sábado, 30 de novembro de 2013

4Trim2013_Lição 9: O tempo para todas as coisas




Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2013 - CPAD - Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
Elaboração e pesquisa para a Escola Dominical da Igreja de Cristo no Brasil, Campina Grande-PB; Postagem no Blog AUXÍLIO AO MESTRE: Francisco A Barbosa.

Lição 9: O tempo para todas as coisas
1º de dezembro de 2013
Trimestre comemorativo ao quarto ano do Blog Auxílio ao Mestre

TEXTO ÁUREO
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Se a retribuição falha como uma explicação, talvez exista alguma ordem cósmica e mística que conceda significado à vida, pois cada coisa tem seu próprio tempo e ciclo.

VERDADE PRÁTICA
O tempo e o espaço em que vivemos são limitados, por isso, devemos ser bons despenseiros de Deus nesta vida.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Eclesiastes 3.1-8.
1 - Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu:
2 - há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
3 - tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
4 - tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar;
5 - tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
6 - tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;
7 - tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
8 - tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
•          Conhecer o livro e a mensagem de Eclesiastes;
•          Explicar a transitoriedade da vida e a eternidade de Deus, e
•          Administrar bem o tempo e as relações interpessoais.


PALAVRA-CHAVE
Tempo: Duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual os eventos se sucedem.
COMENTÁRIO

introdução
Muitos filósofos denominam os nossos dias de “a era do vazio e das incertezas”. Há uma explicação para isso: a rejeição à tradição bíblica propagada pelo Cristianismo. Podemos perceber o desencadeamento desse processo na relativização da ética e na total rejeição à verdade absoluta. Neste ambiente de contradições filosóficas não existe verdade, e sim “verdades” desprovidas de qualquer sentido. O livro de Eclesiastes mostra a crise de um homem que vive a falta de harmonia existencial que hoje presenciamos. Procurando viver intensamente a vida, ele mergulhou num mundo duvidoso e sensual, para descobrir que a vida sem Deus é um mergulho no vazio e uma corrida atrás do vento. [Comentário:  Com esta lição, damos início ao segundo bloco de nosso trimestre, estudando o livro de Eclesiastes, sobre o qual falamos resumidamente na lição 1 deste trimestre. Escrito na velhice de Salomão, o livro em que o sábio rei de Israel faz uma reflexão a respeito da “vida debaixo do sol”, ou seja, da vida sobre a face da Terra, depois de ter tido uma existência em que pôde desfrutar de tudo quanto o mundo terrenal pode oferecer: prazeres, riquezas, fama e poder. Inicialmente, o pregador, que vai se dedicar neste livro a falar a respeito da “vida debaixo do sol” (Ec1.3), mostra-nos que, após uma vida dissoluta, sua conclusão é: a “vida debaixo do sol”, em sua dimensão terrena, não tem sentido algum, nada deixa de rastro, é algo absolutamente passageiro e sem valor]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. ECLESIASTES, O LIVRO E A MENSAGEM
1. Datação do livro. Estudos indicam que o relato dos fatos ocorridos em Eclesiastes podem ser datados por volta do ano 1000 a.C., período no qual o rei Salomão governava Israel. De fato, o próprio Eclesiastes diz ser o rei Salomão o autor da obra sagrada (Ec 1.1, cf. v.12). [Comentário:  Creditado a Salomão (cerca de 971 a 931 a.C.), foi escrito em sua velhice - para muitos interpretes de Ecle-siastes, a linhagem (1.1), o reinado em Jerusalém (1.12), a grande sabedoria (1.16) e a riqueza inigualável (2.4-9) do autor indicam que Eclesiastes foi escrito por Salomão, que se autodenominou o “Pregador”. A Bíblia de Jerusalém sustenta que a atribuição a Salomão não passa de mera ficção literária do autor, a linguagem do livro, e sua doutrina, permitem concluir que foi escrito após o Exílio na Babilônia.].
2. Conhecendo o Pregador. Salomão identifica-se como o pregador, traduzido do hebraico qoheleth (Ec 1.1,12). A palavra “pregador” deriva de qahal, expressão que possui o sentido de “reunião” ou “assembleia”. A Septuaginta (que é a tradução da Bíblia Hebraica para o grego) traduziu qoheleth pelo seu equivalente grego ekklesia, daí o nome Eclesiastes: uma referência a alguém que fala, ou discursa, em uma reunião ou assembleia. O pregador foi Salomão, que já estava velho, mas tinha uma visão bem realista da vida. Conforme registradas em Eclesiastes, e embora retratem um período de declínio político, moral e econômico de Israel, suas palavras apontam para Deus como a única fonte de satisfação, realização e felicidade humana. [Comentário:  O livro de Eclesiastes faz parte dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia cristã e judaica, vem depois do Livro dos Provérbios e antes de Cântico dos Cânticos. O Livro tem seu nome emprestado da Septuaginta, e na Bíblia hebraica é chamado Kohelet(קהלת). Embora tenha seu significado considerado como incerto, a palavra tem sido traduzida para o português como pregador. Faz parte dos escritos atribuídos tradicionalmente ao Rei Salomão, por narrar fatos que coincidiriam com aqueles de sua vida. O nome Qohellet, ou Eclesiastes deriva do termo hebraico qahal, em grego ekklesia (assembleia) e significa “aquele que fala a uma assembleia”. O termo hebraico Qohellet, como aparece na Bíblia hebraica, que significa “o homem da assembleia” ou “aquele que convoca uma assembleia”, recebendo muitas vezes a tradução de “Professor” ou “Pregador” em outras versões da Bíblia, sugere que Cohellet possa ser uma pessoa ou um título; no caso, mestre ou orador (12.9-10). Nesse livro, busca-se dar uma resposta à pergunta: que proveito tem o homem no trabalho e na sabedoria? Assim, o trabalho e a sabedoria constituem os dois temas principais. o início do livro enfatiza a função de Salomão como aquele que convoca a comunidade da aliança, a fim de testemunhar e de celebrar a glória do Rei dos céus, que enche seu templo terrestre (1Rs 8)].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
O nome Eclesiastes é uma referência a alguém que fala, ou discursa, em uma reunião ou assembleia.

