deus!] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa
Cor mio tibi offero,
Domine,
prompte et sincere!

Hoje, em Campina Grande-PB
Maio de 2014.