sábado, 26 de outubro de 2013

4Trim2013_Lição 4: Lidando de forma correta com o dinheiro


Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2013 - CPAD - Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
Elaboração e pesquisa para a Escola Dominical da Igreja de Cristo no Brasil, Campina Grande-PB; Postagem no Blog AUXÍLIO AO MESTRE: Francisco A Barbosa.

Lição 4: Lidando de forma correta com o dinheiro
27 de outubro de 2013
Trimestre comemorativo ao quarto ano do Blog Auxílio ao Mestre

TEXTO ÁUREO
Compra a verdade e não a vendas; sim, a sabedoria, e a disciplina, e a prudência(Pv 23.23)

VERDADE PRÁTICA
Quando o dinheiro não é dominado como servo, mas domina como senhor, transforma-se num grande e terrível tirano.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios 6.1-5.
1 - Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho,
2 - enredaste-te com as palavras da tua boca, prendeste-te com as palavras da tua boca.
3 - Faze, pois, isto agora, filho meu, e livra- te, pois já caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te e importuna o teu companheiro;
4 - não dês sono aos teus olhos, nem repouso às tuas pálpebras;
5 - livra-te, como a gazela, da mão do caçador e, como a ave, da mão do passarinheiro.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
•          Definir fiador, empréstimo, usura e suborno.
•          Decidir usar corretamente o dinheiro.
•          Buscar o equilíbrio financeiro.

PALAVRA-CHAVE
Dinheiro: Meio de pagamento, na forma de moedas e cédulas, emitido e controlado pelo governo de cada país [Na sociedade ocidental moderna o dinheiro é essencialmente um símbolo – uma abstração. Atualmente as notas são o tipo mais comum de dinheiro utilizado. No entanto bens como ouro e prata mantêm muitas das características essenciais do dinheiro].

SUBSÍDIO EXTRA
Mamom - Moedas e Dinheiro - Riquezas - Salário - CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento Interpretado versículo por Versículo. (CPAD). Foi nos dias de Isaías, após a rápida introdução das manufaturas, que certos israelitas ímpios adicionaram Mamom ao seu panteão pagão, que não tardou a igualar-se ao degenerado Baal. Depois que os habitantes de Jerusalém se negaram a arrepender-se, apesar dos repetidos apelos dos profetas, a cidade foi deixada vazia por setenta anos. Há uma excelente descrição da riqueza móvel de Tiro, em Ez 27.12-25, descrição essa que também se aplica a Israel. O trecho de Ap 18.11-13 provê outra excelente lista de riquezas, onde o único item que não aparece nas listas do Antigo Testamento é a seda. Contudo, alguns estudiosos debatem se Ez 16.10 menciona ou não a seda. Nossa versão portuguesa a menciona, seguindo versões em outras línguas. Mas a seda chinesa só apareceu na Ásia Menor por volta do século I a.C.

Salário: Nossa palavra salário é uma transliteração da palavra latina para sal. Soldados romanos recebiam parte de seus proventos em sal. O cloreto de sódio (sal) tornou-se um importante item comercial. Ver o artigo geral sobre Sal. Primeiros Usos:A forma mais antiga do “salário” era o item de troca ou de comércio através do qual uma pessoa adquiria outros itens. O trabalho era vendido por objetos de valor, sejam agrícolas ou outros. O preço pago pelo trabalho era um salário. O trabalho é uma propriedade a ser vendida, seja em pares (para ganhar muitos itens), seja de uma só vez, para ser usado ao longo de um período específico de tempo. Trocas de uma coisa por outra constituíam a forma mais primitiva de salário. Produtos específicos pagavam por serviços: Ver Gn 29.15,20. 31.7,8,41. “Salários” para soldados ou trabalhadores são mencionados em Ageu 1.6; Ez 29.18,19; Jo 4.36, e tais pagamentos eram feitos em produtos, não em moedas, uma invenção posterior. Metais preciosos em peso, contudo, constituíam uma forma muito antiga de pagar salários. Embora já existissem moedas na Ásia Menor (entre os lidianos), em períodos tão remotos quanto 700 a.C. O Oriente Próximo não adotou tal prática até cerca de 300 a.C. Informações Bíblicas: A legislação mosaica era muito rígida em favor ao pagamento justo pelo trabalho e pela honestidade na troca de itens. Isso era controlado pela casta dos sacerdotes, que eram os guardiões da lei (Lv 19.13; Dt 25.14,15). Censura grave era invocada contra aqueles que abusavam da lei (Jó 24.11); a retenção de salários pagos era considerada um crime sério (Jr 22.13; Ml 3.5). Tg 5.4 informa- nos sobre os maus patrões de seus dias. A barganha era uma forma de determinar a quantidade do salário, e um empregador poderia ser mais ou menos generoso, conforme suas qualidades espirituais e morais (Gn 30.28; Mt. 20.1-16). A lei reduzia a exploração: os salários eram pagos diariamente, antes do pôr-do-sol (Lv 19.13; Dt 24.14,15). Mas, como nos tempos modernos, na história remota passada, era comum a exploração de trabalhadores. O homem que tivesse dinheiro não tinha dificuldade em explorar aquele que não tivesse. O “escravo do salário” tem sempre sido uma constante na história humana. Ver Jr 22.13; Ml 3.5. A medida de um homem é sua generosidade, outro nome que se pode dar à lei do amor, mas não são muitos os que seguem essa lei nas sociedades em que o dinheiro é deus e a maioria dos homens é escrava desse deus. Um antigo padrão bíblico para trabalhadores diaristas era o denário, Mt 20.2; ou o dracma, que alguns calculam tivesse o valor de uns 16 centavos de dólar americano, mas todos as suposições dessa natureza são inúteis. Podemos assegurar-nos que o salário padrão, onde existisse, era suficiente apenas para sustentar a vida.