II. DISCERNINDO OS TEMPOS
1. A transitoriedade da vida. Um tema bem claro em Eclesiastes é o da transitoriedade da vida. Ela é efêmera, passageira. E Salomão estava consciente disso (Ec 1.4). Sendo a vida tão curta, que “vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?” (Ec 1.3). Esse é o dilema que Salomão procura responder. A vida é passageira, dura pouco.Por isso, muitos buscam satisfazer-se de várias formas. Há os que acham que a sabedoria resolverá o seu problema (Ec 1.16-18; 2.12-16). Outros buscam preencher a sua alma com os prazeres dessa existência (Ec 2.1-3). Ainda outros recorrem às riquezas (Ec 2.4-11). E, por último, há aqueles que se autorrealizam no trabalho (Ec 2.17-23). Tudo é vaidade! O centro da realização humana não está nessas coisas. [Comentário:  As pessoas nascem e morrem, e o mundo não parece notar. O sol, o vento e os ribeiros comportam-se exatamente como desde o início, independentemente do empreendimento humano. O que, então, dá genuíno valor à curta existência humana? O pregador explica com muita propriedade por que tudo aqui é inútil: não há nenhum ganho, nenhum proveito, nenhum valor permanente para as pessoas a partir de seu trabalho nesta vida - debaixo do sol (Ec 1.3). Portanto, o pregador encontra fraqueza na incapacidade do esforço humano de introduzir uma mudança duradoura no mundo].
2. A eternidade de Deus. Cerca de 40 vezes o Pregador refere-se a Deus no Eclesiastes. Ele o identifica pelo nome hebraico Elohim, o Deus criador. Isto é proposital, pois Salomão alude com frequência àquilo que acontece “debaixo do sol” (Ec 1.3,9,14; 2.18). É debaixo do sol que está a criação; é debaixo do sol que o homem se encontra. Mas o Pregador tem algo mais a dizer. Ele quer destacar o enorme contraste entre a criação e o Criador, mais especificamente entre Deus e o Homem. Deus é eterno, onipotente, autoexistente, enquanto o homem é finito, frágil e transitório. Por ser mortal, o homem não deve fixar-se apenas nas coisas dessa vida, pois o Deus Eterno pôs a eternidade em seu coração (Ec 3.11 — ARA). [Comentário:  Nos termos do Pregador, “debaixo do sol” (Ec 1.3,9,14; 2.18), é mais um sinônimo para “nesta vida” do que para “neste planeta”. Na verdade, o contrastante aqui é a transitoriedade da vida humana e a eternidade do Criador. Quando Deus criou o mundo, ele pronunciou que tudo era muito bom (Gn 1.31). Visto que o Pregador não pode melhorar a ordem da criação, a melhor coisa para o ser humano é reconhecer isso desfrutando a vida. Se o homem não pode levar consigo o fruto do seu trabalho e é incerto como seu herdeiro o trataria, este deveria desfrutar o que tem enquanto está vivo (2.24-25). O gozo que alguém tem como uma bênção de Deus é um tema secundário importante em Eclesiastes e reaparece frequentemente. Isso não é álibi para o homem fixar-se apenas nas coisas dessa vida].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
Nas Escrituras, o tempo se mostra na transitoriedade da vida e na eternidade de Deus.

III. O TEMPO E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
1. Na família. O Eclesiastes ensina que uma das características de nossa vida é a brevidade. Por isso, devemos usufruir com intensa alegria, juntamente com o nosso cônjuge e filhos, dos bens que o Senhor nos proporciona (Ec 9.7-9), pois a vida pode rapidamente se acabar. Nesse capítulo, Salomão refere-se a vários itens que eram usados pelos israelitas em ocasiões festivas (Am 6.6; Ct 1.3; 2Sm 14.2; Sl 104.15). O que isso significa? Antes de mais nada, que o nosso lar deve ser uma permanente ação de graças a Deus por tudo o que Ele nos concede. Nossa casa deve ser um lugar de celebração. Desfrutemos, pois, as alegrias domésticas em companhia da esposa amada (Ec 9.9). A metáfora tem uma mensagem bastante atual: a família cristã, sem recorrer às bebidas alcoólicas e outras coisas inconvenientes e pecaminosas (Ef 5.18), pode e deve alegrar-se intensamente. A vida do crente não precisa ser triste. [Comentário:  O Pregador aconselha os seus leitores a terem uma vida em santidade. Nós devemos viver observando a futilidade e a vaidade de uma vida vivida sem Deus. Muito da energia que nós gastamos tentando realizar várias tarefas acaba como um “semear ao vento”, A vida vivida em fidelidade e integridade é a única que tem algum significado verdadeiro. Por isso, deve o homem contentar-se com aquilo que faz debaixo do sol, desfrutando do que fizer aqui, reconhecendo que tudo está sob o controle do Senhor e que tudo vem d’Ele e que, portanto, precisamos estar submissos à Sua vontade, fazendo tudo dentro do tempo determinado, para que, então, tenhamos a “nossa porção” nesta vida].
2. No trabalho. O trabalho não deve ser um fim em si mesmo. Quando ele é o centro de nossa vida transforma-se em fadiga (Ec 5.16,17). Mas quando deixa de ser um fim em si mesmo, passa a ter real significado, tornando-se algo prazeroso, não pesado (Ec 5.18). A palavra traduzida do hebraico samach é “gozar”, evocando regozijo e alegria. Isto significa que o nosso local de trabalho deve ser um lugar agradável e alegre, fruto das relações interpessoais sadias. [Comentário:  A Bíblia também].

SINOPSE DO TÓPICO (III)
O relacionamento familiar do crente deve ser intenso, assim como o trabalho deve ser uma atividade prazerosa e agradável.