COMENTÁRIO

introdução
Guerras, assassinatos, fomes e violência. Tanto no passado como no presente, podemos afirmar que boa parte desses males tem como causa primária o amor ao dinheiro. De fato, é o que as Escrituras afirmam em 1 Timóteo 6.10. Já vimos que ser rico e possuir bens não é errado, pois “a bênção do Senhor é que enriquece” (Pv 10.22). Todavia, amar o dinheiro significa torná-lo nosso senhor em vez de nosso servo. Isto traz um grande mal, pois na condição de senhor o dinheiro torna-se um tirano cruel. Por isso, nesta lição, aprenderemos como usar o dinheiro de forma que ele venha a glorificar a Deus. [Comentário:  A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor. Os termos usados pelos romanos e judeus para gado e para dinheiro mostram o lugar central que o gado possuía nos sistemas romanos e israelitas de permuta. A palavra latina pecunia (dinheiro) vem de pecus(gado), enquanto a palavra hebraica comum para gado, miqneh, pode significar "preço de compra" ou "posse (adquirida por meio de compra)", como acontece em Gêneses 17.12,13; 23.18; Levítico 25.16. Naturalmente, outras mercadorias e animais, como ovelhas e cabras, também eram usados nas permutas. Hirão foi pago em azeite e trigo por sua ajuda na edificação do Templo (1 Rs 5.11). A moeda só foi inventada no século VII A.C.. A primeira referência veterotestamentária às moedas aparece em Esdras 2.69, onde se lê sobre as “dracmas”, que eram dários persas de ouro. O Novo Testamento faz alusão a diversas moedas de ouro, de prata e de cobre. Em parte alguma da Bíblia as riquezas materiais são consideradas como más por si mesmas. De fato, Israel recebeu ordens para honrar ao Senhor com os seus ‘bens’ (Pv 3.9), e os dízimos eram uma parte integral da adoração. Não obstante, as riquezas materiais com frequência se tomavam motivo de tentação, pelo que o salmista sabiamente aconselhou: “... se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10). O amor ao dinheiro desperta o lado mais primitivo do ser humano. O homem pode ser capaz de mentir, aplicar golpes, dissimular, roubar e até matar. Gananciosos constroem impérios sem atentar na pobreza estabelecida ao seu redor. O apego ao dinheiro é o elemento responsável pelas tragédias humanas. À luz do ensino de Provérbios, devemos munir-nos da sabedoria divina em relação ao dinheiro para não cometermos as mesmas injustiças que os homens sem Deus cometem.]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. O CUIDADO COM AS FIANÇAS E EMPRÉSTIMOS
1. O Fiador. O Dicionário Aurélio define o fiador como “aquele que fia ou abona alguém, responsabilizando-se pelo cumprimento de obrigações do abonado; aquele que presta fiança”. O crente deve ter cuidado ao afiançar ou avalizar alguém, pois como diz o sábio, poderá sofrer “severamente aquele que fica por fiador do estranho” (Pv 11.15). Tenha cuidado com o cartão de crédito e com o famoso “cheque emprestado”. Este último se não houver fundos para cobri-lo, na data da apresentação, você será cadastrado na lista de emitentes de cheques sem fundos. Siga a recomendação do sábio, evite esse tipo de problema e esteja “seguro” (Pv 11.15). [Comentário:  “Se ficaste por fiador do teu companheiro” (6.1) - este versículo é uma advertência para que ninguém seja "fiador" de um amigo (11.15; 17.18; 22.26). O fiador é aquele que dá garantias de que o devedor irá cumprir sua palavra e pagar suas dívidas, caso contrário, ele mesmo arcará com esse ônus. Assim, ser fiador significa aceitar a responsabilidade pela dívida doutra pessoa, se esta deixa de pagá-la. Esse ato torna a situação financeira do cossignatário dependente dos atos do amigo e fica sujeita a fatos que escapam ao seu controle. O fiador empenha sua palavra, sua honra e seus bens, garantindo ao credor que o devedor saldará seus compromissos a tempo e a hora. O problema é que são muitos os exemplos daqueles que sofreram grandes prejuízos por serem fiadores. Há pessoas que perdem tudo o que adquiriram ao longo da vida para pagar dívidas alheias. Não podemos comprometer o sustento e a estabilidade de nossa família para assegurar os negócios arriscados de outra pessoa. Ser fiador é andar num caminho escorregadio cujo final é o desgosto. A Bíblia nos adverte a fugirmos dele (Pv 22.26,27).].
2. Empréstimo. O Dicionário Aurélio auxilia-nos também na definição do termo emprestar: “Confiar a alguém (certa soma de dinheiro, ou certa coisa), gratuitamente ou não, para que faça uso delas durante certo tempo, restituindo depois ao dono”. Sobre isso, o conselho encontrado em Provérbios é atualíssimo: “Não estejas entre os que dão as mãos e entre os que ficam por fiadores de dívidas. Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama de debaixo de ti?” (Pv 22.26,27). Não há nada de errado em emprestar, ou tomar emprestado, desde que se cumpra o compromisso firmado. Comprou? Pague! Tomou emprestado? Devolva! Quem compra e não paga, toma emprestado e não devolve, age desonestamente para com a pessoa que lhe deu crédito e desonra o nome do Senhor. [Comentário:  Não é pecado emprestar ou tomar emprestado, mas é preciso avaliar bem a situação para que não haja prejuízos de ambas as partes. Quem empresta, não pode fazê-lo com usura, ou seja, cobrando juros exorbitantes (Dt 23.19,20; Sl 15.5). Deus reprova severamente essa prática. Podemos verificar isso em diversas passagens bíblicas (Ex 22.25; Lv 25.37; Ez 18.13). Numa linguagem mais brasileira, a usura é conhecida como agiotagem, que é uma prática criminosa prevista na Constituição Federal e no Código Penal Brasileiro. Na realidade, o ideal para o cristão não é emprestar, e, sim, dar (Sl 37.21b; Lc 6.34); e quem toma emprestado, não pode desonrar o seu compromisso, pois se assim o faz, será tido como desonesto e ainda colocará o seu próximo em apuros. Quem toma emprestado e não paga é considerado ímpio, alguém que tem um desvio de caráter que precisa ser corrigido (Sl 37.1a).].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
O cristão deve ter prudência ao decidir ser um fiador ou efetuar um empréstimo.

II. O CUIDADO COM O LUCRO FÁCIL
1. Evitando a usura. A prática de emprestar dinheiro a juros é bem antiga. Para Milton C. Ficher, erudito em Antigo Testamento, a legislação de Deuteronômio 23.19,20 já proibia a prática de se “emprestar com usura” (“juros” na ARA). Mas não apenas dinheiro, também comida e “qualquer coisa que se empreste à usura”. Os termos hebraicos neshek e nashak aludem a qualquer tipo de cobrança abusiva feita por ocasião do pagamento da dívida. O princípio de não cobrar juros aos seus irmãos devia ser observado pela nação israelita. Sobre isso e acerca de quem habitaria o tabernáculo do Altíssimo, Davi advertiu solenemente (Sl 15.5). A legislação brasileira prevê que o crime de usura, ou agiotagem, ocorre quando os juros cobrados por particulares forem maiores que os praticados pelo Mercado Financeiro e permitido por lei. Portanto, agiotagem é crime! É pecado![Comentário:  Existem referências à proibição da usura já no Código de Hamurabi. Porém, maiores explanações sobre o tema remetem a Aristóteles – tido como o primeiro economista da história –, o qual condenava a usura na sua obra “Política”. Partindo-se de um conceito mais moderno, a usura, em síntese, é entendida como a cobrança de remuneração abusiva pelo uso do capital, ou seja, quando da cobrança de um empréstimo pecuniário (ou seja, em dinheiro), são cobrados juros excessivamente altos, o que lesa o devedor. É prática repudiada socialmente, sendo considerada conduta criminosa por diversos ordenamentos jurídicos1 , inclusive o brasileiro (Lei da Usura). A usura está intimamente ligada à cobrança excessiva de juros e, por isso, constitui crime no Direito Penal brasileiro; aquele que pratica a usura é popularmente conhecido como agiota2 . Tal expressão se refere não somente ao particular, mas também às pessoas jurídicas que especulam indevidamente e ultrapassam o máximo da taxa de juros prevista legalmente, praticando crime contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/86).Incontroverso o fato de que a usura é pecado para o Cristão, pois, na medida em que se assemelha ao roubo, vai de encontro às leis de natureza divina. A usura estaria ligada, ainda, à avareza e à preguiça, condutas estas que, segundo a Bíblia, são claramente contrárias ao que se espera de um bom cristão].
2. Evitando o suborno. De acordo com os léxicos, subornar é “dar dinheiro ou outros valores a, para conseguir coisa oposta à justiça, ao dever ou à moral”. Subornar é corromper para ganhar vantagens. A imprensa veicula constantemente exemplos de pessoas que receberam suborno quando deveriam zelar pelo cumprimento de suas obrigações. A Palavra de Deus afirma que aquele que aceita suborno secretamente perverte o caminho da justiça (Pv 17.23). O cristão não pode aceitar suborno nem muito menos pagá-lo, pois ele anda na luz e precisa honrar a Deus em todas as áreas de sua vida. A prática do suborno é uma perigosa armadilha. O que se apresenta como lucro hoje, amanhã se revelará numa perda irreparável. Por isso, atentemos ao conselho de Provérbios (Pv 17.23 — ARA).[Comentário:  Em Pv 17.23 está escrito: “O perverso aceita o suborno às escondidas para perverter os caminhos da justiça” (Bíblia Viva). Infelizmente, boa parte da sociedade brasileira vive a cultura do suborno. Vemos constantemente autoridades dos três poderes, recebendo vultosas quantias para favorecerem ricos desonestos ou amigos e familiares seus. Vemos também corrupção em menor escala como, por exemplo, no meio policial, no ambiente hospitalar, num estabelecimento comercial que está sendo submetido a uma auditoria, até mesmo dentro de um transporte coletivo na hora de se pagar a passagem. Oferecer e receber suborno é pecado, pois está escrito em Dt 16.19 “Não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos”(cf. Ex 23.8; Sl 15.5; 26.9,10; Ec 7.7).].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
A Bíblia rechaça a prática do lucro fácil que advém da usura e do suborno.