IV. ADMINISTRANDO BEM O TEMPO
1. Evitando a falsa sabedoria e o hedonismo. A busca pelo conhecimento tem sido o alvo do homem através dos séculos. Salomão também empreendeu essa busca (Ec 1.17,18). Mas quem procura o conhecimento desperta a consciência em relação ao mundo ao seu redor, e é tomado por um sentimento de impotência por saber da própria incapacidade de melhorar a natureza das coisas. Nesse aspecto, a busca do conhecimento, como o objeto de realização pessoal, pode conduzir à frustração. Semelhantemente, a busca por prazer, por si só, configura uma prática hedonista e contrária a Deus (Ec 2.1-3). Muitos são os que buscam a satisfação no álcool, drogas, sexo, etc. Tudo terminará num sentimento de vazio e frustração. Quem beber dessa água tornará a ter sede (Jo 4.13). Somente o Evangelho de Cristo pode satisfazer plenamente o ser humano.[Comentário:  Hedonismo é a tendência de buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável. O contrário do Hedonismo é a Anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer, próprio dos estados gravemente depressivos. O termo Hedonismo vem do grego hedoné, que significaprazer. Doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral. A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, etc, quando entendida pela índole voluptuosa de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se resolve no prazer. Tudo tem seu tempo determinado. Não há nada para o acaso, para o talvez. O fracasso de muitos, na busca do prazer e do sucesso, consiste no fato de que há transigências, modos de entender as coisas ou de pretender entendê-las. Temos feito sentir haver para tudo um meio-termo. Os extremos são perigosos. O homem culto é aquele que sabe aproveitar-se de todas as oportunidades, para a riqueza, para o prazer, para a Inteligência, construindo um todo harmônico. A harmonia da vida é tudo, e até a natureza nos, ensina isso, que veio das mãos do Criador. A falta de discernimento, a impaciência em colher os frutos do labor logo se apresentam ao homem depois de um dia afanoso de trabalho (pode ser anos), e, em faltando-lhe o raciocínio e a calma ponderante para uma análise fria e segura do que fez e esperou, atiçado pela dúvida, indaga: "Terei eu chegado a realizar o meu ideal? Terei eu corrido atrás do vento? ou semeado para outros colherem?" Aqui é que a sabedoria mostra a sua superioridade à estultícia. O sábio espera e raciocina; o estulto se atira a qualquer solução, e resolve que tudo é vaidade, que não adianta ser laborioso, trabalhador, pois os estultos aí estão na sua frente, vistosos, deslumbrados, enquanto ele, o sábio, vai ficando para trás. Daí a pergunta: De que vale a diligência, o labor fecundo, o dia-a-dia no campo da observação e do trabalho? Quantos naufragam porque não tiveram tempo para esperar, pois o tempo de segar ainda não tinha chegado (v. 2). Não apenas esse fracasso mas a ideia de que breve chega a morte, e tudo quanto fez para quem vai ficar? Se não houver aquele senso, "basta a cada dia o seu mal", o homem desespera e se acaba. Existe certa dificuldade que poderíamos chamar de paradoxo referente à sabedoria. Sabedoria significa olhar para a frente e para cima; mas o tolo olha para baixo e quer comer agora o que ontem plantou. Não tem o Instinto da formiga; é como se diz do gafanhoto, que só quer devorar as plantas e nada mais. Então a diferença entre o sábio e o insensato é esta: um sabe esperar, e o outro, desesperar.].
2. Evitando a falsa prosperidade e o ativismo. Em Eclesiastes 2.4-11, Salomão desconstrói a ilusão daqueles que buscam, nos bens terrenos, a razão fundamental para a vida. A falsa prosperidade leva o homem a correr desenfreadamente para acumular riquezas, alcançar elevadas posições na sociedade e obter notoriedade e fama. Tudo isso, conclui o sábio, é correr atrás do vento. Por outro lado, e não menos danoso, é a prática de um ativismo impiedoso, que pode estar nas esferas da profissão ou de qualquer outra prática (Ec 2.17-23). Isso também é correr atrás do vento. O trabalho, quando empreendido racionalmente, não nos desumaniza, mas nos faz crescer como pessoas. [Comentário:  Deus tem um plano eterno que inclui os propósitos e atividades de toda pessoa na terra. O crente deve entregar-se a Deus como sacrifício vivo, deixar que o Espírito Santo leve a efeito o plano de Deus em sua vida e ter cuidado para não se afastar da vontade de Deus, e assim perder a oportunidade quanto ao propósito divino para a sua vida (ver Rm 12.1,2 .s). O dilema entre a sabedoria e a loucura é de difícil resolução. O homem natural está desprovido dos apetrechos necessários a uma boa solução. Não tem a sabedoria que vem do alto (I Cor. 2:7) e vale-se apenas da sabedoria aqui embaixo. Sem aquela sabedoria é difícil encontrar o caminho a seguir, uma inteligência natural para saber que hoje é hoje e amanhã é amanhã. A confusão resulta em muitas dores e fracassos. A incredulidade na providência divina e nos seus desígnios para a vida humana faz do homem um tolo, um incapaz de conjugar os seus problemas e procurar no seu intrincado o que lhe deve interessar. O xadrez com tantas pedrinhas a serem jogadas, torna muito difícil uma solução tantas vezes. Pedras pretas e brancas: quais as que servem? Se deixássemos a tarefa ao Criador, àquele que sabe distinguir o certo do errado, então teríamos muitas soluções sábias; quantas vezes, porém, nos esquecemos dessa existência!].

SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Para administrarmos bem o nosso tempo devemos começar por evitar a falsa sabedoria, o hedonismo, a falsa prosperidade e o ativismo. Estes roubam-nos o tempo.

CONCLUSÃO

Vimos que há um tempo para todas as coisas! Esse tempo é extremamente precioso para ser desperdiçado! Por conta da transitoriedade da nossa existência, devemos saber usar bem o nosso tempo, seja buscando conhecimento, seja desfrutando da companhia de nossos familiares e, principalmente, servindo ao Senhor. Somente Deus é eterno e somente Ele deve ser o centro de nossa busca. [Comentário:  No dia-a-dia, precisamos ter a disponibilidade interior de valorizar as atividades que realizamos e as que outras pessoas realizam por nós. Se o trabalho de um gari, por exemplo, for melhor valorizado, automaticamente ele o fará com mais alegria, cumprirá seus horários e verá grande sentido em suas atividades. Assim acontece com todas as outras formas de trabalho. Isso é viver cronos (tempo medido pelo relógio, calendário, rotina. É o tempo determinado dentro de um limite) transformado em Kairos (o momento certo, oportuno. Refere-se a um aspecto qualitativo do tempo). Sentir a vida mesmo nas tensões provocadas por tantos afazeres. Aprender a conviver com os ruídos de uma vida, muitas vezes mecânica, porque quando estamos bem, as coisas vão bem e o tempo, seja medido por um sentimento ou por um minuto é um instante que não volta a se repetir. Como muito bem disse Rubem Alves: “O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração”. Pensemos nisso e tenhamos um cronos recheado deKairos.].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco de Assis Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere
Meu coração te ofereço, Senhor, pronto e sincero (Calvino)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

4Trim2013_Lição 7: Contrapondo a arrogância com a humildade




Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2013 - CPAD - Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
Elaboração e pesquisa para a Escola Dominical da Igreja de Cristo no Brasil, Campina Grande-PB; Postagem no Blog AUXÍLIO AO MESTRE: Francisco A Barbosa.