III. O USO CORRETO DO DINHEIRO
1. Para promover valores espirituais. Um dos melhores conselhos sobre a promoção dos valores espirituais pode ser encontrado em Provérbios: “Compra a verdade e não a vendas; sim, a sabedoria, e a disciplina, e a prudência” (Pv 23.23). Aquilo que é eterno custa caro e, por isso, poucos têm interesse nesse investimento. Para Judas foi mais fácil vender Jesus do que se desfazer de sua cobiça. O mesmo aconteceu com os irmãos de José. Venderam-no para o Egito por um punhado de dinheiro (Gn 37.1-36). Hoje, muitos crentes estão negociando a sua herança espiritual e moral, trocando-a por coisas pecaminosas. Por que não investir o dinheiro naquilo que promove a sabedoria, a instrução e o conhecimento? Cuidado! Não desperdice o seu salário com futilidades. Adquira somente o que glorifica a Deus e honra o Evangelho de Cristo. [Comentário:  Em parte alguma da Bíblia as riquezas materiais são consideradas como más por si mesmas. De fato, Israel recebeu ordens para honrar ao Senhor com os seus “bens” (Pv 3.9), e os dízimos eram uma parte integral da adoração. Não obstante, as riquezas materiais com frequência se tomavam motivo de tentação, pelo que o salmista sabiamente aconselhou: “... se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração” (Sl 62.10). A atitude de Jó para com a totalidade da vida também se aplica ao seu aspecto econômico: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21).].
2. Para promover o bem-estar social. Para o pobre, o dinheiro mal dá para suprir as necessidades mais elementares e básicas. Felizmente, o dinheiro não é o único valor que realmente conta, pois “melhor é o pobre que anda na sua sinceridade do que o de caminhos perversos, ainda que seja rico” (Pv 28.6).
Entretanto, há muitos crentes com dinheiro, e muito dinheiro, mas que não o utilizam para honrar a Deus e ajudar ao próximo. Eles não trazem os seus dízimos à Casa do Senhor, não ofertam, não contribuem com a obra missionária, não investem em obras sociais e nem do bem-estar da própria família cuidam. A estes as Escrituras chamam de insensatos (Pv 17.16 — ARA). Os tais ainda não leram o conselho do sábio: “Porque as riquezas não duram para sempre; e duraria a coroa de geração em geração?” (Pv 27.24). Quando morrerem, outros irão usufruir o que eles deixarem! [Comentário: Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal “a palavra traduzida por ‘avareza’ (pleonexia) literalmente significa a sede de possuir mais”. A ganância, o desejo excessivo de possuir mais e mais tem levado muitos a se envolverem em negócios ilícitos, como por exemplo, a prática da agiotagem, suborno, corrupção. A agiotagem é uma prática perversa e bem antiga. A Palavra de Deus proíbe tal prática desumana (Dt 23.19,20). Segundo o Código Penal Brasileiro, agiotagem é crime. Devemos ajudar aqueles que estejam realmente sofrendo, sem meios para atender às necessidades básicas da vida (Êx 22.14; Lv 25.35; Mt 5.42). Quanto aos pobres, não devemos emprestar e sim dar-lhes (cf. Mt 14.21; Mc 10.21; ver Pv 19.17).].

SINOPSE DO TÓPICO (III)
O conselho bíblico diz que o uso do dinheiro deve promover valores espirituais e o bem estar social.

IV. BUSCANDO O EQUILÍBRIO FINANCEIRO
1. Buscando a suficiência. Em Provérbios 30.8,9, o sábio ensina o sentido de ter uma vida financeira suficiente, isto é, nem pobreza nem riqueza. Esse ponto de equilíbrio define bem o que é ter uma vida próspera na perspectiva bíblica. É ter a suficiência, como ensinou o apóstolo Paulo (Fp 4.19). Essa suficiência mantém nossa vida equilibrada. Ela não permite o muito tornar-se excesso nem o pouco virar escassez. Atentemos ao conselho do sábio![Comentário:  O sábio Agur afirma que as pessoas que têm um excesso de possessões materiais logo se esquecem de sua dependência do Senhor, então, ele faz um pedido: “...dá-me o pão que me for necessário” (Pv 30.8). Seu pedido visa a uma suficiência que evita ambos os extremos: da pobreza e das riquezas desnecessárias. Agur está mais preocupado com o caráter do que com a riqueza e vida fácil. Ele reconheceu sua fragilidade e pediu situações que o capacitassem a manter os olhos fitos em Deus. Adquirir fortuna de modo ilícito (agiotagem, suborno) é como construir a casa sobre a areia; cedo ou tarde ela vai ruir (Mt 7.24-27). É bom lembrar que a areia não é o solo ideal para se estabelecer nenhum tipo de fundamento; a rocha sim é segura, capaz de sustentar uma construção.].
2. Buscando o que é virtuoso. Para o sábio, há coisas que superam o valor do dinheiro: “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Porque melhor é a sua mercadoria do que a mercadoria de prata, e a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubins; e tudo o que podes desejar não se pode comparar a ela” (Pv 3.13-15). A sabedoria, como bem espiritual, em muito supera o dinheiro, pois para o sábio, a riqueza do verdadeiro saber não se compara com a mais bela e cobiçada joia. É incomparável o seu valor (Pv 8.11). Diz ainda Salomão: “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro” (Pv 22.1). [Comentário:  Uma sociedade materialista exige que estejamos sempre prontos a adquirir mais. “Dá-me o pão que me for necessário” é um grito de alento do coração. Reconhecer que podemos confiar que Deus nos dará a nossa porção diária e que ela será suficiente é um alívio (Mt 6.8). O homem natural não ancora sua confiança em Deus, mas tão somente naquilo que ele pode amealhar. O crente por sua vez, sabe que Deus é Provedor e que não deixará lhe faltar nada. Assim, há espaço para buscarmos o que é virtuoso - a sabedoria que traz verdadeira felicidade (Pv 3.13-15). Felicidade essa que ultrapassa o valor de joias ou de qualquer outro bem. A sabedoria traz consigo vida longa, reputação, felicidade e as bênçãos advindas da obediência. A sabedoria é um atributo de Deus, o que é diferente de sabedoria como entendimento e como escolha de decisões corretas. A sabedoria convida a todos os homens a escolherem o seu caminho de vida, ela disponível a todos, mas é adquirida apenas por aqueles que a amam e que a procuram (Pv 8.17, 21)].

SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Uma vida financeiramente equilibrada se caracteriza quando o muito não se torna excesso nem o pouco, escassez

CONCLUSÃO

A presente lição mostrou que, embora o dinheiro seja algo essencial à vida, não é o mais importante. Há outros valores mais importantes do que ele. É necessário, portanto, buscarmos um viver equilibrado como resultado da obediência aos princípios da Palavra de Deus. Em Cristo, o centro de toda revelação bíblica, temos toda a suficiência de que precisamos. Aleluia![Comentário:  Quanto mais ganhos materiais, mais a pessoa se encontra cercada por coisas que a esvaziam. O homem não pode levar nada consigo quando partir desta vida. Desta forma, todo o seu trabalho é inútil. Deus deu ao homem suas bênçãos de forma material, e é dever do homem gozar destas bênçãos e estar contente com elas em moderação. A expressão “bens” representa propriamente as coisas materiais que nos servem para a satisfação de nossas necessidades e a Bíblia Sagrada faz questão de nos mostrar que elas são dádivas de Deus para nós. Para os israelitas, Deus prometia “abundância de bens” na Terra Prometida se houvesse fidelidade a Ele e à Sua lei (Dt 28.11). A rainha de Sabá entendeu que Salomão tinha abundância de bens e que lhe havia sido dada pelo próprio Deus (1Rs 10.7,10). Neemias, também, reconheceu que Deus cumpriu a Sua promessa ao povo de Israel, dando-lhes abundância de bens, embora tal atitude não tenha sido correspondida pelo povo (Ne 9.35). O próprio Satanás reconheceu que foi Deus quem deu os bens a Jó (Jó 1.10). Isto posto, prova-se que Deus é o dono de todas as coisas e dá a quem quer, quando quer e como quer. No entanto, e aqui reside o grande perigo, o homem, no pecado, entende que pode viver sem Deus e, por isso, acaba por achar que tudo quanto possui é fruto de seu próprio esforço, é resultado de suas próprias forças e, diante dos bens terrenos, esquece-se d’Aquele que é a fonte de tudo quanto foi adquirido, esquece-se do Deus que dá aos homens todos os bens terrenos. É neste ponto, quando há a desconsideração de que Deus é o dono de tudo e que é o principal responsável por aquilo que adquirimos por força do nosso trabalho que surge o “materialismo”, que é a redução de tudo ao “material”, que é a exclusão de Deus de nossas mentes, de nossa apreciação da realidade. Por intermédio de uma vida imediatista, muitos crentes arrazoados num entendimento materialista, em momentos de perdas significativas, têm dificuldades de confiar em Deus. Tenhamos uma visão Cristocêntrica acerca do dinheiro e sua administração!].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

sábado, 19 de outubro de 2013

Lição 3: Trabalho e Prosperidade




Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2013 - CPAD - Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
Elaboração e pesquisa para a Escola Dominical da Igreja de Cristo no Brasil, Campina Grande-PB; Postagem no Blog AUXÍLIO AO MESTRE: Francisco A Barbosa.