Lição 7: Contrapondo a arrogância com a humildade
17 de novembro de 2013
Trimestre comemorativo ao quarto ano do Blog Auxílio ao Mestre

TEXTO ÁUREO
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).

VERDADE PRÁTICA
A humildade é uma virtude que deve ser zelosamente cultivada, pois a arrogância leva à destruição e à morte eterna.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios 8.13-21
13 - O temor do Senhor é aborrecer o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau caminho, e a boca perversa aborreço.
14 - Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria; eu sou o entendimento, minha é a fortaleza.
15 - Por mim, reinam os reis, e os príncipes ordenam justiça.
16 - Por mim governam os príncipes e os nobres; sim, todos os juízes da terra.
17 - Eu amo os que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão.
18 - Riquezas e honra estão comigo; sim, riquezas duráveis e justiça.
19 - Melhor é o meu fruto do que o ouro, sim, do que o ouro refinado; e as minhas novidades, melhores do que a prata escolhida.
20 - Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo.
21 - Para fazer herdar bens permanentes aos que me amam e encher os seus tesouros.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
•          Dissertar sobre a relação entre a humildade e a arrogância.
•          Explicar os contrastes ilustrativos: o sábio e o insensato; o justo e o injusto; o rico e o pobre; o príncipe e o escravo.
•          Cultivar a virtude da humildade e rejeitar a arrogância.

PALAVRA-CHAVE
Humildade: Qualidade de humilde. Virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações.
COMENTÁRIO

introdução
A humildade, a honra e a coragem são a base do bom relacionamento entre as pessoas. Mas a arrogância, a desonra e a covardia são a causa de inimizades e conflitos. Nesta lição, veremos a relação entre a humildade e a arrogância à luz de alguns contrastes bastante didáticos e ilustrativos: o sábio e o insensato, o justo e o injusto, o rico e o pobre, o príncipe e o escravo. Em qual grupo você se encontra? É hora de aplicarmos à nossa vida as preciosas lições do livro de Provérbios. [Comentário:  Hoje em dia, a busca pelo poder, a ambição desmedida, o desejo de levar vantagem em tudo, tornaram-se marca registrada da natureza humana. É só olhar à nossa volta. O pecado de orgulho é a força motora de todos os outros pecados. A soberba manobra o coração do adúltero; o orgulho comanda as intenções do mentiroso; a altivez dirige a vida do ladrão. Mas não se engane, atente para o que diz as escrituras, A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18)]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. O SÁBIO VERSUS O INSENSATO
1. Sabedoria e humildade. A sabedoria é entendida como a aplicação correta do conhecimento em nosso dia a dia. Em Provérbios, ela é vista como um antídoto contra a arrogância. Daí a insistência do sábio em que se busque adquirir a sabedoria (Pv 16.16). A sabedoria retratada em Provérbios demonstra ser eficaz contra a arrogância e a soberba, pois quem é sábio age com humildade (Pv 11.2). Em o Novo Testamento, o apóstolo Paulo sabia dessa verdade e, por isso, orou para que o Senhor concedesse aos crentes “espírito de sabedoria e de revelação” (Ef 1.17). [Comentário: Quando Jesus pregou o sermão que define o caráter do verdadeiro discípulo, suas palavras iniciais foram diretas ao coração: "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5.3). Ele continuou a pregar durante mais três capítulos, mas muitos ouvintes não o ouviram porque nunca passaram da linha de partida. Mesmo hoje, a maior parte da mensagem do evangelho cai em ouvidos surdos de homens e mulheres arrogantes que não querem mesmo reconhecer a posição de Jesus como Senhor. Mas Jesus não reduziu os padrões. Ele não abriu uma porta extra para entrarem os arrogantes ou os "quase" humildes. Ele manteve intacto o seu requisito fundamental porque ele reflete a exigência eterna de Deus. Deus nunca aceitou o homem cheio de orgulho que pensava fazer as coisas a seu próprio modo. Ao contrário de toda a sabedoria dos homens carnais, tendentes a adquirir poder e posição, Deus aceita exclusivamente os humildes. Uma geração depois de Uzias, o profeta Miquéias pegou perfeitamente a ideia quando ele citou as palavras de Deus: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus" (Mq 6.8). As Escrituras deixam perfeitamente claro que não há outra maneira de caminhar com Deus. Ou andamos humildemente com nosso Deus, ou não andamos de modo nenhum com ele! Jesus andou no meio de homens carnais e enfrentou tremendo desafio. Como poderia ele capturar seus corações para moldá-los como os servos humildes que o Pai busca? Não foi uma tarefa fácil. Ele falava frequentemente de humildade, e mostrava em sua vida de serviço o que significa elevar os outros acima de nós mesmos. Quem poderia exemplificar melhor a humildade voluntária do que o próprio Deus, que deixou sua habitação celestial para servir e mesmo morrer pelos homens pecadores? (Esta é a essência do apelo irresistível de Paulo em Filipenses 2.3-8)].
2. Insensatez, arrogância e altivez. Na visão de Provérbios, o arrogante é uma pessoa insensata e desprovida de qualquer lucidez e bom senso. Verdadeiramente, o arrogante está pronto a fazer o mal, pois age com soberba e altivez (Pv 6.18). É uma pessoa inexperiente, sem domínio próprio (Pv 25.28), ingênuo (Pv 27.12), sem bom-senso (Pv 27.7) e que se comporta como um animal ou um bêbado (Pv 26.3,9). Por isso, o insensato não pode ser designado para um serviço (Pv 26.6,10). Ele é fanfarrão, preguiçoso e incorrigível (Pv 25.14; 26.11,13-26; 27.22). Sua presença é um perigo, pois além de falso e maldizente é ignorante (Pv 26.18-22). Ele não age com a razão e não sabe controlar a própria vontade, sendo, portanto, uma abominação para o Senhor (Pv 16.5). [Comentário:  Arrogância (Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, João Rea - CPAD) : A palavra gregaphysiosis (2Co 12.20) ocorre em uma lista de pecados relacionados ao ato de falar, e refere-se especificamente a estar dominado pela "presunção" ou "arrogância". Está escrito que a boca dos falsos mestres pronuncia "coisas mui arrogantes" (2Pe 3.18; Jd 16), onde a palavra grega hyperogkos(literalmente, superinchado) significa algo "bombástico" ou "arrogante". A palavra grega alazoneia (presunção em palavras ou soberba) se refere à pretensão e arrogância do alazon ("soberbo", Rm 1.30; 2Tm 3.2), o jactancioso que usa as palavras em seu próprio benefício e promete o que não pode cumprir. Ela descreve o homem que ignora a soberania de Deus, que tenta controlar a sua vida atual (1Jo 2.16) e modelar o seu próprio futuro. A palavra grega hyperephania (orgulhoso e arrogante em pensamentos) descreve o homem que exalta a si próprio acima dos outros, não através de atos exteriores de bazófia, mas com uma atitude interior do coração, que ergue um altar a si próprio em seu íntimo onde realiza o seu próprio culto ("orgulho", Rm 1.30; 2Tm 3.2; Lc 1.51; Tg 4.6; 1Pe 5.5; cf. Mc 7.22). Arrogância, orgulho (em hebraico zed, ou "insolente, altivo"), como no Salmos 19.13 quando se fala sobre "pecados de presunção" que nascem de uma orgulhosa autoconfiança, e assim tais rebeldes deveriam ser rigorosamente castigados. A palavra zed é encontrada em Salmos 86.14; 119.21,51,69,78,85,122; Provérbios 21.24; Isaías 13.11; Jeremias 43.2; Malaquias 3.15; 4.1 significando muitas vezes "orgulho, impiedade, insolência". Arrogância (heb., zadon, "orgulho, presunção"), personificada pela Babilônia que agiu com arrogância contra Deus ao queimar seu Templo e levar seu povo prisioneiro (Jr 50.31,32). Presunção (em hebraico b'yadrama, "com arrogância"), que em Números 15.30 significa "desafiar", ou rebelar-se abertamente contra Deus. Tal pessoa deveria ser eliminada (Gn 17.14) sem a possibilidade de perdão porque havia desprezado a Palavra do Senhor (Nm 15.31)].
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A alegria do Senhor, a que Paulo se refere, se manifesta em meio às preocupações e as aflições da vida