Lição 3: Trabalho e Prosperidade
20 de outubro de 2013
Trimestre comemorativo ao quarto ano do Blog Auxílio ao Mestre

TEXTO ÁUREO
“A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores” (Pv 10.22). Deus é a fonte de todo bem. Dele procede toda a boa dádiva. É Deus quem fortalece as nossas mãos para adquirirmos riqueza. Sua riqueza não é fruto da desonestidade, do roubo ou da corrupção. A riqueza que Deus dá é fruto da bênção que vem do céu e do trabalho honrado feito na terra. Somente este tipo de riqueza não traz de carona o desgosto nem tira o sono, por que sua fonte é limpa, sua natureza é santa, seu propósito é sublime!

VERDADE PRÁTICA
A Bíblia condena a inércia e a preguiça, pois é através do trabalho e da bênção de Deus que prosperamos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios 3.9,10; 22.13; 24.30-34.
Provérbios 3
9 - Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda;
10 - e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão de mosto os teus lagares.
Provérbios 22
13 - Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas.
Provérbios 24
30 - Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento;
31 - e eis que toda estava cheia de cardos, e a sua superfície, coberta de urtigas, e a sua parede de pedra estava derribada.
32 - O que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução.
33 - Um pouco de sono, adormecendo um pouco, encruzando as mãos outro pouco, para estar deitado,
34 - assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
•          Compreender as quatro metáforas da lição (do celeiro e do lagar, da formiga, do leão e do espinheiro).
•          Reconhecer a importância e o valor do trabalho.
•          Saber que a prosperidade é fruto da bênção de Deus, mas de muito trabalho também.

PALAVRA-CHAVE
Trabalho: Conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim.
COMENTÁRIO

introdução
Nas lições anteriores, aprendemos que um provérbio bíblico utiliza a linguagem metafórica para expressar o seu real significado. De fato a palavra hebraica machal traduzida em nossas Bíblias como provérbio, possui um leque de significados: parábola, comparação, alegoria, fábula, provérbio, dito enigmático, símbolo, argumentação ou apologia. Tais recursos linguísticos permeiam todo o livro dos Provérbios. Na lição de hoje, veremos algumas das metáforas usadas pelos sábios para tratar da natureza do trabalho e sua importância. Elas revelam que o labor é uma condição necessária à expressão humana. Ao observarmos o campo, a imagem de um animal ou mesmo a atividade dos insetos, aprenderemos acerca da grandeza do trabalho. Era dessa forma que os sábios da antiguidade ensinavam, pois quando se entende tais metáforas, compreende-se melhor a natureza do trabalho. [Comentário:  O livro de Provérbios é o mais típico da literatura sapiencial de Israel. O ensinamento de Provérbios foi, sem dúvida, superado pelo de Cristo, Sabedoria de Deus, mas certas máximas anunciam já a moral do Evangelho. No livro de Provérbios, a sabedoria tem sua origem em Deus. Os ditados e instruções da obra têm um principal objetivo: revelar prudência aos incautos; conhecimento e bom senso aos jovens, assim como aumentar a inteligência dos sábios (1.4,5). A escrita e o estilo poético-sapiencial dos provérbios já eram bem apreciadas pelos povos do oriente próximo - cananitas, hititas, especialmente na Mesopotâmia e no Egito, desde o segundo milênio a.C. Provérbios, mashal; Strong 04912: Provérbio, parábola, aforismo, adágio; uma símile ou alegoria; uma lição com finalidade ou ilustração. Este substantivo vem do verbo mashal, “comparar, ser semelhante”. Com base no livro de Provérbios, Tem-se a impressão de que um provérbio é uma frase curta que contém uma verdade. Mas há evidencia no Antigo Testamento que mostram que o provérbio tem usos mais amplos. O longo discurso de Balaão recebe o nome de mashal (Nm 23.7-24.24). Em outras referencias, mashal indica um escárnio, um adágio, ou uma ilustração. E ainda em outras referencias indica uma pessoa ou uma nação da qual Deus faz um exemplo. Comparar 1Rs 9.7 com Sl 69.11. Nesta lição, veremos algumas das metáforas usadas pelos sábios para tratar da natureza do trabalho e sua importância]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. A METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR (Pv 3.9,10)
1. A dádiva que faz prosperar. Em Provérbios 3.9,10, está escrito que devemos honrar ao Senhor com nossas posses e com o melhor de nossa renda. Tal atitude, segundo o sábio, fará com que os nossos “celeiros” se encham abundantemente e que trasbordem de mosto os nossos “lagares”. O celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que representam uma vida abundante! O celeiro, tradução do hebraico asam, é o lugar onde se deposita a produção de grãos. Quando transbordava era sinal de casa farta! Vemos isso nas bênçãos decorrentes da obediência (Dt 28.8). Mas o conselho do sábio mostra que isso só é possível quando há generosidade em fazermos a vontade de Deus. [Comentário:  Ao falarmos em prosperidade, logo vem à mente “finanças”. Impressiona ver como a Bíblia é cuidadosa no ensino sobre o dinheiro. Muitas são as histórias que têm como pano de fundo o bom ou o mau uso do dinheiro. Talvez a mais famosa destas é a do próprio Cristo que foi traído por um de seus discípulos por apenas 30 moedas de prata. Ainda que não houvesse dinheiro envolvido na transação, Esaú vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó por um suculento prato de lentilhas. Uma pobre viúva foi elogiada por Jesus por causa do seu desprendimento em ofertar as únicas duas moedas que possuía. O cristão não é obrigado a dar o dízimo, nem por medo do “devorador” (Malaquias 3.11) ou de ser amaldiçoado, porque o dízimo é um mandamento da lei judaica, além disso, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo e Ele já nos abençoou com todas as bênçãos nas regiões celestiais (Romanos 8.1; Efésios 1.3). Nem rouba a Deus o cristão que não dá o dízimo... não temos o dever de chamar de ladrão a quem Jesus libertou, se ele contribui com 0% ou 100% é uma atitude pessoal, ele é livre para decidir. Jesus condenou a atitude dos judeus escribas e fariseus que dizimavam até o cominho e não ofertavam o seu amor ao próximo. (Mateus 23.23), infelizmente, muitos cristãos têm repetido esta mesma atitude. Por outro lado, se o cristão deixa de contribuir ou diminui esta contribuição, por que descobre que não é obrigado, está agindo de má fé para com Deus, como fez Ananias e Safira, ele deve contribuir sim e feliz porque sabe que pode fazê-lo por amor a Deus e não por imposição de homens, e segundo o que propuser em seu coração. Toda a contribuição para a Igreja era feita unicamente através de ofertas e partilha de bens. Nós, cristãos, devemos ter o cuidado de não ficarmos como passarinho no ninho: obrigados a engolir o que colocam na nossa boca. Devemos compreender a diferença entre contribuir em LEI e o contribuir em GRAÇA, para não ficarmos debaixo de maldição, e obrigados a guardar toda a lei, se escolhermos seguir um mandamento dela, como disse o apóstolo Paulo em Gálatas 5.3,4, pois quem cumpre um mandamento da lei é obrigado a guardar toda a lei. Somos servos do Senhor Jesus, não escravos de homens (1Coríntios 7.23; Gálatas 5.1) e foi para a liberdade que Ele nos chamou.].
2. A bênção que enriquece. No mesmo texto, Salomão fala dos bens e da renda adquiridos como fruto do trabalho. Mas a verdadeira prosperidade não vem apenas de nosso esforço, mas principalmente do resultado direto da bênção do Senhor. É exatamente isso o que diz o sábio em Provérbios 10.22. O celeiro e o lagar somente se encherão e trasbordarão quando a bênção de Deus estiver neles. É a bênção divina que faz a distinção entre ter posses e ser verdadeiramente próspero, pois é possível ser rico, mas não ser feliz. A prosperidade integral só é possível com a presença de Deus em nossa vida. [Comentário:  Dentro do contexto do Antigo Testamento, esse texto apontaria para as riquezas materiais, um resultado da sabedoria de Salomão (1Rs 4.22-28; 10.4-13). A riqueza não é um alvo da sabedoria, mas, com frequência, é uma recompensa (10.2). Na Graça, o Sacrifício de Cristo é a causa principal da bênção do crente. Paulo, em Efésios 1.3 nos afirma que Deus nos abençoou “em Cristo”, por este motivo, a maneira correta do crente contribuir em Graça é no uso de 2º Coríntios 9.7, porque abençoados já somos.].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
O celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que representam uma vida abundante.

II. A METÁFORA DA FORMIGA (Pv 6.6-11)
1. As formigas sabem poupar. Na metáfora da formiga, o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente diante da realidade da vida: “Vai ter com a formiga”. A palavra hebraica usada aqui é yalak, e possui o sentido de “mover-se”, tomar uma atitude na vida (Pv 6.6)! Até os insetos podem nos dar lições sobre o trabalho! Mas não é apenas isso que aprendemos com as formigas. Ainda em Provérbios, o sábio Agur invoca o exemplo desses pequenos insetos (Pv 30.25). As formigas possuem uma noção sofisticada de trabalho — “no verão [elas] preparam a sua comida”. Isto é, as formigas sabem poupar! Elas não apenas trabalham, mas também poupam. O cristão deve aprender igualmente a poupar recursos para eventualidades futuras.[Comentário:  A diligencia da formiga dá a aparência de uma atividade prudente. Este versículo é uma lição objetiva baseada na diligencia da formiga. A suposição subjacente é não somente que o universo é ordeiro, mas também que há pontos de analogia até entre o humilde mundo dos insetos e os seres humanos. O instinto trabalhador, organizado e objetivo do inseto envergonha o ser humano preguiçoso, com isso, o sábio condena a passividade do preguiçoso, a falta de iniciativa e a falta de disciplina.].
2. As formigas sabem ser autônomas. O texto de Provérbios diz que a formiga, mesmo “não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento” (Pv 6.7,8). As formigas também são responsáveis e trabalham sem serem vigiadas. O erudito Derek Kidner observa o contraste entre elas e o preguiçoso, quando informa que a formiga não precisa de fiscal, enquanto o preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo. A formiga discerne os tempos, o preguiçoso não! [Comentário: O termo preguiçoso sugere uma pessoa ociosa cuja inatividade expressa uma atitude de insensatez (Pv 10.26; 13.4; 15.19; 19.24; 20.4; 26.16).].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
Na metáfora da formiga o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente diante da realidade da vida: trabalhar.

III. A METÁFORA DO LEÃO (Pv 22.13; 26.13)
1. Conhecendo o leão. A metáfora do leão se encontra em duas passagens do livro de Provérbios (22.13 e 26.13). Há uma pequena variante nesses provérbios, mas o sentido é o mesmo — o preguiçoso sempre arranja uma desculpa para fugir do trabalho! Ora o leão está “lá fora”, ora está “no caminho” e ora está “nas ruas!”. O leão é o mais forte dos animais, e a sua presença causa medo. O fato de o preguiçoso ver o trabalho como um leão significa que ele o encara como uma realidade difícil de ser enfrentada. Tem medo do trabalho, assim como tem medo do leão! É desnecessário dizer que essa é uma visão completamente equivocada do labor.[Comentário:  O leão, na Bíblia, é símbolo de majestade, realeza, coragem, atrevimento, de boas e más pessoas (Ap 5.5; 1 Pe 5.8; Jz 14.18; 1Sm 1.23; Gn 49.9; Nm 24.9; 2Sm 17.10; Pv 28.1; Os 5.14; 13.8. Com humor e ironia, o provérbio zomba das desculpas do preguiçoso a fim de evitar o trabalho. Uma das consequências da queda do homem foi a sentença “com dor comerás”, indicando dificuldades do homem no seu papel fundamental como trabalhador e sustentador; O trabalho, a partir de então, teria dificuldades e futilidades (espinhos e cardos... no suor do teu rosto). Esta batalha que dura toda a vida só findará com a morte. Esta maldição foi implantada quando o Senhor expulsou Adão e Eva do Gan Eden, o lugar da comunhão singular com o Senhor Deus. Desde então, o trabalho passou a ser encarado como uma realidade difícil de ser enfrentada.].
2. Matando o leão. Há alguns provérbios populares que expressam um sentido semelhante aos provérbios estudados acima. Por exemplo: “a vida é dura para quem é mole”; “matando um leão por dia”. Tais ditos populares revelam que a vida pode ser difícil, dura, mas tem de ser enfrentada. Não adianta ficar com medo do leão! O pastor Matthew Henry observa que esse “leão” é fruto da imaginação do preguiçoso e só serve para reforçar a sua inércia. Se há um leão lá fora, é o leão do qual falou o apóstolo Pedro, e ele está rugindo em busca de quem possa devorar (1Pe 5.8). O preguiçoso será a sua principal presa! [Comentário:  Devido à queda, e à dura realidade do trabalho árduo, somente “A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores” (Pv 10.22). O justo agora sabe que Deus é a fonte de todo bem. O justo floresce como a palmeira e não teme os espinhos e cardos, aliás, ele é como a “arvore plantada junto à corrente das águas, que nunca murcha e no devido tempo dá o seu fruto”. Quem é esse justo? É aquele a quem foi imputada a justiça divina, aquele que crê em Cristo e foi revestido de sua justiça. O justo é abençoado não porque corre atrás da bênção, mas porque é conhecido e amado pela abençoador. É dele que procede toda a boa dádiva e de quem procede a força para “matarmos o leão” e enfrentarmos os revezes da vida.].

SINOPSE DO TÓPICO (III)
A metáfora do leão torna-se fruto da imaginação do homem, quando este busca um álibi para reforçar a sua inércia.

IV. O TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS (Pv 24.30-34)
1. Trabalho, prosperidade e espiritualidade! Já vimos que o trabalho possui também uma dimensão espiritual (Pv 3.9). Isso vai de encontro àquilo que pensa o senso comum acerca do trabalho. A ideia que ficou associada ao trabalho é a de que ele é algo meramente material e totalmente destituído de valor espiritual. Mas não é assim que pensa o sábio (Pv 24.30). Quando ele viu o campo do preguiçoso totalmente abandonado, cheio de espinheiros, a primeira sensação que teve foi de um “homem falto de entendimento”. É interessante observarmos que, no hebraico, essa expressão vem carregada de valores espirituais. A palavra hebraica usada para “entendimento” é leb, significando coração, entendimento e mente. A ideia é mostrar o que há no interior do homem — a espiritualidade. Andrew Bowling, especialista em hebraico bíblico, destaca que esse vocábulo é usado para indicar as funções imateriais da personalidade humana. Portanto, o trabalho é algo extremamente espiritual. Ninguém será menos crente porque trabalha, aliás, a verdade é justamente o contrário (Ef 4.28; 2Ts 3.10)! [Comentário:  Strong 03820: לב (leb); uma forma de לבב (lebab), “ser interior”, “mente”, “vontade”, “coração”, “inteligência”. Encontra correspondência no aramaico. Provérbios 24.31 traça um paralelo com Gênesis 3.18 quando aponta o campo do preguiçoso cheio de cardos e a sua superfície coberta de urtigas. A observação de um fazendeiro preguiçoso intensifica a tragédia da ociosidade. Vejo a espiritualidade atrelada ao trabalho do homem sábio, do justo, aquele que espera apenas no Seu Provedor.
2. Trabalho, ócio e lazer! A análise do sábio sobre a inércia do preguiçoso, que favoreceu o nascimento de espinheiros dentro da plantação, é uma forma de ironizar o ócio dele (Pv 24.33,34). Não dá para prosperar mantendo-se de braços cruzados, e muito menos ficando eternamente em repouso! É preciso se mexer. Todavia, esse é apenas um aspecto da questão, pois quem trabalha precisa de descanso e também de lazer! Deus criou o princípio do descanso semanal (Gn 2.2). Precisamos, inclusive, de tempo livre para estarmos a sós com Deus e com a nossa família.[Comentário:  Não vejo a possibilidade de ironia sobre o ócio do preguiçoso em Pv 24.33,34, pelo contrário, vejo o sábio apontando o resultado daquele “falto de entendimento” que optou pelo ócio em vez do trabalho árduo. A terra produz cardos e espinhos para aqueles que confiam no braço da carne e não no Senhor. Certamente, o lazer acompanha aqueles que se debruçam sobre o trabalho, inclusive, um dia dedicado ao Senhor também é um lazer, pois é prazeroso honrar aquele que provê tudo para os seus. ].