II. O JUSTO VERSUS O INJUSTO
1. Justiça e humildade. Em Provérbios, a humildade e a justiça são inseparáveis. Ali, o princípio de vida proposto pelo sábio é simples: quem é justo deve agir com humildade, quem é humilde deve agir com justiça. Salomão, ainda bem jovem, pediu humildemente sabedoria a Deus para governar Israel com justiça (1Rs 3.7-10). Ele queria que a justiça alcançasse todo o seu reino (Pv 1.1-3). A pessoa humilde e justa sabe que a justiça vem diretamente de Deus (Pv 29.26). Por isso, ela deve ser amorosa e sabiamente exercitada. [Comentário:  Na sociedade de nossos dias, essas duas palavras, humildade e justiça, não são muito indicadas para aqueles que querem “se dar bem na vida”, “progredir”. A pessoa que tem comportamento humilde, preferindo o bem dos outros em detrimento do seu próprio bem ou, aquele que busca promover justiça, que luta para que reine a verdade nos seus relacionamentos sociais e profissionais corre grande risco de acabar prejudicado. Viver os preceitos divinos, defendendo e promovendo a justiça, não significa que precisamos fazer papel de bobo perante os outros! O crente deve sim promover um comportamento humilde e justo, suas palavras e ações devem ter autoridade tal que ecoem no mais íntimo do coração das pessoas. Seguir a humildade e justiça é fundamental para uma vida cristã autêntica, que dá evidência da glória de Deus em nós. No sermão do monte, Cristo nos afirma que se vivermos dessa forma em relação à forma que o mundo vive, teremos uma grande recompensa, que no meu entendimento, é a melhor de todas. “Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos” (Mt 5.5,6). Que promessa maravilhosa! Que incentivo para buscarmos verdadeiramente a humildade e a justiça! Passarmos pór esta vida tendo a plena certeza que herdaremos a terra e que seremos eternamente saciados. Qualquer um de nós possui sonhos e aspirações, desejo de galgar sucessos nesta vida, e isso não é errado, os bens materiais são importantes para nossa vida enquanto estivermos debaixo do sol, lembrando que somos mordomos e aquilo que o Senhor entregou em nossas mãos pertence a ele, mas essas coisas devem ocupar um segundo plano em nossas vidas. O primordial aqui, enquanto neste mundo vivermos, deve ser construir nossas vidas sobre os princípios eternos de Cristo, isso sim é viver plenamente!].
2. Injustiça e arrogância. A insensatez e a arrogância são categorias morais que aparecem associadas à prática da injustiça. Nenhum arrogante agirá com humildade e tampouco o injusto procederá com justiça. O arrogante possui uma escala de valores distorcida e não se dá conta dos malefícios das suas ações. O pior é que ele não possui humildade para reconhecer o fato. A palavra hebraica para “arrogante” é gabahh, que significa orgulhoso, alto e exaltado. Por outro lado, o termo hebraico traduzido como “humildade” vem da raiz de um vocábulo que significa afligir, oprimir e humilhar. Na prática, a Bíblia nos mostra que quem se sente acima dos outros pode ser tentado a pisá-los, oprimí-los e humilhá-los, e essas são atitudes impensáveis para um servo de Deus. [Comentário:  Arrogância(CHAMPLIN, R.N. O Novo e o Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo - CPAD) - Os homens, de modo geral, caracterizam-se por esse atributo negativo, mas especialmente os ímpios, destituídos de toda espiritualidade. Eles se transformam em pequenos deuses e se esquecem de sua mortalidade (Sl 9.20). O julgamento de Deus pode trazê-los de volta a uma estimativa ponderada sobre as coisas. Os ímpios são arrogantes; perseguidores dos pobres e jactanciosos. A glória deles está na sua vergonha; são gananciosos; eles renunciaram ao Senhor e aos Seus caminhos; são orgulhosos; não buscam a Deus; são ateus práticos, se não mesmo teóricos. Seus caminhos são ofensivos e espalham destruição; eles são soberbos e resistem à justiça e ao julgamento de Deus; pensam que nem Deus nem os homens podem impedi-los de continuar em seus caminhos de destruição; supõem que nunca se levantará adversário que os faça parar. A boca deles é cheia de maldição, engano e opressão; eles falam o que é errado e o que é iníquo e põem por obras o erro e a iniquidade. Preparam armadilhas para apanhar os que de nada suspeitam; armam embustes e esperam, ocultos, para assassinar; escondem-se em lugares secretos como o leão esperando por uma vítima, e assim apanham o pobre para tirar-lhe a vida; esmagam vítimas inocentes. Pensam que Deus não vê nem se lembra da iniquidade deles; acreditam que Deus está escondido, ou se mostra indiferente para com o que eles fazem; e, de fato, estão certos de que a retribuição divina nunca ocorrerá].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
Segundo o livro dos Provérbios, do justo se espera justiça e humildade, mas do injusto, injustiça e arrogância.