CONCLUSÃO

O trabalho dignifica o homem e é por isso que devemos levá-lo a sério. Trabalhando, alcançaremos a verdadeira e bíblica prosperidade. Essa recomendação é válida também para os obreiros, pois se não tiverem cuidado, acabarão por mergulhar numa inércia pecaminosa. Não devemos, todavia, nos fazer escravos do trabalho. Devemos estar disponíveis também a cultuar a Deus, cuidar de nossa família e, com ela, recrear-nos. Enfim, se nos dedicarmos ao trabalho, conforme recomenda-nos a Bíblia, teremos uma vida digna e tranquila na presença de Deus. [Comentário:  Também na obra de Deus a preguiça causa muitos males. A igreja de um pastor preguiçoso estaciona. A vida do crente que, por preguiça, não ora, não lê a Palavra de Deus, é sem frutos. Paulo, o maior dos apóstolos, afirma: “Mas pela graça de Deus sou o que sou, e sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles”(1Co 15.10). Jesus muitas vezes chamou seus discípulos a trabalhar. Essa ordem chega até nós. Trabalhemos, pois, lançando fora a preguiça!].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco de Assis Barbosa

sábado, 12 de outubro de 2013

Lição 2: Advertências Contra o Adultério




Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2013 - CPAD - Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
Elaboração e pesquisa para a Escola Dominical da Igreja de Cristo no Brasil, Campina Grande-PB; Postagem no Blog AUXÍLIO AO MESTRE: Francisco A Barbosa.

Lição 2: Advertências Contra o Adultério
13 de outubro de 2013
Trimestre comemorativo ao quarto ano do Blog Auxílio ao Mestre

TEXTO ÁUREO
“Bebe a água da tua cisterna e das correntes do teu poço. [...] Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade” (Pv 5.15,18).

VERDADE PRÁTICA
A melhor prevenção contra o adultério é temer ao Senhor e estreitar os laços do amor conjugal.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios 5.1-6
1 - Filho meu, atende à minha sabedoria: à minha razão inclina o teu ouvido;
2 - para que conserves os meus avisos, e os teus lábios guardem o conhecimento.
3 - Porque os lábios da mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite;
4 - mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois fios.
5 - Os seus pés descem à morte; os seus passos firmam-se no inferno.
6 - Ela não pondera a vereda da vida; as suas carreiras são variáveis, e não as conhece.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
•          Conhecer os conselhos do sábio sobre a sexualidade humana;
•          Identificar as causas da infidelidade conjugal e suas consequências, e
•          Previnir-se da infidelidade conjugal.

PALAVRA-CHAVE
Adultério: Violação, transgressão da regra de fidelidade conjugal impostas aos cônjuges pelo contrato matrimonial.
COMENTÁRIO

introdução
O advento das mídias eletrônicas, e de forma mais específica as redes sociais, facilitou muito para a possibilidade de alguém vir a ter um “caso” extraconjugal. As estatísticas demonstram essa triste realidade. A cada dia, cresce o número de lares desfeitos e, juntamente com este fenômeno, as consequências nefastas para a sociedade. E as igrejas? Estas também têm sofrido o efeito de tais males. Apesar de a infidelidade conjugal ser uma prática pecaminosa antiga, é preciso entender que a sexualidade é algo intrínseco ao ser humano. Logo, o desejo por satisfação sexual acompanha tanto o homem como a mulher desde sempre. O problema está na forma de expressão do desejo e em como é satisfeito. Segundo o entendimento mundano, não há regras para o homem e a mulher viverem a sua sexualidade. No entanto, as Escrituras demarcam um limite bem preciso: o casamento legitimamente instituído por Deus. Aqui, encontraremos os conselhos da sabedoria bíblica para orientar-nos contra as ilusões e as artimanhas do adultério. [Comentário:  A infidelidade conjugal (adultério) na vida do cristão geralmente é resultado de uma associação de fatores, dentre os quais: acomodação com a vida espiritual (negligência na vida de oração e falta de vigilância), vida carnal, conflitos no casamento, etc. A Igreja é composta por pessoas que foram compradas por alto preço, separadas por Deus e para Deus, no entanto, composta por pessoas que ainda estão sujeitas a influencias do mundo de onde foram tiradas. Assim, a crise conjugal também tem chegado e se instalado dentro de algumas famílias cristãs, frequentadoras de templos, pessoas batizadas nas águas, supostamente conhecedoras da Bíblia Sagrada. As mídias sociais servem como ferramentas que facilitam o adultério, há sítios que trazem uma proposta inusitada: facilitar a traição conjugal. Um desses sítios o holandêsSecond Love Brasil, afirma já possuir cinquenta mil usuários cadastrados no Brasil – 70% são homens interessados em aventuras facilitadas pelos mecanismos próprios desses sítios. Outro sitio, o americano Ohhtel, é dedicado para os casais que estão cansados da rotina e incentiva os mesmos a praticarem o adultério. A sociedade atual faz chacota do matrimônio como Deus pensou para a humanidade e ao mesmo tempo, cria uma indústria de lucro com o adultério. A sociedade secular, numa concepção equivocada sobre o sexo, entronizou-o como meio condutor de salvação e transformação. Charles Colson e Nancy Pearcey observam que “o sexo é parte vital da ordem criada por Deus, compondo a sagrada aliança do casamento; nossa natureza sexual é um bom presente divino. Porém, para muitos pensadores modernos, a sexualidade tornou-se a base de uma cosmovisão inteira, a fonte de significado e cura, um meio de redenção. O sexo tem sido exaltado a ponto de nos elevar a nós mesmos para o próximo nível da evolução, criando um novo tipo de natureza humana e uma avançada civilização”, e que “a sexualidade está claramente sendo apresentada como mais do que uma mera gratificação ou deleite sensual. Não é nada menos que uma forma de redenção, um meio para curar a falha fundamental da natureza humana” (p. 294). Infelizmente, é comum confrontarmo-nos com o problema do divórcio entre membros em nossas igrejas ou recebemos questionamentos de alguns sobre este tema. É necessário termos a resposta certa, com base na Bíblia Sagrada. Respostas vazias de conteúdo bíblico não têm valor espiritual aos crentes sinceros, não trazem a solução satisfatória para um assunto tão delicado. Hoje, encontraremos os conselhos da sabedoria bíblica para orientar-nos contra as ilusões e as artimanhas do adultério]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I - CONSELHOS SOBRE A SEXUALIDADE HUMANA
1. Uma dádiva divina. Boa parte dos conselhos de Salomão diz respeito à sexualidade humana. Ele dedicou quase três capítulos do livro de Provérbios para falar sobre o sexo e seus desvios (Pv 5.1-23; 6.20-35; 7.1-27). Nesses provérbios, há dezenas de máximas que nos ensinam muito sobre como estabelecer o parâmetro de um relacionamento saudável. Quando ainda discorria sobre os perigos da infidelidade conjugal, o sábio advertiu: “Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor, e ele aplana todas as suas carreiras” (Pv 5.21). Isto é, Deus considera os caminhos do homem e a forma deste conduzir até mesmo a sua sexualidade, pois se trata de uma criação divina e como tal é uma dádiva do Criador à humanidade. Se o Senhor “aplana todas as nossas carreiras”, demonstrando cuidado pelo exercício correto da sexualidade, concluímos não ser o sexo algo mau ou maligno, mas algo honroso e nobre (Hb 13.4; 1 Pe 3.7). [Comentário:  O livro de Provérbios tem muito a dizer sobre a sexualidade. Nos Provérbios a sexualidade humana é uma dádiva divina. Uma boa parte dos conselhos de Salomão diz respeito a sexualidade humana e a sua forma correta de expressão. Assim sendo ele dedicou boa parte de três capítulos do seu livro para falar de uma forma profunda sobre o sexo e os desvios aos quais ele está sujeito (Pv 5.1-23; 6.20-35; 7.1-27; 9.13-18). Por outro lado, a sexualidade também é algo próprio do homem. Somos humanos e o sexo faz parte de nossa natureza humana e é por isso que estamos sujeitos à tentação! No céu não haverá necessidade da expressão sexual (Mt 22.30) por isso devemos buscar expressar nossa sexualidade com amor dentro dos limites estabelecidos pelo criador. O amor, que se alimenta e se exprime no encontro do homem e da mulher, é dom de Deus; é, por isso, força positiva, orientada à sua maturação enquanto pessoas; é também uma preciosa reserva para o dom de si que todos, homens e mulheres, são chamados a realizar para a sua própria realização e felicidade, num plano de vida que representa a vocação de todos. O ser humano, com efeito, é chamado ao amor como espírito encarnado, isto é, alma e corpo na unidade da pessoa. O amor humano abarca também o corpo e o corpo exprime também o amor espiritual. A sexualidade, portanto, não é qualquer coisa de puramente biológico, mas refere-se antes ao núcleo íntimo da pessoa. O uso da sexualidade como doação física tem a sua verdade e atinge o seu pleno significado quando é expressão da doação pessoal do homem e da mulher até à morte. Este amor está exposto, assim como toda a vida da pessoa, à fragilidade devida ao pecado original e ressente-se, em muitos contextos socioculturais, de condicionamentos negativos e, às vezes, desviantes e traumáticos].
2. Uma predisposição humana. Ao iniciar a sua coletânea de conselhos sobre como evitar os laços do adultério, Salomão chama a atenção do seu “filho” para que ouças os seus conselhos e aja em conformidade com estes (Pv 5.1,2). O texto hebraico de Provérbios, nesse versículo, apresenta a palavra ben traduzida em nossas Bíblias como “filho”. O mesmo termo ocorre também nas advertências contra o adultério em Provérbios 6.20 e 7.1. A palavra ben pode se referir tanto a um filho biológico quanto a um discípulo. Em todos os casos, a admoestação é dirigida a um ser humano que, como todos nós, está sujeito à tentação! Portanto, a fim de vivermos o gozo da nossa sexualidade nos parâmetros estabelecidos pelo Criador, que é o casamento, ouçamos o conselho do sábio. O sexo, portanto, foi criado por Deus para ser praticado entre um homem e uma mulher, mas somente no casamento. Antes do casamento e fora do casamento é pecado.[Comentário:  O pai-professor apela para que o filho não se desvie de suas palavras, mas se afaste do caminho da adúltera. As tentações da adúltera devem ser evitadas com a força da sabedoria, que ordena ao homem a nem se aproximar de sua casa. Aproximar-se da adúltera resulta na perda da honra (v.9) e da saúde (v. 11) e em miséria e ruína (Vs. 12-14). Há inúmeras razões porque o crente não se deve envolver com tais práticas.  Não se esquecendo que a intenção tem peso semelhante à ação perante Deus, portanto, é direta ou indiretamente uma violação a comunhão com Deus. Há uma incansável investigação por parte do inimigo, através de pessoas sem escrúpulos que levam o homem a prostituir ou adulterar interiormente.  Isso fica incubado e depois acaba dando a luz e gerando pecado, que uma vez concebido ocasiona morte.  A maioria dos meios de comunicação estão em mãos de pessoas ímpias que não se importam com a moral da família, porém querem e buscam lucros a qualquer custo. Na busca desse lucro não se intimidam em muitas vezes lançarem mão da pornografia, incitando até mesmo crianças, mas, com um “toque artístico” para que seja mascarada a verdadeira intenção].

SINOPSE DO TÓPICO (I)
A sexualidade humana é uma dádiva de Deus ao ser humano. Ela se manifesta na predisposição do indivíduo em vivê-la no parâmetro do casamento

II - AS CAUSAS DA INFIDELIDADE
1. Concupiscência. Um fato interessante salta aos olhos de quem lê os conselhos de Salomão contra a mulher adúltera em Provérbios: não há referência ao Diabo em suas advertências! O sábio não responsabiliza o anjo caído pelo fracasso moral dos homens, mas responsabiliza aquele a quem chama de “filho meu”. Somos agentes morais livres e temos a liberdade de escolher entre o bem ou o mal. Desejos bons e ruins são inerentes ao ser humano. Não os subestimemos! Por isso, o sábio aconselha: “Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas com os seus olhos” (Pv 6.25; cf. Gl 5.16). [Comentário:  Strong 08378: תאוהta’avah: significando desejo, vontade, anseios do coração de alguém; cobiça, apetite, concupiscência (no mau sentido); coisa desejada, objeto de desejo. O Talmude identifica o coração e os olhos como agentes do pecado. Permitir que sua mente se torne obsecada por pensamentos de luxúria é colocar-se, propositalmente, no caminho da tentação. O adultério pode ser considerado um tipo de suicídio. O homem ou a mulher que cai em relação adultera, seguindo a tolice ao invés da sabedoria, certamente sofrerá as consequências de seu ato. Sua alma será destruída (Pv 6.32; 7). Coração é um termo que abrange mente, emoções e vontade. A decisão é tomada no íntimo e externada por atos (Lc 6.43-45). A liberdade pode se transformar em libertinagem, mas o Espírito Santo nos permite dominar a concupiscência da carne quando nos submetemos continuamente ao seu poder e controle.].
2. Carências. Em Provérbios 5.15-17, o sábio lança mão de algumas metáforas para aconselhar como deve ser a vida íntima do casal. A frase “bebe a água da tua própria cisterna” mostra que o sexo não deve ser praticado apenas como um dever de um cônjuge para com o outro (1 Co 7.3), mas como algo prazeroso, assim como o é beber água! Se esse princípio não for observado, um dos cônjuges ficará com a sensação de que lhe falta alguma coisa! Desgraçadamente, muitos vão saciar-se noutra fonte (Pv 7.18), daí o desastre em muitas famílias. [Comentário:  Quanto a manter a pureza sexual, a mulher, igualmente como o homem, tem responsabilidade. A mulher cristã deve tomar cuidado para não se vestir de modo a atrair a atenção para o seu corpo e deste modo originar tentação no homem e instigar a concupiscência. Vestir-se com imodéstia é pecado (1Tm 2.9; 1Pe 3.2,3). É traçado um belo paralelo entre matar a sede com água limpa e fresca e a satisfação da sede sexual do casal com a intimidade sexual regular e estimulante no casamento. “Alegra-te com a mulher da tua mocidade” indica que o relacionamento sexual deve proporcionar grande prazer aos parceiros. A esposa é descrita como terna, atraente, amorosa e satisfatória. O ponto de vista de Deus quanto ao relacionamento sexual no casamento é o de uma parceira amorosa, inebriante, erótica e estimulante. Esse relacionamento é o meio mais eficiente de se prevenir contra a infidelidade].

SINOPSE DO TÓPICO (II)
A concupiscência e as carências não supridas na vida do ser humano são algumas das muitas causas da infidelidade conjugal