III. O RICO VERSUS O POBRE
1. Riqueza e arrogância. Uma primeira leitura de Provérbios deixa claro que Deus condena tanto a riqueza adquirida por meios injustos, como a pobreza gerada pela preguiça. Por isso, a riqueza pode ser fruto da justiça, e a pobreza, às vezes, resultado da indolência e do ócio (Pv 28.19,20; 29.3). Ninguém, portanto, deve ser elogiado meramente por ser pobre nem tampouco estigmatizado por ser rico. Salomão, contudo, sabe que os muitos bens do rico podem levá-lo à prepotência e à arrogância (Pv 18.23).[Comentário:  A arrogância. Este é outro dos pecados que Deus abomina. Figura entre as sete coisas que são odiadas em 6.16 ss., sob o título olhos altivos (vs. 17). O orgulho, ou soberba, e a arrogância são ideias aparentadas e derivam-se de palavras hebraicas similares, gerah e gaon, as quais falam do orgulho em todas as suas expressões. Ver sobre Orgulho, no Dicionário, quanto a detalhes. O orgulho, como já dissemos, é um dos principais pecados, considerado por alguns estudiosos como um dos pecados mortais, se é que é legítimo fazer distinções entre pecados mortais e veniais, como diz a Igreja Católica Romana. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo intitulado Sete Pecados Mortais.].
2. Pobreza e humildade. Devemos considerar, também, que há um tipo de pobreza que é resultado de um determinado contexto sócio-histórico (Pv 28.6). Em Provérbios é evidente que os sábios demonstram uma preferência pelo pobre. Este, mesmo não tendo uma vida econômica confortável, age com integridade e justiça (Pv 28.11). Tal pobre é identificado como sábio, pois ele sabe que os valores divinos são melhores que as riquezas (Pv 22.1; 23.5). [Comentário:  Riquezas e honra estão comigo. As verdadeiras riquezas e a honra estão com a Senhora Sabedoria em sua casa, em contraste com as riquezas do mundo, como prata, ouro e joias. As riquezas da sabedoria são permanentes, em contraste com as riquezas do mundo. Essa ideia tem sido cristianizada para falar das recompensas ganhas após o sepulcro, no pós-vida. Mas o autor sagrado está falando sobre uma longa vida, plena de honrarias, prosperidade e bem-estar, agora mesmo na terra, a herança de Israel. Em vez de “justiça”, algumas traduções dizem “prosperidade, çedhaqah, que pode significar isso ou “boa sorte, dada por Deus ao homem” (Charles Fritsch, in loc.). “A retidão é associada às riquezas duráveis, em contraste com as riquezas deste mundo, que perecem, são mal ganhas e logo se perdem” (Fausset, in loc.). Cf. Mt 6.33. Em Cristo existem riquezas duráveis (Ef 3.8; 1Co 1.30). Quanto às riquezas permanentes, ver também (Pv 14.24; 15.6; 22.4). Na sua casa há prosperidade e riqueza, e a sua justiça permanece para sempre (Sl 112.3)].

SINOPSE DO TÓPICO (III)
Uma leitura de Provérbios deixa claro que Deus condena tanto a riqueza adquirida por meios injustos, quanto à pobreza gerada pela preguiça.