III - AS CONSEQUÊNCIAS DA INFIDELIDADE
1. Perda da comunhão familiar. Uma das primeiras consequências da infidelidade conjugal é a desonra da família. O sábio avisa que o “seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois fios” (Pv 5.4). Esse fim amargo respingará nas famílias envolvidas (Pv 6.33). O sentimento de vingança estará presente na consciência do cônjuge traído (Pv 6.34). Se pensássemos na mancha que a infidelidade conjugal produz teríamos mais cuidado quando lidássemos com o sexo oposto. A pergunta inevitável é: "Deus perdoa quem cometeu tal ato?” Não há dúvida que perdoa. Mas apesar do perdão divino, as consequências ficam (Pv 5.9-14). [Comentário: Em Provérbios, muitas passagens mostram a preocupação de seu autor para com a manutenção da fidelidade conjugal e dos princípios divinos estatuídos por Deus para a vida familiar, porquanto é a família o lugar primeiro onde devemos demonstrar nossa comunhão com Deus e a base de toda a convivência social do ser humano sobre a face da Terra. A mesma fidelidade que se exige no relacionamento entre Deus e o ser humano (Gn 2.16,17; 9.2-7; Ex 5.5-8; Dt 28; Mc 16.16) é igualmente necessária no relacionamento entre marido e mulher, vez que estão em comunhão de vida, devendo, assim, refletir no seu relacionamento a mesma unidade que se requer entre Deus e o homem (Jo 17.21)].
2. Perda da comunhão com Deus. É trágico quando alguém perde a comunhão familiar por conta de um relacionamento extraconjugal. Todavia, mais trágico ainda é perder a comunhão com Deus. Salomão sabia desse fato e por isso advertiu: “Mas não sabem que ali estão os mortos, que os seus convidados estão nas profundezas do inferno” (Pv 9.18). A palavra hebraica usada aqui para inferno é sheol, e esta designa o mundo dos mortos. De fato a expressão “ali estão os mortos”, no hebraico, significa: espíritos dos mortos ou região das sombras. O Novo Testamento alerta que os adúlteros ficarão de fora do Reino de Deus (1 Co 6.10). O que tudo isso quer dizer? Que essa é a consequência de quem cometeu esse pecado, mas não se arrependeu! Por isso, não flerte com a (o) adúltera (o). Seu caminho pode até parecer prazeroso, mas inevitavelmente o levará à morte (Pv 9.17,18). [Comentário:  Esta primeira parte dos Provérbios, a mais recente em sua redação, sempre adverte contra o adultério (2,16-19; 5,2-23; 6-24-7,27). O adultério aí é igualado (2,17) à ruptura da aliança com Deus (cf. também 5,15+); conduz ao Sheol (2.18;5.5-6; 7.26-27) - (Sheol, terra sem retorno, mundo (subterrâneo). Atony Hoekema citando George Eldon Ladd, sugere que o “Sheol é a maneira veterotestamentária de afirmar que a morte não acaba com a existência humana”. Na versão King James a palavra hebraica Sheol é traduzida diversamente como sepultura (31 vezes), inferno (31 vezes) ou cova (31 vezes). Porém, tanto na Versão American Standard como na Versão Revised Standard, Sheol não foi traduzida.). Nesses textos, somente uma vez se faz alusão à prostituição, que os antigos provérbios igualam ao adultério (cf. 23.27; 29.3; 31.3), com a advertência comum de que corrompe os reis e enfraquece os guerreiros.” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, nota a, p.1024). O adultério é a demonstração de uma vida descompromissada com o Senhor, pois somente quem quebra a sua aliança com Deus é capaz de, também, quebrar a sua aliança com o seu cônjuge. O crente que cometer adultério, sofrerá aflição e desonra; além disso, seu opróbrio nunca desaparecerá. O adultério é um pecado grave e hediondo contra DEUS (2 Sm 12.9,10) e contra o cônjuge inocente que foi enganado; a vergonha e a infâmia daquele pecado permanecem com a parte culpada pela vida inteira. Embora a culpa do adultério possa ser perdoada mediante o arrependimento, seu opróbrio permanecerá e suas cicatrizes nunca serão totalmente removidas. Não é possível remediar completamente o dano feito (ver 2 Sm 12.10; 13.13,22; 1 Rs 15.5; Ne 13.26; Mt 1.6).  Por causa das consequências terríveis e a longo prazo que o adultério acarreta a todos que o praticam, devemos fugir de toda tentação e evitar qualquer relacionamento que possa levar a esse pecado. Devemos orar para que o Senhor nos livre dessa tentação (Mt 6.13) e lembrar-nos com sensatez, ao sermos tentados, das palavras das Escrituras: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia" (1Co 10.2)].

SINOPSE DO TÓPICO (III)
Além de perder a comunhão da família, o cônjuge adúltero quebra a sua comunhão com Deus.

IV - CONSELHOS DE COMO SE PREVENIR CONTRA A INFIDELIDADE
1. Sexo com intimidade. A intimidade sexual (ou a falta dela) é um dos fatores que influenciam a vida conjugal. Há casais na igreja que tem relações sexuais com relativa frequência, mas sem intimidade! Há sexo na relação, mas não há amor nem intimidade! Observe o conselho de Salomão: “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, como cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente. E por que, filho meu, andarias atraído pela estranha e abraçarias o seio da estrangeira?” (Pv 5.18-20). Há maridos que não demonstram o mínimo afeto à esposa e o oposto também é verdadeiro. Mas Deus criou o sexo para ser desfrutado com afeto, amor e intimidade. Do contrário, o relacionamento sexual não atenderá aos propósitos divinos e nem às expectativas do cônjuge. [Comentário: Esposas – sejam submissas. Esposos – Amem suas esposas. A falta de assistência de um dos cônjuges quando o outro está ferido pode ocasionar o adultério, por isso os cônjuges devem sempre estar dialogando um com o outro e procurando solução para os problemas que surgirem.
Os problemas conjugais devem ser tratados entre os cônjuges e só podem ser levados a outrem que seja de extrema confiança dos dois – no caso, o melhor é procurar ajuda do pastor e sua esposa. São funestas as consequências de um adultério, mas sempre o perdão deve estar à frente de qualquer outra atitude. O homem não é dono de seu corpo e nem a mulher de seu, portanto não podem ficar muito tempo sem o ato sexual. Muitos adultérios acontecem por falta de sexo entre os cônjuges. Existem maridos que passam até meses fora de casa em viagem de negócios ou outros afazeres. Muitos maridos passam anos dormindo no sofá, embora morando dentro da mesma casa que seu cônjuge (1Co 7.5). Casados devem tomar cuidado com elogios alheios (Pv 2.16,17 Pv 5.3; 6.24; 7.5, 21,23). Antes de viajar o cônjuge deve procurar por relacionamento sexual com seu cônjuge para que não sejam demasiadamente tentados (Pv 7.10-12); O amor entre os cônjuges deve ser mantido sempre aceso (Fp 1.9)].
2. Apego à Palavra de Deus e à disciplina. Como antídoto e forma de prevenção contra a infidelidade, Salomão aconselha o apego à Palavra de Deus e à disciplina. Para não cairmos na cilada da infidelidade conjugal, devemos guardar a instrução do Senhor, guardando-a em nosso coração. A Palavra do Senhor é luz que ilumina a nossa vida (Pv 6.20-24). O homem e a mulher só estarão livres do perigo da infidelidade conjugal quando a Palavra estiver impregnada em suas mentes e corações. Para isto, o crente deve meditar nela dia e noite. Por isso, seja disciplinado. [Comentário: Infidelidade conjugal, biblicamente falando, é o ato sexual entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge. Na bíblia é geralmente denominado Adultério (heb Naaph; Gr moichos; moicheia: Jr 2.33; 7.9; 23.14; 29.23; Os 4.2; Ml 3.5; Lc 18.11; I Co 6.9; Hb 13.4). Moicheia é o termo usado para pecado físico do adultério (Mt 15.19; Mc 7.21; Jo 8.3; Gl 5.19). Adultério é palavra portuguesa derivada do latim adulterium se referindo ao dormir em cama alheia: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros DEUS os julgará” (Hb 13.4)].

SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Um conselho importante para prevenir-se contra a infidelidade conjugal é apegar-se a Palavra de Deus, à disciplina e relacionar-se intimamente com o cônjuge.


CONCLUSÃO

A fidelidade conjugal é o que Deus idealizou aos seus filhos. Sabemos que a tentação é uma realidade, que vem acompanhada da natureza adâmica que herdamos, e ambas pressionam-nos a desprezar o santo ideal da fidelidade. Todavia, o Senhor deixou-nos a sua Palavra com dezenas de conselhos, a fim de prevenir-nos quanto ao abismo chamado adultério. [Comentário:  A imoralidade e a impureza sexual não somente incluem o ato sexual ilícito, mas também qualquer prática sexual com outra pessoa que não seja seu cônjuge. DEUS proíbe, explicitamente, “descobrir a nudez” ou “ver a nudez” de qualquer pessoa a não ser entre marido e mulher legalmente casados (Lv 18.6-30; 20.11,17, 19-21; ver 18.6). Depois do casamento, a vida íntima deve limitar-se ao cônjuge. A Bíblia cita a temperança como um aspecto do fruto do ESPÍRITO, no crente, isto é, a conduta positiva e pura, contrastando com tudo que representa prazer sexual imoral como libidinagem, fornicação, adultério e impureza. Nossa dedicação à vontade de DEUS, pela fé, abre o caminho para recebermos a bênção do domínio próprio: “temperança” (Gl 5.22-24). O crente pode cometer qualquer pecado que o homem conhece, mas se é realmente "nascido de novo", não poderá evitar o sentimento de culpa que lhe sobrevém da parte do ESPÍRITO SANTO (Jo 16.7-11). Por essa razão, Paulo desafia os cristãos a que andem segundo o ESPÍRITO e não segundo a carne (Gl 5.16-21). Se um crente abriga pensamentos impuros no coração durante algum tempo, fatalmente virá a praticar a ação. Foi por isso que CRISTO colocou em pé de igualdade os pensamentos impuros e o adultério (Mt 5.28). Nestes nossos dias de tanta tentação no plano sexual, é imprescindível que guardemos nossa mente.].
NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),

Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco de Assis Barbosa