IV. O PRÍNCIPE VERSUS O ESCRAVO
1. Realeza: arrogância e humildade. Quando o livro de Provérbios foi escrito, a nação de Israel era uma monarquia. Nesta, a figura do rei recebe destaque especial. Em Israel, isso não seria diferente. Salomão era rei e sabia que, para governar, precisava da sabedoria divina, a fim de discernir entre o bem e o mal (1Rs 3.1-10). A sabedoria (Pv 17.7) e a sobriedade (Pv 31.4) são elementos indispensáveis ao rei para exercer a justiça e promover o bem-estar social de seu povo (Pv 29.4). O governante que teme a Deus dará mais atenção ao pobre e ao humilde. Agindo assim, será abençoado perpetuamente (Pv 29.14). Mas o que não teme ao Senhor procederá arrogante e perversamente (Pv 29.2). [Comentário:  A sabedoria retrocede ao tempo da criação, tendo sido um instrumento da criação. Naturalmente, a sabedoria já estava com Deus antes da criação, e fazia parte da doutrina judaica padrão que a lei incorporava essa sabedoria, que não começou com a lei de Moisés. Isso significa que a lei de Moisés foi um reflexo da eterna sabedoria de Deus. A sabedoria já existia antes da criação, sendo mencionada por cinco vezes nesta passagem: vss. 22 (duas vezes), 23, 25 e 26. A sabedoria estava presente quando Deus criou todas as coisas: vss. 24,27-29. Por sete vezes, o quando é declarado. Era apenas natural que uma passagem como a presente se refira ao Verbo (ver João 1.1), como que para descrever o Filho preexistente. Essa teoria é maculada, entretanto, pela palavra criar (de acordo com certas versões; e, talvez, por isso, em nossa versão portuguesa tenhamos o verbo “possuir”) no vs. 22: “O Senhor me possuía no início de sua obra”; temos o comentário da Scofield Reference Bible: “Essa sabedoria é mais do que uma personificação de um dos atributos de Deus, ou da vontade de Deus como a melhor vontade para o homem, é antes um prefigurar distinto de Cristo, como algo firme na mente divina. Cf. Pv 8.22-26 com João 1.1-3 e Cl 1.17. Só pode estar em pauta o Eterno Filho de Deus” (in loc.)].
2. Escravidão: humildade e realeza. A verdade de Provérbios 17.2 se cumpriu quando Jeroboão, servo de Salomão, tornou-se príncipe das dez tribos do Norte de Israel (1Rs 12.16-25). Mas um sentido metafórico e interessante para destacarmos nesse texto é que as pessoas provenientes de uma condição humilde, quando agem com prudência, sobressaem-se aos arrogantes. Os que, porém, desprezam a humildade, quando chegam ao topo agem como os soberbos. Um ditado popular descreve isso com precisão: “Dê poder ao homem e você saberá o seu verdadeiro caráter”. Tudo é uma questão de princípios, de atitudes e de caráter. Para que este se forme no indivíduo não depende da sua classe social, mas dos valores que lhe são germinados desde a mais tenra idade. Tudo é uma questão de princípios e de atitudes! Que o pobre, ao tornar-se rico, não se esqueça de sua origem. Os seus valores lhe dirão o que ele se tornará: uma pessoa arrogante e egoísta ou alguém compassivo e generoso. [Comentário:  Um privilégio herdado pode ser facilmente perdido para aqueles que, mediante a diligência, se mostram dignos de desfrutar do mesmo (Pv 11.29). Muitos ainda confundem humildade com a falta de bens e recursos materiais. Porém, humildade não tem nada a ver com os bens materiais que uma pessoa possui. Ser humilde é ser consciente das fraquezas, falhas, erros, imperfeições. Humildade também não é complexo de inferioridade. Muitos não têm uma auto-estima saudável e acabam adoecendo e confundido humildade com baixa autoestima. Quando uma pessoa não tem uma visão correta de si mesma, ela corre o perigo de desenvolver um complexo de inferioridade ou de se tornar uma pessoa altiva, arrogante, soberba. Deus pode e quer curar a forma como nos vemos.].

SINOPSE DO TÓPICO (IV)
A monarquia caracteriza-se pela prepotência e a exuberância do seu reino. Mas o governante que teme ao Senhor dará maior atenção ao pobre e ao humilde.



CONCLUSÃO

Na presente lição, vimos os contrastes entre o sábio e o insensato, entre o justo e o injusto, entre o rico e o pobre e entre o príncipe e o escravo. Estudamos também que a humildade ou a arrogância distinguirão uma pessoa da outra. A Bíblia nos orienta a cultivarmos a virtude da humildade e a rejeitarmos a arrogância, pois “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg 4.6). [Comentário:  O Salmo 15 pode muito bem concluir esta lição: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? Davi elenca, de forma poética, as virtudes daquele que vai morar, na eternidade, com Jesus”. Sejamos, pois, humildes, para que alcancemos a sabedoria e, com ela, a vida eterna, a eterna companhia do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco de Assis Barbosa
Cor mio tibi offero, Domine, prompte et sincere
Meu coração te ofereço, Senhor, pronto e sincero (Calvino)

Recife-PE
Novembro de 2013.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Contrapondo a Arrogância com a Humildade - Ev. José Roberto A. Barbosa



Texto Áureo: Pv. 16.18 - Leitura Bíblica: Pv. 8.13-21
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa

INTRODUÇÃO
A arrogância causa muitos males ao ser humano, mas essa nem sempre é percebida, isso porque o orgulhoso não atenta para a sua condição. Por outro lado, a humildade, uma das principais virtudes cristãs, precisa ser cultivada, contrapondo a altivez de espírito. Na aula de hoje, com base no livro de Provérbios, bem como em outros textos bíblicos, faremos um estudo comparativo entre esses dois comportamentos. Ao final ressaltaremos os aspectos cristãos da humildade, personificados no próprio Cristo, o maior exemplo de serviço.
1. ARROGÂNCIA E HUMILDADE: DEFINIÇÕES
A arrogância (hb. gabahh) é caracterizada pela falta de humildade e geralmente está associada ao fato de a pessoa se mostrar indisposta para ouvir os outros. A pessoa arrogante não quer aprender com o próximo, pois pensa ser dona da verdade. Ela se coloca acima dos outros, e se orgulha das percepções que tem de si mesmo. Esse é um pecado perigoso, pois não tem limites, o arrogante pode chegar a pensar que é o próprio Deus (Ez. 28.2). Esse foi o pecado que conduziu Satanás à queda, o inimigo não quis ficar na sua posição, tentou tomar o trono do Altíssimo (Is. 14.13,14). Como fez Satanás, o arrogante não se submete às normas, na verdade ele estabelece suas próprias regras, que geralmente favorecem apenas a ele mesmo (II Ts. 2.4). Aqueles que são altivos de coração também são orgulhosos, e por não se coadunarem aos princípios divinos, se voltam em rebelião contra Ele (Pv. 24.1; Tg. 3.16). A Torre de Babel, de Gn. 11, é uma demonstração do que o homem arrogante pode fazer, revela também as consequências dessa vaidade. Esse é também um pecado de cegueira espiritual, pois a pessoa que assim procede nega-se a ver o engano no qual se encontra (Mt. 15.14; 23.16-23; Rm. 2.19; Is. 3.12; 9.16; 42.19; 56.10; Os. 4.12). Por esse motivo os arrogantes não se dobram diante da Palavra de Deus (II Tm. 3.16), não se submetem em humildade ao que Deus diz (Pv. 11.2). Os falsos mestres tendem à arrogância, presunção e orgulho (I Co. 8.1; Cl. 2.18), e não são facilmente libertos do pecado porque rejeitam o ensinamento bíblico (Hb. 10.25; II Tm. 4.3; II Jo. 10,11). A oposição à arrogância é a humildade, uma virtude extremamente necessária àqueles que professam a fé em Cristo. Ser humilde (gr. ani) é uma disposição de dependência do outro, o verbo grego tapainoô tem a ver com a condição de fazer-se pequeno, mais que isso, a de ser obediente. Jesus, em Lc. 18.14, diz que aqueles que se exaltam serão humilhados, e os humilhados serão exaltados. Ele deu o maior exemplo de humildade, esvaziando a si mesmo, assumindo a posição de servo (Fp. 2.8).2. ARROGÂNCIA E HUMILDADE EM PROVÉRBIOS
No livro de Provérbios, a contraposição entre arrogância e humildade é um dos principais temas desse texto sapiencial. O autor de Provérbios aconselha as pessoas a não se considerarem sábias aos seus próprios olhos, antes devem confiar no Senhor (Pv. 3.5-8), considerando que Ele exalta o soberbo, e dá graça aos humildes (Pv. 3.34). A arrogância, em várias passagens, traz consequências nefastas, pois com ela vem a desonra, a humildade, por sua vez, é uma demonstração de sabedoria (Pv. 11.2). O arrogante é comparado a um tolo, já que esse não aprende, não extrai lições da vida, não recebe conselhos (Pv. 13.10). A humildade, em Provérbios, é sinônima de sabedoria, que desvia o homem do mal, a arrogância, por sua vez, faz com 
que as pessoas tomem decisões precipitadas (Pv. 14.16). A arrogância é um pecado grave, pois faz com que as pessoas se afastem de Deus, conduzindo-as ao julgamento (Pv. 16.5). Ao se comparar a arrogância com a humildade, vale muito mais a pena viver entre os humildes do que entre os arrogantes (Pv. 16.16-18). Os arrogantes são comumente levados à ruina, enquanto que os humildes alcançam posição de honra (Pv. 18.12; 22.4; 25.6,7). Os arrogantes fazem muita propaganda enganosa, eles falam muito bem a respeito de si mesmos, mas passam vergonha quando são testados (Pv. 25.14,27). É melhor se aproximar de um tolo do que de uma pessoa arrogante, elas são altamente tóxicas, estragam tudo e todos que se encontra por perto (Pv. 26.12). Em virtude do muito dinheiro que conseguem acumular, os ricos são propensos à arrogância, os pobres, por serem dependentes, se aproximam de Deus, e encontram a verdadeira prosperidade (Pv. 28.11,25). Os pobres, especialmente os de espírito, se voltam para Deus, reconhecem que dEle vem a purificação (Pv. 30.13). O arrogante, por sua altivez de espírito, não pode ser salvo, peca contra Deus, diz blasfêmias, caminha para a perdição (Pv. 30.12), seria melhor que ele se calasse, ou então colocasse a mão na sua boca (Pv. 30.32).
3. HUMILDADE VERSUS ARROGÂNCIA
Deus se opõe aos arrogantes, mas dá graça aos humildes, pois são estes que percebem sua condição, sua necessidade de salvação, que vem de cima, não deles mesmos (Tg. 4.6). Jesus deixou claro que não podemos fazer coisa alguma sem Ele, somos como um galho que precisa da raiz e do tronco para se desenvolver (Jo. 15.5). A humildade começa diante do próprio Deus, pois o ser humano é pequeno, somente o Senhor é grande, digno de honra, glória e louvor. Ao ouvir a Palavra de Deus, o humilde, diferentemente do arrogante, treme, e se arrepende dos seus pecados (Is. 6.5; 66.2). Ao invés de se gloriar da sua força, o humilde tem consciência da sua fraqueza, sabe que nisso consiste sua fortaleza, fundamentada na graça de Deus em Cristo (II Co. 12.9,10). Paulo precisou experimentar o sofrimento para aprender a não se gloriar nas revelações que recebeu de Deus. O espinho na carne pode ser um tratamento divino para modificar o comportamento dos arrogantes (I Co. 12.7). Mas a conversão da arrogância para a humildade não acontece apenas com palavras, é preciso que essa seja demonstrada em ações, assim procedeu Israel, ao se dobrar perante o Senhor, depois de ter seu orgulho abatido (Jz. 10.15-16). A pessoa quebrantada por Deus, e que vive em humildade, não coloca a si mesmo em primeiro lugar, antes tem consideração por aquilo que é dos outros (Fp. 2.3,4). Na visão cristã, o humilde é justamente aquele que se coloca na condição de servo, assim como fez Cristo, ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13). O próprio Senhor lembrou que aqueles que querem ser maiores, devem buscar servir aos seus irmãos, no reino de Deus é maior quem mais serve (Mc. 9.35), Jesus mesmo vem para servir, não para ser servido (Mc. 10.45). Ao invés de agirem como os arrogantes, os cristãos devem se humilhar debaixo da potente mão de Deus, a fim de serem exaltados em tempo oportuno (I Pe. 5.6).
CONCLUSÃO
O ser humano, em sua natureza pecaminosa, tem tendência à arrogância. Essa prática é naturalizada entre as pessoas, que acham normal o comportamento egoísta. Mas a Palavra de Deus, e mais especificamente o livro de Provérbios, se contrapõe àqueles que têm coração altivo, que são orgulhosos. A virtude cristã, exemplificada na própria pessoa de Cristo, é a humildade, característica que se fundamenta no interesse pelos outros. Jesus chamou a vir a Ele todos os humildes, para dEle aprenderem (Mt. 11.28). Assim procedem todos aqueles que estão na escola da humildade, não da arrogância, são pessoas que estão sempre predispostas a aprenderem, por isso alcançarão maturidade espiritual.
BIBLIOGRAFIA
ORTLUND JR. R. C. Proverbs: wisdom that works. Illinois: Crossway, 2012.
WEIRSBE, W. W. Proverbs: be skillful. Colorado Springs: David Cook, 2009.